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Ministro critica pauta de países ricos para Rio+10
O ministro do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, afirmou hoje (17/04) que a discussão sobre a questão da pobreza na Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+10), que será realizada em Johanesburgo, não pode excluir os outros graves problemas ambientais mundiais. ?O modelo econômico que permite o aumento da pobreza é o mesmo que promove a degradação ambiental?, disse. Carvalho recebeu a visita do vice primeiro-ministro da Grã-Bretanha, John Prescott, que visita diversos países discutindo as posições britânicas a serem apresentadas na Conferência. Ele informou ao vice primeiro-ministro que o Brasil pretende discutir seriamente a mudança nos padrões de consumo dos países desenvolvidos, pois este modelo de desenvolvimento é diretamente responsável pelo agravamento dos problemas ambientais. ?A assimetria existente hoje acentua o poder das economias centrais e agrava as dificuldades dos países em desenvolvimento?, afirmou o ministro, durante o encontro. Carvalho destacou que os problemas ambientais se acentuaram desde 1992 em função da globalização. Ele disse, no encontro com o representante do governo britânico, que não há mais espaço para se fazer apologia sobre a necessidade de proteger o meio ambiente. ?É preciso ações concretas e com prazos de cumprimento definidos. Não iremos resolver o problema da pobreza com filantropia internacional?, destacou o ministro. Segundo John Prescot, a ênfase da participação britânica em Johanesburgo será o combate à pobreza nos países pobres. Na opinião de Carvalho, a discussão em Johanesburgo deve ser feita no contexto da Rio-92, ou seja, na busca de alternativas para o desenvolvimento sustentável. Ele defende, ainda, a definição de instrumentos concretos de cooperação bilateral pelos quais os países mais ricos possam auxiliar os países pobres e os em desenvolvimento. Carvalho enfatizou que não é possível dissociar pobreza de sustentabilidade. Ele destacou que rediscutir a ordem econômica mundial é fundamental para possibilitar a elevação do padrão de renda nos países pobres e em desenvolvimento. O ministro lembrou que o conceito de desenvolvimento sustentável pressupõe o combate à pobreza. De acordo com Fábio Feldman, coordenador da participação brasileira na Rio+10, que também participou do encontro, se a discussão ficar centrada na pobreza, especialmente na pobreza africana, como pretendem os países mais ricos, a agenda da Conferência terá o foco alterado. Segundo ele, embora o Brasil esteja solidário com os países africanos, se forem excluídas as questões relativas ao desenvolvimento sustentável, ?em vez de discutirmos uma agenda Norte-Sul estaremos discutindo uma agenda Sul-Sul?.