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Campanha destaca proteção às águas
WALESKA BARBOSA
O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, formalizou, na manhã desta quarta-feira (15/03), o apoio da pasta à Campanha da Fraternidade 2017, cujo lema é “Cultivar e guardar a criação”. O tema, Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida, segundo o ministro Sarney Filho justifica a acolhida do ministério à campanha. “Compartilhamos essa compreensão de que as questões sociais e ambientais são indissociáveis”, afirmou. “É nessa direção que caminhamos, buscando, na defesa do meio ambiente, alternativas socioeconômicas sustentáveis”, acrescentou.
A solenidade abriu a programação do Mês das Águas , promovido pelo Ministério do Meio Ambiente e pela Agência Nacional de Águas (ANA) com diversos parceiros. O debate desta quarta-feira, realizado na sede do MMA, em Brasília, reuniu representantes da igreja, do parlamento, de organizações não-governamentais e da sociedade civil.
A mesa de abertura contou com a presença do secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Leonardo Ulrich Steiner, do presidente da Frente Parlamentar Ambientalista, Alessandro Molon, do deputado federal Paes Landim e do coordenador de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani.
ENGAJAMENTO
Dom Leonardo afirmou que a questão não pertence apenas à Igreja, mas a toda sociedade e solicitou engajamento, meditação e oração para os biomas brasileiros e as pessoas que neles habitam. “Não podemos deixar de levar em consideração os povos tradicionais como os quilombolas, indígenas e ribeirinhos que vivem e dependem do meio ambiente”.
Ele chamou a atenção para a crise hídrica que assola o país e disse que mais do que olhar para os reservatórios, é necessário olhar para os rios, nascentes, matas ciliares e todos os danos à natureza refletidos no assoreamento e desertificação das fontes de água. “Estamos no Cerrado, berço das águas, no entanto, passando pela escassez do recurso. Por isso a reflexão sobre os biomas é tão importante”.
AGENDA AMBIENTAL
Alessandro Molon destacou a atuação do Papa Francisco à frente de campanha mundial pela conversão ecológica e chamou a atenção para pontos importantes da agenda ambiental no Congresso Nacional.
Questões como a Lei de Licenciamento, o debate sobre agrotóxicos e projetos em tramitação, como os que propõem a liberação da venda de terras brasileiras a estrangeiros e a liberação da caça profissional e esportiva de animais silvestres, foram destacados pelo parlamentar. Além da PEC do Cerrado e da Caatinga, que propõe a transformação dos biomas em Patrimônio Nacional. “São desafios que temos pela frente”, afirmou Molon.
O deputado federal Paes Landim falou sobre a Caatinga, presente no seu estado o Piauí, também marcado pela presença de Cerrado e Mata Atlântica. “A Caatinga é uma sofredora. É fundamental que seja protegida”, afirmou.
Mudas de árvores nativas representativas do Cerrado, Caatinga, Pantanal, Pampas, Mata Atlântica e Amazônia foram doadas pelo ministro e serão plantadas na sede da CNBB e do Serviço Florestal Brasileiro, em Brasília, e receberam a benção do Dom Leonardo Ulrich Steiner.
BIOMAS
O coordenador de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani, fez uma retrospectiva do apoio da igreja a questões ligadas ao meio ambiente e disse que a instituição ajuda a levar o tema à toda a sociedade.
Ele elogiou a atuação da Frente Parlamentar Ambientalista no Congresso Nacional e a atuação de organizações não-governamentais como parceiros na defesa das questões ligadas ao tema.
Júlio César Sampaio, coordenador do programa Cerrado Pantanal, da WWF Brasil, disse que o bioma é considerado a maior área úmida do mundo e tem 60% da sua extensão em terras brasileiras. Ele apontou a necessidade de políticas de proteção para a área, marcada por períodos de secas e cheias e ameaçada, entre outras questões, pela expansão da agropecuária e pela degradação de nascentes e barramento de rios. “A água é fundamental para a manutenção do Pantanal, onde vivem mais de cinco mil espécies da fauna e da flora”, afirmou.
Sobre o Cerrado, Sampaio chamou a atenção para o fato de ser a savana mais rica em biodiversidade do mundo ao mesmo tempo em que suas comunidades tradicionais são as mais ameaçadas do planeta, principalmente por causa do desmatamento e do avanço das fronteiras produtivas.
Paulo Moutinho, do Instituto de Pesquisa da Amazônia, falou sobre o bioma e propôs que mais do que tema da Campanha da Fraternidade, a proteção dos biomas por parte da Igreja seja uma ação permanente. Além de alertar para os efeitos do desmatamento e dos conflitos ligados a questões agrárias na região. “Conservar é investir na vida e na economia”, disse.
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