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Onça brasileira desembarca na Argentina
LETÍCIA VERDI
O Brasil acabou de dar uma colaboração importante para a conservação da biodiversidade latino-americana. “Essa colaboração do Brasil com a Argentina, envolvendo iniciativas privadas, foi um processo com final feliz. Antes de mais nada, trata-se de uma iniciativa para salvar uma espécie que está ameaçada de extinção”, declarou o secretário de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, José Pedro de Oliveira Costa, articulador do processo.
Uma onça pintada chamada Isis foi enviada para a Argentina com o intuito de ser matriz para uma nova linhagem de onças nos charcos (campos alagados) da província de Corrientes, no futuro Parque Nacional Iberá. Nessa quarta-feira (20/08), ela saiu do criatório conservacionista Onça-Pintada, em Curitiba, para criatório da ONG The Conservation Land Trust - Tompkins Foundation. Lá, Isis deve cruzar com um macho compatível enviado do Paraguai e gerar filhotes que serão preparados para a soltura. Pelo mapeamento genético, foi constatado que Isis tem o mesmo padrão genético dos felídeos que ocorriam em Corrientes.
ESPÉCIE EM EXTINÇÃO
A espécie está extinta nessa região argentina. A organização americana The Conservation Land Trust atua para recompor a paisagem e a fauna nativa na Argentina e no Chile por meio de compra de terras, doação aos governos, criação de parques, implantação de projetos de reintrodução de animais endêmicos e conservação da flora. O programa de restauração de grandes mamíferos do Iberá, na Argentina, é o maior da América Latina. Em 10 anos de trabalho, foram liberados 200 exemplares de cinco espécies de mamíferos.
Entre eles, estão o veado campeiro, o tamanduá bandeira e as queixadas. “Os estudos de repovoamento são feitos por grandes especialistas no assunto, com planos elaborados e executados de forma muito séria”, frisou o analista ambiental Ronaldo Morato, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Ele atua no Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap), em Atibaia (SP). O grupo de monitoramento do projeto, do qual Ronaldo participa, fez uma campanha junto à comunidade local para aceitação do repovoamento de onças-pintadas. “Foi muito bem aceito”, contou.
EXPORTAÇÃO
“O processo de exportação foi um pouco demorado por causa da liberação dos exames sanitários exigidos pelo governo argentino e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento”, explicou a bióloga e técnica administrativa do ICMBio, Juciara Pelles. Ela informou que a onça Isis nasceu em cativeiro, tem seis anos de idade e 66 quilos. “Já reproduziu uma vez e deixou filhotes no cativeiro. É um animal muito dócil e tranquilo. Foi bem na viagem, não se estressou”, contou. A viagem levou 24 horas e foi acompanhada por três veterinários da Fundação Thompkins.
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