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Proteção às baleias no Atlântico Sul esbarra nas regras da CIB
O Brasil conseguiu novamente maioria de votos favoráveis à criação do Santuário de Baleias do Atlântico Sul, mas a proteção aos cetáceos acabou esbarrando nas normas da Comissão Internacional da Baleia (CIB), criada em 1946, que exige pelo menos a aprovação de três quartos dos países votantes para a criação de santuários.
Foram 29 votos a favor e 26 contra, com duas abstenções. O resultado acabou sendo comemorado pela delegação brasileira na CIB, que viu mais uma vitória política contra a volta da caça às baleias no Atlântico. A votação aconteceu na madrugada desta quarta-feira , durante a 57ª reunião da CIB, em Ulsan, na Coréia do Sul.
Apoiando o Brasil, estavam Argentina, África do Sul, Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia e quase todos os países europeus. Contra a proposta, estava, Japão, Nauru, Kiribati, Tuvalu e Gabão, entre outros. "É só olhar para as listas de países a favor e contra a proposta para entender o que está se passando na CIB", disse o coordenador do Projeto Baleia Franca, José Truda Palazzo Júnior. "Francamente, é de doer", acrescentou o ambientalista, referindo-se ao grupo de países chamados de puppets (marionetes). Eles teriam sido "recrutados" pelo Japão para votar a favor da caça à baleia, em troca de auxílio financeiro.
Não só a proposta brasileira de Santuário recebeu maioria de votos, mas também uma proposta japonesa de abolir o Santuário Antártico foi derrotada. Outra derrota imposta ao Japão ocorreu na discussão sobre a "caça científica" que aquele país pratica. O Brasil e vários outros países acusaram diretamente os japoneses de "abusar da Ciência" ao promover a matança com interesses claramente comerciais e políticos. Uma resolução foi aprovada condenando a caça e exigindo seu fim imediato.
Segundo Truda, "o importante para o Brasil é deixar claro que, para nós e outros países na região, a volta da caça à baleia é inaceitável. Nossa opção é pelo uso não-letal desses animais, pelo ecoturismo e pela verdadeira pesquisa científica".
* com informações da delegação brasileira em Ulsan