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TerraClass: retrato da regeneração florestal
RENATA MELIGA
Mais da metade da vegetação secundária, formada em áreas de desmatamento na Amazônia Legal brasileira, mantém-se por pelo menos sete anos. Desse total, 27% está em regeneração há mais de dez anos. Os dados fazem parte do projeto TerraClass, que mostra, entre 2004 e 2014, a dinâmica do uso e cobertura da terra na região.
O programa gera dados “espacialmente explícitos” que qualificam os desflorestamentos na região em 12 categorias distintas, com destaque para: vegetação secundária, agricultura e pastagens. É uma parceria entre o Ministério do Meio Ambiente, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
De acordo com o gerente de projeto do Ministério do Meio Ambiente Gabriel Henrique Lui, a manutenção da vegetação secundária no período de sete anos significa que há grande possibilidade de se tornar uma floresta. “Esse é um dado que a gente não tinha antes. E isso é fundamental porque começa a nos dar subsídio para todos os compromissos firmados pelo país. Conseguir mostrar que essa vegetação secundária está se mantendo faz com que a gente tenha um primeiro dado concreto para destacar o quanto o Brasil está se comprometendo, inclusive com a recuperação da vegetação”.
REGENERAÇÃO
De 2004 a 2014 houve um incremento de 72.713 Km2 de vegetação em regeneração na região, sendo um terço desse total derivado de área de pastagem. A área é maior do que o Rio de Janeiro, Sergipe e Distrito Federal juntos. Segundo Gabriel Lui, com a implementação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) será possível esclarecer se as áreas em regeneração permanecerão dessa forma.
Gabriel Lui lembra da meta brasileira de restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas até 2030, para múltiplos usos, e informa que pode ser possível observar um percentual desse compromisso com os dados indicados pelo TerraClass. “Aqui a gente começa a ter subsídios para responder essas demandas e compromissos internacionais assumidos pelo país”, reforça.
TRANSIÇÕES
Os dados apontam ainda que, da área total desmatada no país, 63% estão ocupadas por pastagens, 5,9% por agricultura e 22,8% estão em processo de regeneração. A expansão da agricultura anual ocorreu principalmente sobre pastagens e desflorestamentos anteriores a 2008.
A classe de pastagem é a que mais cede espaço para agricultura ou para vegetação secundária.Comparado ao ano de 2004, quase 18 mil Km2 de pastagem se tornaram agricultura em 2014 e mais de 28 mil Km2 em vegetação secundária.
AMPLIAÇÃO
Feito a cada dois anos, o TerraClass tem o objetivo de avançar no conhecimento do uso do solo nas áreas já desflorestadas na Amazônia Legal.
Desde o ano passado, no entanto, o projeto deixou de ser feito exclusivamente na Amazônia Legal, período em que foram lançados os primeiros dados sobre o Cerrado. O Ministério do Meio Ambiente tem como meta ampliar o projeto para todos os biomas brasileiros até 2020.
A Estratégia do Programa de Monitoramento Ambiental dos Biomas Brasileiros, lançada em 5 de maio passado, prevê para 2018 o TerraClass Cerrado, com dados referentes a 2016, e o lançamento do TerraClass Mata Atlântica. Em 2019, serão lançados monitoramentos para o Pantanal e Pampa e, em 2020, para a Caatinga.
O diretor do Departamento de Florestas do MMA, Carlos Alberto Scaramuzza, explica que o TerraClass funcionará para todos os biomas, assim como funciona para a Amazônia. “A ideia é ter um produto uniformizado. O TerraClass Cerrado, por exemplo, já tem algo a mais do que o Amazônia. Ele já separa a vegetação natural arbórea, da arbustiva e da campestre, o que faz diferença porque o Cerrado não é uma floresta contínua”, detalha. “Para os outros biomas pode ser que o produto tenha mais coisas, mas nunca menos do que está colocado no TerraClass Amazônia”, esclarece o diretor.
Assessoria de Comunicação Social (Ascom/MMA): (61) 2028-1221