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Ararinha-azul voltará ao seu habitat em 2019
LUCIENE DE ASSIS e LETÍCIA VERDI
O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, assinou nesta terça-feira (12/07) uma parceria com entidades internacionais e nacionais que prevê a reintrodução da ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) ao seu habitat natural, a Caatinga. Por meio do aporte de aproximadamente R$ 5 milhões (cerca de 1,5 milhão de dólares) será construído o Centro de Reintrodução e Reprodução da Ararinha-Azul, em Curaçá, na Bahia.
O investimento contempla também outras ações de apoio e conservação da espécie, considerada extinta na natureza desde o ano 2000. Atualmente, existem 120 animais distribuídos em instituições particulares do Catar, Alemanha e Brasil.
“A dedicação de tantas pessoas, de diferentes origens, para chegarmos até aqui, simboliza a compreensão de nossa responsabilidade comum”, disse Sarney Filho. “A Caatinga, lar das ararinhas-azuis, e o Cerrado, savana mais biodiversa do mundo, precisam urgentemente desse reconhecimento, para reverter o processo de devastação de que têm sido objeto”, afirmou o ministro.
Durante a cerimônia, Sarney Filho destacou dois aspectos, segundo ele, fundamentais no combate à extinção da ararinha-azul. “Primeiramente, o envolvimento da comunidade, a visão de que as pessoas fazem parte do meio ambiente e são absolutamente necessárias para a sua preservação. Se bem informadas e amparadas em suas necessidades, elas se tornam protetoras ardorosas da natureza que as cerca”, disse. Em seguida, destacou a importância dos criatórios para a proteção das espécies ameaçadas. “Os criadouros que participam deste trabalho estão salvando as ararinhas-azuis. Temos que aprender com esta experiência e multiplicá-la”, enfatizou o ministro.
O representante do criadouro da Fazenda Cachoeira, Marcus Vinícius Romero Marques, destacou o objetivo final de devolução das aves à natureza. "Já trabalhamos com outras espécies, como a arara-azul-de-lear (Anodorhynchus lear), e estamos muito felizes em ter mais essa missão", disse.
PROJETO
O projeto do governo brasileiro, iniciado há 15 anos, tem o compromisso de devolver à Caatinga as ararinhas-azuis. A iniciativa conta com o apoio das seguintes instituições: Associação para Conservação de Papagaios em Extinção (ACTP), da Alemanha; Lubara Breeding Center – Al Wabra (AWWP), do Catar; Parrots International (PI), dos Estados Unidos; criadouro Fazenda Cachoeira, do Brasil; Jurong Bird Park, de Singapura.
As aves têm se reproduzido bem em cativeiro e o trabalho avança para a reintrodução da espécie em seu ambiente natural até 2019. A construção do Centro de Reintrodução e Reprodução da Ararinha-Azul, em Curaçá (BA), em área pertencente à AWWP, permitirá a ampliação do manejo da espécie em cativeiro e a devolução a seu habitat.
UNIDADE DE CONSERVAÇÃO
Para que isso aconteça, os esforços estão voltados para a criação de, pelo menos, uma unidade de conservação federal de 40 mil hectares. Entre as ações previstas estão a melhora das atividades produtivas e das condições de vida das comunidades rurais, a regeneração da mata ciliar e da vegetação da Caatinga. Além disso, a criação da unidade favorecerá a proteção da população reintroduzida, os trabalhos de educação ambiental e a pesquisa científica. A área envolve o rio Curaçá, conhecido como Barra Grande, e outros riachos, como o Melancia, onde as últimas ararinhas foram avistadas na natureza.
De acordo com técnicos da Secretaria de Biodiversidade e Florestas do MMA, o sucesso do projeto depende, também, do engajamento da comunidade local para a proteção da espécie. E de fatores como a restauração do habitat nativo, com incremento da oferta de alimento.
Os especialistas que integram o Grupo Assessor do Plano de Ação Nacional para a Conservação da Ararinha-azul (PAN Ararinha-azul) alertam para a necessidade de se fazer o manejo das ameaças para aumentar o sucesso da reintrodução. Isso significa aumentar a qualidade do habitat, diminuir a quantidade de predadores, reduzir os perigos do tráfico ilegal de animais silvestres, o risco de uso do solo por mineradoras e mitigar os riscos das linhas de transmissão.
PLANO DE AÇÃO
As ações do Plano de Ação da Ararinha-azul contam com o apoio da Vale, Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (Save Brasil), ICMBio e de todos os mantenedores da espécie. Sua área atuação envolve políticas públicas, pesquisa científica e educação ambiental voltadas para conservar a Caatinga.
Assessoria de Comunicação Social (Ascom/MMA): (61) 2028-1227