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COP26
Floresta+ atrai interesse do mercado global de carbono no Brasil
Foto: Divulgação/MMA
Representantes de entidades do mercado mundial de crédito de carbono participaram, nesta terça-feira (2), de um painel no Pavilhão Brasil em Glasgow (Escócia) que discutiu a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais (Floresta+) e o mercado global de carbono. Os especialistas foram unanimes em dizer que a política ambiental brasileira está, cada vez mais, atraindo investidores internacionais.
“Agora, existem mais pessoas e mais empresas interessadas em entrar no mercado brasileiro”, afirmou o consultor em soluções ambientais da International Emissions Trading Association (IETA), Carlos Cordova, um dos palestrantes do painel “Mercado de Carbono e Floresta+”.
A associação atua no mercado de crédito de carbono, principalmente na América Latina, e representa mais de 300 empresas dos setores de energia, investimentos, indústria, entre outros. “Vemos uma série de países, incluindo Brasil, México, Chile Peru e Colômbia, que está começando a viabilizar mercados de carbono”, destacou Cordova.
Com a criação do programa Floresta+ e de outras políticas públicas do Governo Federal na área ambiental, o consultor avalia que o Brasil vive uma fase de confiança junto aos investidores. “É uma segurança a mais de querer investir nos projetos, o que não era possível anos atrás”, comentou.
Prova dessa credibilidade, segundo Cordova, é que membros da instituição que representa estão abrindo subsidiárias no Brasil. “Nós dizemos aos nossos membros: se vocês quiserem investir no Brasil, o momento é agora”.
Crédito de carbono
As emissões de carbono sequestradas podem compensar as realizadas. É essa a lógica do mercado de carbono, uma alternativa para incentivar países e empresas a frear as liberações de carbono na atmosfera. Em outras palavras, esse mecanismo de flexibilização permite que uma nação mais poluidora invista em projetos de sustentabilidade em outro país e ganhe crédito de carbono.
De acordo com estudos, o Brasil tem o potencial de gerar receitas líquidas de US$ 16 bilhões a US$ 72 bilhões até 2030 com esse tipo de comércio. Atualmente, o país atua com os chamados mercados voluntários, que atendem demandas de empresas que voluntariamente decidem neutralizar emissões de gases de efeito estufa liberadas por suas atividades.
“Os mercados voluntários de carbono têm um imenso potencial para mitigar os gases de efeito estufa”, afirmou a secretária da Amazônia e dos Serviços Ambientais, Marta Giannichi, mediadora do painel, por videoconferência no Brasil.
Annie Groth, advogada da Biofílica Ambipar Environment, contou que a entidade desenvolve projetos com essa finalidade de mercado. “Temos enxergado um aumento na demanda desse mercado, o volume dos créditos transacionados já cresceu cerca de 30% comparado a agosto do ano passado. Então, tem sido um desenvolvimento muito importante que traz credibilidade para esse tipo de projeto no Brasil”.
Transparência
O diretor da EcoRegistry, Juan Duran, reforçou a importância de transparência nas políticas públicas para atrair investimentos. “Para que os investidores venham para o Brasil, precisamos de ter informação. A informação é a chave, a porta de entrada”.
Na mesma linha, Annie Groth disse que os clientes só investem se o país anfitrião do projeto tiver transparência em suas ações. No caso do Brasil, ela citou como case de sucesso o Floresta+. “Ele [o programa] nos dá a certeza de que não haverá qualquer perda. Podemos garantir a credibilidade dessa política [aos nossos clientes], afirmou.
Milena Fajardo, economista e CEO da Biofix, também falou sobre o programa do Ministério do Meio do Ambiente. “O Floresta+ chegou num momento muito importante, porque estamos tendo uma demanda de crédito de carbono no mundo impressionante. Mais ou menos, está calculado, segundo o Banco Mundial, algo em entorno de 10 milhões de toneladas de crédito de carbono [no mundo] que deverão ser compensadas até 2030”, ressaltou.
ASCOM MMA