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Concurso de cartas
Resposta da ministra Marina Silva à carta ganhadora do concurso promovido pelo Pulitzer Center
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, responde à carta da estudante brasileira de 15 anos Juliana Zatarim.
O texto escrito por Juliana foi selecionado como um dos ganhadores do concurso "Cartas por Nossas Florestas e Oceanos 2024", promovido pela organização Pulitzer Center.
Prezada Juliana,
Primeiro, gostaria de parabenizá-la pela premiação no concurso do Pulitzer Center. Foi um enorme prazer saber do seu interesse e preocupação com nosso meio ambiente.
Acima de tudo, desejo que sua carta seja lida não apenas por mim, como ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, mas por todas as autoridades brasileiras e internacionais, empresários e todas as pessoas que se preocupam com nosso bem maior: a vida. Sua carta é uma lembrança necessária dos riscos que enfrentamos no presente e que comprometem o nosso futuro.
A conservação dos manguezais é de suma importância para o país, razão pela qual elegemos esse tema como prioritário na atual gestão do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). Sob a responsabilidade do Departamento de Oceano e Gestão Costeira, criado no atual governo, estamos trabalhando para que haja o reconhecimento do papel dos manguezais na proteção da zona costeira, inclusive nas cidades costeiras, frente às mudanças climáticas. Sabemos que o ecossistema é fundamental não apenas para a sustentação da biodiversidade costeira e marinha, mas também para milhares de brasileiros e brasileiras.
Os manguezais são atualmente bastante pressionados pela ocupação indevida da zona costeira e cabe ao governo, junto à sociedade, zelar para que essa região permaneça protegida.
Como resultado do esforço empreendido pelo governo federal, foi instituído, em 5 de junho de 2024, o Programa Nacional de Conservação e Uso Sustentável dos Manguezais do Brasil, o ProManguezal. Em outubro, lançamos o Plano de Ação do ProManguezal, composto por 89 ações e sete metas que vão ao encontro da sua preocupação pela saúde dos manguezais.
Sabemos da necessidade de captar recursos para a proteção dos manguezais. Nesse sentido, compartilhamos a informação de que o MMA foi contemplado pelo PROBLUE, uma iniciativa do Banco Mundial para a conservação dos manguezais da região Norte do país. Serão investidos US$ 550 mil para ações no Sítio Ramsar “Estuário do Amazonas e seus Manguezais”, contemplando aspectos climáticos na governança dos manguezais e a construção de capacidades para sua restauração, além do fortalecimento da cadeia produtiva e do uso sustentável dos manguezais com foco em gênero.
Como você bem disse, a noção de que vivemos em um único planeta, onde tudo está interligado, é crucial para uma nova postura diante da natureza e no uso dos recursos de que dependemos para nossa sobrevivência.
Esperamos que esse prêmio recebido seja apenas o início de uma caminhada em que você dê passos cada vez maiores na defesa do meio ambiente e na luta pela justiça climática!
Um abraço fraterno,
Marina Silva
Leia a seguir a carta de Juliana Zatarim (tradução livre para o português da versão original em espanhol):
Excelentíssima ministra do Meio Ambiente, Marina Silva,
Escrevo esta carta para expressar minha grande preocupação com a ameaça que as mudanças climáticas exercem sobre os manguezais amazônicos.
O texto “Os manguezais amazônicos mais extensos do mundo estão ameaçados pelas mudanças climáticas”, de Ana Botallo Tayguara Ribeiro, é compreensível para mim porque, infelizmente, afeta diretamente a profissão do meu pai, que trabalha na área da Agronomia grande influência, especialmente em nossa região, onde chove pouco e o clima está cada vez mais seco, prejudicando as plantações e tornando o solo infértil.
Sabe-se que os manguezais armazenam uma grande quantidade de carbono e contribuem significativamente para os esforços de combate às mudanças climáticas. Essas mudanças, juntamente com o aumento do nível do mar e das temperaturas, estão destruindo esse ecossistema. À medida que o gelo derrete e o nível do mar sobe, valiosas áreas de vegetação são destruídas, o que compromete o papel dos manguezais como habitat animal e sua capacidade de capturar e armazenar dióxido de carbono. Além disso, o aumento da acidificação dos oceanos altera a circulação da água, essencial para a sobrevivência dos peixes.
Essas mudanças terão um impacto significativo na biodiversidade local e nos meios de subsistência das comunidades que dependem dos manguezais para a pesca e outras atividades. Assim como o comércio ilegal de vida silvestre afeta os ecossistemas florestais, o desmatamento ilegal também tem um impacto negativo na sustentabilidade dos ecossistemas florestais e costeiros.
Penso, com grande preocupação, nesses temas e, por isso, proponho algumas formas de proteger os peixes amazônicos e reduzir os efeitos das mudanças climáticas:
1. Aumentar a conscientização e o entendimento das comunidades costeiras e urbanas. Compreender os manguezais e seus usos. Auxiliar na mitigação das mudanças climáticas e prevenir desastres naturais.
2. O mundo deve se unir para implementar políticas climáticas que reduzam as emissões de gases de efeito estufa e o aumento do nível do mar.
3. Trabalhar com grupos ambientalistas e organizações de pesquisa para avaliar os impactos das mudanças climáticas nas florestas tropicais e desenvolver estratégias de adaptação e restauração.
4. Implementar medidas de proteção ambiental que unam as comunidades florestais e ofereçam oportunidades econômicas e de moradia.
Acredito que essas medidas reverterão rapidamente os danos causados e protegerão a vida na região. Devemos nos comprometer a preservar esses recursos e garantir um meio ambiente saudável e justo para as futuras gerações.
Atenciosamente,
Juliana Zatarim