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Especialistas debatem proteção da camada de ozônio
Brasília (1º/03/18) – Cerca de 45 especialistas em refrigeração e representantes de empresas de pequeno e médio porte do setor de refrigeração comercial se reuniram em São Paulo, na terça-feira passada (27), para debater as alternativas ambientalmente adequadas de substâncias refrigerantes no 1º Workshop "Fluidos Frigoríficos Alternativos para Equipamentos de Refrigeração Comercial", realizado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido).
"Temos um grande desafio no Brasil para a implementação do Protocolo de Montreal, com a meta de eliminar o consumo de HCFCs (hidroclorofluorcarbonos)", afirmou o diretor de Monitoramento, Apoio e Fomento de Ações em Mudança do Clima do MMA, Adriano Santhiago. "O desafio é buscar alternativas tecnológicas, tendo em vista o controle futuro dos HFCs (hidrofluorcarbonos) a partir da Emenda de Kigali", complementou o diretor.
O representante da Unido no Brasil e na Venezuela, Alessandro Amadio, afirmou que "estamos prontos para discutir soluções personalizadas para o setor com as tecnologias disponíveis no mercado, em parceria com o governo brasileiro e o setor privado". Para esse setor, a Unido é a agência responsável pela implementação de projetos junto ao MMA.
Em uma parceria entre o governo, as agências de cooperação internacional e o setor privado, o Brasil desenvolveu o Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH). "Os HCFCs são substâncias que destroem a camada de ozônio, a qual é responsável por filtrar os raios UV-B, que causam problemas para os seres humanos, como câncer de pele e cataratas", lembrou a analista ambiental Gabriela Lira, do Ministério do Meio Ambiente.
Atualmente, o Brasil implementa a Etapa 2 do PBH, que tem como meta a eliminação de 39,3% do consumo de HCFCs até 2020 e 51,6% em 2021. "A Etapa 2 do PBH tem como um dos focos o setor de manufatura de refrigeração e ar-condicionado, apoiando as empresas tecnica e financeiramente na transição do HCFC para outras substâncias ambientalmente adequadas", complementou Lira.
A academia apoia a implementação dos projetos por meio da produção de pesquisas sobre o tema. Enio Bandarra, professor da Universidade Federal de Uberlândia, explicou quais são os fluidos frigoríficos atuais disponíveis no mercado como alternativa ao HCFC-22 e aos HFCs, utilizados pelo setor de refrigeração.
"Como fluidos naturais, utilizamos dióxido de carbono e hidrocarbonetos, como isobutano na área doméstica, e propano na área comercial leve", pontuou o professor. Como alternativas sintéticas, destacam-se os HFOs.
"O ideal é termos um gás que apresente bom desempenho, baixo custo e que seja ambientalmente adequado", complementou Bandarra. "Temos que começar a desenvolver tecnologia no Brasil, não mais a receber do exterior. Temos capacidade técnica para isso; necessitamos ainda, porém, de mão-de-obra qualificada", concluiu.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) apoia o setor com a promoção de conhecimento sistematizado, à medida que discute normas para melhorar a qualidade dos serviços desenvolvidos. "As normas técnicas estabelecem um padrão mínimo para que o desempenho no trabalho realizado seja correto. Porém, norma não é lei, é uma recomendação", afirmou o representante da ABNT, Oswaldo Bueno.
Além de um padrão de qualidade, as normas técnicas garantem segurança no manuseio dessas substâncias por parte dos técnicos de refrigeração. Para o setor de serviços em refrigeração e ar-condicionado, a agência de cooperação alemã GIZ implementa iniciativas em parceria com o MMA com o intuito de treinar os profissionais para o manuseio adequado do HCFC-22. Até o ano passado, foram treinados, por meio do projeto, 5.437 técnicos para o setor de refrigeração comercial em supermercados e 100 para o setor de ar-condicionado. A perspectiva é que mais 7 mil técnicos sejam treinados em boas práticas com a Etapa 2 do PBH. "As boas práticas em refrigeração são a base para trabalharmos com qualquer fluido refrigerante", apontou a gerente de projetos da GIZ, Stefanie von Heinemann.
Sérgia Oliveira, gerente de projetos da Unido, lembrou que o evento acontece como atividade preparatória para implementação de um dos seis subprojetos para o setor de manufatura em refrigeração e ar-condicionado. O workshop visa, além de difundir informações sobre os fluidos refrigerantes alternativos ambientalmente adequados, informar o setor sobre a oportunidade de apoio técnico e financeiro para empresas interessadas em migrar para alternativas de baixo impacto ao sistema climático global.
O próximo workshop está programado para junho deste ano, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.
Por: Tiago Zanero, do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs - PBH.
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