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Especialistas defendem reúso da água
LUCAS TOLENTINO
Medidas de reaproveitamento deverão ser adotadas na gestão dos recursos hídricos do país. Relatório da Unesco divulgado nesta quarta-feira (22/03), no encerramento de seminário promovido pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), mostra que mais de 80% da água residual do mundo é descartada sem tratamento. O reúso em atividades como irrigação agrícola e processos industriais foi apontado como solução para o problema.
Além de garantir a proteção, o reúso tem o potencial de universalizar o acesso aos recursos hídricos por parte da população, conforme mostram os dados apresentados no seminário Águas do Brasil – 20 anos da Lei das Águas . Promovido em parceria com a Agência Nacional de Águas (ANA), o evento faz parte da programação oficial do Mês das Águas , coordenada pelo MMA como forma de alertar a sociedade para a crise hídrica.
O levantamento da Unesco traça o perfil das extrações globais de água doce e mostra que maior parte delas vai para consumo agrícola (38%) e drenagem agrícola (32%). As águas residuais industriais correspondem a 16% do total. “Não temos condições de perder esses recursos”, declarou a diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, em mensagem enviada para o seminário. “O reúso é essencial para a dignidade humana e para o desenvolvimento sustentável.”
LEGISLAÇÃO
Gestores e especialistas no assunto também a apontaram a importância do fortalecimento das ações de reaproveitamento nas políticas brasileiras. O secretário de Recursos Hídricos e Qualidade Ambiental do MMA, Jair Tannús, destacou os avanços da Lei das Águas e destacou que, após 20 anos, é possível aperfeiçoá-la. Segundo ele, a legislação trouxe conquistas como a participação social e o sistema nacional de gerenciamento.
O especialista Maurício Boratto, do Centro de Estudos e Debates Estratégicos da Câmara dos Deputados, ressaltou os benefícios que podem ser trazidos a partir do incentivo ao reúso da água. “A iniciativa privada já tem bons exemplos. É preciso expandir o reúso a partir de incentivos”, defendeu Boratto.
Com o objetivo de fortalecer a Política Nacional de Recursos Hídricos, o Banco Mundial prepara, também, um estudo para identificar oportunidades de aperfeiçoamento. O levantamento deve ficar pronto até o fim do ano e contém estudos de caso de áreas como a Bacia do Rio São Francisco. “O objetivo é garantir que todas as parcelas da população tenham acesso à água de forma igualitária”, explicou Paula Freitas, especialista do Banco Mundial.
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