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Recursos hídricos sob o olhar infantil
Por Marta Moraes – Edição: Alethea Muniz
Nas páginas coloridas do livro Água em Foco , a sensibilidade da criança que vê com olhos preocupados a proximidade do futuro. Em cada palavra, o desejo de mais atenção para o uso da água é expresso com delicadeza. No traço de quem conheceu a realidade dos recursos hídricos em Passo Fundo (RS) é possível identificar a angústia de quem busca fazer a sua parte, ainda que pequena, pela preservação ambiental. É, justamente, esse olhar de 45 meninos e meninas que, em 2015, participaram do projeto “Água em foco: em busca da preservação dos recursos hídricos”, realizado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Passo Fundo, que guia as quase cem páginas da obra.
Produzido pelo Comitê em parceria com o Instituto Redentorista Menino Deus, o livro foi lançado no dia 19 de fevereiro. É resultado do projeto desenvolvido na escola, de março a julho de 2015, e reúne trabalhos confeccionados pelos alunos que, a cada mês, receberam um novo desafio. Convidados a refletir sobre temas relacionados ao meio ambiente e, mais diretamente, à água, os alunos participaram de atividades teóricas e práticas que abordaram o solo, a biodiversidade, a mata ciliar e a importância da água para a vida e, mais especificamente, o Rio Passo Fundo e seu percurso e qualidade dentro da cidade.
Ao fim de cada encontro, as crianças produziram textos, poesias, desenhos com a técnica do giz pastel, propagandas e participaram da montagem de um boneco capaz de representar as ações de cada um na preservação ambiental. No final do projeto, os trabalhos foram reunidos e selecionados pelo Comitê Rio Passo Fundo e se transformaram no livro.
O PROJETO
Desenvolvido pelo Comitê Rio Passo Fundo, o projeto concentrou esforços na educação ambiental de crianças e adolescentes da cidade de Passo Fundo – localizada a 229 km de Porto Alegre, na região Norte do Estado. Também buscou a sensibilização da comunidade para o uso consciente da água e um maior cuidado com os recursos naturais.
O projeto, pioneiro para o Comitê e para o colégio, foi desenvolvido com duas turmas do sétimo ano do Instituto, e envolveu 45 crianças - entre 12 e 13 anos - que, durante o projeto ficaram imersas em atividades que foram além da sala de aula. As ações envolveram o apoio dos membros do Comitê na explicação teórica e prática dos conceitos estudados.
FELICIDADE
Para o presidente do Comitê Rio Passo Fundo Claudir Luiz Alves, o resultado é motivo de felicidade. “Cada um pensa e entende a água de uma forma diferente. E tudo isso está nas páginas desse livro. Não sabíamos qual seria a reação dos alunos e dos professores e, por isso, estamos felizes com o resultado, agradecemos quem nos ajudou e temos agora força para engatar uma segunda edição do Água em Fo co. O Comitê está satisfeito com aquilo que conseguiu realizar ao lado desses alunos”, enfatizou.
O sentimento se reflete na escola. “Estamos muito felizes. Colhemos frutos de etapas plantadas. Temos, agora, a conclusão de um trabalho sobre a água. Para aprender a valorizar e trabalhar a questão da água contamos com a colaboração do Comitê Rio Passo Fundo que nos acompanhou o ano todo”, destacou a diretora da escola, Márcia Muccini.
APROXIMAÇÃO
Para os alunos que se engajaram na causa, a percepção é de que é preciso olhar para o lado. “Quando vemos algo que passa na TV, não percebemos o que está acontecendo perto de nós. Eu me pergunto se a água vai ser suficiente para todas as pessoas que precisam dela. Ao participarmos desse projeto, vimos que a água não é ilimitada, não dura para sempre, um dia vai acabar. Será que as pessoas vão perceber que estão erradas ao não cuidar da água?”, questionou Luísa Rodrigues.
Ao que parece, os questionamentos, dúvidas e apreensões serão carregados pelos alunos. O conhecimento e o aprendizado obtidos a partir dos encontros também. “Conscientes todos nós já estamos, o que falta é a sensibilidade com a causa, uma vez que o problema, em si, não é uma seca que nos atinge. Eu creio que a sensibilização foi o diferencial do projeto”, afirmou a aluna Maria Eduarda dos Santos. Segundo ela, a total sensibilização só é alcançada quando se passa da teoriapara a prática, de forma dinâmica. “Certamente vou levar adiante o conhecimento que adquiri”, conclui.
O livro Água em foco está disponível para a comunidade e pode ser encontrada, de forma gratuita, na sede do Comitê Rio Passo Fundo, ou em versão digital .
SAIBA MAIS SOBRE OS COMITÊS
Os comitês de bacias são organismos colegiados que fazem parte do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh), do qual o Ministério do Meio Ambiente (MMA) faz parte, e existem no Brasil desde 1988. A composição diversificada e democrática desses “parlamentos das águas” contribui para que todos os setores da sociedade com interesse sobre a água na bacia hidrográfica tenham representação e poder de decisão sobre a gestão.
Os membros do colegiado são escolhidos entre seus pares, sejam eles dos diversos setores usuários de água, das organizações da sociedade civil ou dos poderes públicos. Entre as principais competências estão a aprovação do Plano de Recursos Hídricos da Bacia; arbitrar conflitos pelo uso da água, em primeira instância administrativa; estabelecer mecanismos e sugerir os valores da cobrança pelo uso da água.
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