Notícias
Plano mestre pode salvar micos-leões-pretos da extinção
Os especialistas que trabalham com os micos-leões-pretos no Brasil se reúnem nesta terça-feira, 20/5, em Bauru, no interior de São Paulo, para tomar uma importante decisão: definir quais são os acasalamentos necessários entre os indivíduos dessa espécie mantidos em cativeiro para que o país tenha uma reserva genética representativa da população selvagem desses animais. O objetivo é assegurar a sobrevivência da espécie, considerada criticamente ameaçada de extinção.
Atualmente, os micos-leões-pretos (Leontopithecus chrysopygus) se resumem a mil indivíduos em vida livre e mais cento e dois mantidos nos zoológicos de Brasília, São Paulo, Bauru e Centro de Primatologia do Rio de Janeiro e alguns zoológicos internacionais. Coordenada pelo Instituto de Pesquisas Ecológicas-IPE, a reunião contará com a participação do Ibama, responsável pelo Comitê Internacional para a Conservação e Manejo dos Micos Leões.
No caso dos micos-leões-pretos, as esperanças para a sobrevivência da espécie dependem da elaboração e da adequada execução de um "plano-mestre" para o manejo dos indivíduos em cativeiro. O plano está sob a responsabilidade do primatólogo Cláudio Pádua, diretor científico do IPE. Um dos principais aspectos apontados no plano é a necessidade de deslocamento entre os mantenedores de animais representativos do ponto de vista da variabilidade genética da população remanescente.
A estratégia é basicamente a mesma usada com outros animais silvestres ameaçados de extinção, ou seja, realizar o maior número de cruzamentos possível entre os micos mantidos em cativeiro de modo a formar um banco genético que possa servir de fonte para futuras reintroduções na natureza.
Sobreviventes do que restou da Mata Atlântica do interior de São Paulo, os micos-leões-pretos enfrentam vários perigos para sobreviver. Apesar do esforço de várias instituições e do trabalho dos pesquisadores, o fato de haver uma pequena população os torna ainda mais vulneráveis. Desmatamentos clandestinos, tráfico ou mesmo incêndios florestais podem dizimar os últimos animais selvagens. Por isso, o empenho dos cientistas em ampliar ao máximo a representatividade genética da espécie.
Mata Atlântica
Os micos-leões são nativos da Mata-Atlântica. Nas florestas remanescentes, habitam as únicas quatro espécies existentes no mundo: mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), mico-leão-da-cara-dourada(L. chrysomelas), mico-leão-preto(L. chrysopygus) e mico-leão-da-cara-preta(L. caissara). Todas elas encontram-se ameaçadas de extinção.
Entre os principais fatores que quase provocaram o extermínio dos micos-leões brasileiros estão a destruição das florestas de Mata-Atlântica, reduzidas a apenas quatro por cento da cobertura original, e o tráfico de animais silvestres. O hábito de criar esses animais como bichos de estimação também contribuiu para pôr em risco a sobrevivência dos micos.
A distribuição dos micos-leões no Brasil se dá da seguinte forma: mico-leão-dourado (Rio de Janeiro), mico-leão-da-cara-dourada (Bahia), mico-leão-preto (São Paulo) e mico-leão-da-cara-preta (Paraná).
Em cada uma dessas regiões o comitê coordena ações que têm o objetivo de preservar os micos através de programas de conservação dos habitats, pesquisas científicas e programas de reintrodução. O comitê também apóia iniciativas voltadas para a educação ambiental e a capacitação profissional.
Nos últimos anos, os projetos conservacionistas apoiados pelo comitê foram responsáveis pela estabilização do decréscimo populacional dos micos-leões em todo o país. No caso do mico-leão-dourado houve aumento populacional. Atualmente, a população dos micos-leões é estimada da seguinte maneira: mico-leão-dourado (1.000 indivíduos), mico-leão-da-cara-dourada (entre 6 e 15 mil), mico-leão-preto (cerca de 1.000) e mico-leão-da-cara-preta (400).