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Queimada Grande pode virar parque nacional
Pesquisadores, ambientalistas e instituições governamentais estão propondo a criação do Parque Nacional Marinho da Queimada Grande, importante refúgio de vida silvestre no litoral paulista. A ilha é considerada pelo governo federal, desde 1985, como uma Área de Relevante Interesse Ecológico, uma unidade de conservação de Uso Sustentável, estabelecida pelo Decreto 91887. Apesar disso, na ilha têm sido registradas atividades como turismo e pesca esportiva realizadas sem controle e de forma predatória.
Na costa sul de São Paulo, a ilha da Queimada Grande é reconhecida pela peculiaridade de sua flora e fauna, que inclui a emblemática jararaca-ilhoa, serpente que não é encontrada em nenhuma outra parte do planeta (endêmica) e possui um veneno até vinte vezes mais forte que o da jararaca do continente.
"Desde 2002, propostas para mudanças na categoria da Ilha da Queimada Grande vêm sendo discutidas, com diferentes setores da sociedade. Com o conhecimento atualmente disponível sobre o local e com as experiências obtidas para a implementação da unidade, concluímos que Área de Relevante Interesse Ecológico não é a categoria mais adequada para a proteção da Queimada Grande. Também é necessário algum tipo de proteção ao entorno da ilha, atualmente sem qualquer proteção especial", explica Danielle Paludo, oceanógrafa do Ibama.
Primeiros passos - Somando esforços às pesquisas desenvolvidas na Ilha da Queimada Grande pelo Instituto Butantã e pelo Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo durante várias décadas, o Ibama e a organização não-governamental Conservação Internacional do Brasil (CI/Brasil) realizaram, em julho de 2003, uma expedição para ampliar o conhecimento sobre a vida marinha da área. Os resultados apontaram uma surpreendente cobertura de corais, alta diversidade de peixes e uma grande concentração de aves e tartarugas, incluindo espécies ameaçadas de extinção. Lá também foi feito o primeiro registro de agregação (reunião de peixes para reprodução) do peixe caranha (Lutjanus cyanopterus) no Brasil, uma espécie de importância comercial e ameaçada de extinção.
No dia 7 de agosto, o Projeto Tamar (Ibama), o Instituto Butantã, o Instituto de Biociências, a Fundação Florestal e o Programa Marinho da CI/Brasil, o Seminário para Recategorização Ilha da Queimada Grande, que resultou na proposta para ampliação de seus limites e para alteração da categoria de Área de Relevante Interesse Ecológico para Parque Nacional.
Nesse seminário, todos os setores presentes - inclusive os operadores de mergulho e colônias de pesca -, foram unânimes em apoiar a categoria de Parque Nacional para a área marinha da Ilha. A criação do Parque assegurará a conservação da biodiversidade e ordenará as atividades turísticas, garantindo o acesso dos pescadores que buscam abrigo na ilha em dias de mau tempo.
* com informações da Conservation International