Notícias
Reserva é último refúgio da fauna do noroeste paranaense
Aldem Bourscheit
Milhares de animais de todos os portes, incluindo pumas, antas e porcos-do-mato, têm buscado refúgio na última floresta do noroeste paranaense, uma verdadeira arca de noé. A mata está cercada pela agricultura e por erosões, se tornando o único refúgio para os animais que fogem do desmatamento e da caça. Para auxiliar na proteção da área, Ministério do Meio Ambiente e Ibama a definiram para a criação da Reserva Biológica das Perobas.
A unidade de conservação de onze mil hectares abrange parte dos municípios paranaenses de Tuneiras do Oeste e de Cianorte, e integra a proposta do governo federal para implementar oito áreas protegidas no Paraná e em Santa Catarina. Uma reserva biológica é voltada à proteção integral, onde só é permitida a visitação voltada à educação e a pesquisa científica autorizada pelo Ibama.
A proposta incluiu, ainda, o Parque Nacional dos Campos Gerais, a Reserva Biológica das Araucárias e os refúgios de Vida Silvestre do Rio Tibagi e dos Campos de Palmas, no Paraná, e ainda a Estação Ecológica da Mata Preta, o Parque Nacional das Araucárias e a Área de Proteção Ambiental das Araucárias, em Santa Catarina. O assunto foi debatido em consultas públicas realizadas entre os entre os dias 18 e 27 de abril, nos dois estados.
Além de manter as nascentes de dois afluentes do Rio Ivaí, a unidade de conservação protegerá as últimas parcelas da chamada Floresta Estacional Semidecidual (que perde as folhas na seca), tão ameaçada quanto as matas com araucárias. Esse tipo de floresta só pode ser encontrado atualmente em parte dos parques nacionais do Iguaçu (PR) e da Serra da Bodoquena (MS). A reserva também presta homenagem às perobas, árvore igualmente ameaçada.
De acordo com Maurício Savi, coordenador da força-tarefa que mapeou regiões em Santa Catarina e no Paraná para a criação de áreas protegidas, a reserva apresenta a "maior concentração de fauna já vista no Brasil". A grande população de animais, no entanto, preocupa o biólogo do Ministério do Meio Ambiente. "A caça está facilitada. Já encontramos muitas trilhas de caçadores na região", disse. Segundo ele, é possível encontrar em um pequeno espaço rastros de porcos-do-mato, veados, pumas e antas. "A área é muito pequena para animais desse porte", alertou.
Outra preocupação do biólogo são as erosões no entorno da área destinada à unidade de conservação. De acordo com Savi, o desmatamento expõe o solo arenoso e extremamente frágil da região, provocando as erosões. "Avistamos vossorocas do tamanho de um estádio de futebol", disse.
Matérias relacionadas
Novas reservas podem triplicar proteção às araucárias no País
Catarinenses e paranaenses querem preservar a araucária