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Ministra quer mais recursos para pesquisas sobre mudanças climáticas
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, defendeu, hoje, na Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-10), a criação de mecanismos de apoio, especialmente financeiros, para aprofundar parcerias para a formação de uma rede de centros de pesquisa em ciências climáticas em países em desenvolvimento. O objetivo é a busca de soluções para a adaptação aos impactos provocados pelas mudanças climáticas.
A ministra afirmou que, embora haja consenso sobre a importância do assunto, houve poucos avanços, em termos de ações concretas, na área de adaptação à mudança do clima. "Ainda que haja limitações quanto ao conhecimento da evolução do clima em âmbito planetário, o grau de incerteza é mais elevado nas regiões mais pobres do planeta, em função da ausência de estudos aprofundados sobre a evolução do clima nessas regiões", disse a ministra, em intervenção no painel ministerial "Impactos da mudança do clima, medidas de adaptação e desenvolvimento sustentável".
A ministra Marina Silva frisou que o Brasil trabalha para reduzir drasticamente o desmatamento, especialmente na Amazônia. Mas ressaltou que os esforços dos países em desenvolvimento para a proteção de seus ecossistemas pode ser anulado pela ausência de comprometimento de alguns países com as decisões tomadas anteriormente no âmbito da Convenção. Ela afirmou que praticamente nada foi feito, até agora, para avaliar e entender os impactos da mudança climática sobre ecossistemas vulneráveis como as florestas tropicais e também para a adoção de medidas concretas que apóiem os países em desenvolvimento na adaptação a esses impactos. "A conseqüência da inação, nesse caso, é a perda substantiva da diversidade biológica que os mesmos países que aqui estão tanto combatem em outros foros internacionais", disse Marina Silva.
Segundo a ministra, os países em desenvolvimento, os mais afetados pela mudança climática, não estão tendo suas necessidades reconhecidas pelos principais responsáveis pelos impactos e também os que têm maior capacidade de mitigá-los, estudá-los e promover as medidas de adaptação necessárias. "Tampouco parece estar havendo o reconhecimento do principio consagrado nesta Convenção de que as responsabilidades são comuns, mas diferenciadas", afirmou Marina Silva.
A ministra ressaltou que a previsão dos impactos futuros da mudança do clima é um dos principais desafios científicos da atualidade. Ela destacou que, apesar das limitações quanto ao conhecimento da evolução do clima em âmbito planetário, o grau de incerteza é mais elevado nas regiões mais pobres do planeta, pela ausência de estudos aprofundados sobre a evolução do clima nessas regiões. Marina Silva considera que, para superar o problema, é preciso uma política de cooperação científica e tecnológica de grande alcance amparada pela Convenção.
A ministra citou como exemplo do potencial para cooperação o trabalho do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Brasil, que mantém parcerias tradicionais com centros de pesquisas climáticas em países desenvolvidos e em desenvolvimento. "Com base nessas parcerias, o Centro brasileiro desenvolve estudos de modelagem climática regional que auxiliam na compreensão dos impactos da mudança do clima na América do Sul, subsidiando a formulação de políticas de adaptação nos países do continente", afirmou Marina Silva.