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Ministra propõe criação de grupo interministerial para cuidar do Cerrado
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou hoje que irá sugerir ao governo a convocação de um grupo interministerial para traçar uma estratégia de desenvolvimento sustentável para o Cerrado que envolva os diferentes setores. A proposta de ministra é que o governo trabalhe em conjunto, da maneira em que está sendo elaborado o Programa Amazônia Sustentável, que reúne 15 ministérios, e o programa de desenvolvimento sustentável para o semi-árido, que começa a ser traçado pelo Ministério da Integração Nacional. "Essa é uma idéia que está se iniciando no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É a primeira vez que está se trabalhando a idéia de que a política ambiental esteja integrada a outras ações de governo", disse a ministra.
Segundo ela, a adoção de uma política de desenvolvimento sustentável integrada e transversal é o melhor caminho para responder à degradação crescente do Cerrado e construir uma estratégia para sua utilização de forma sustentável. A ministra entende que é necessário trabalho conjunto entre governo, iniciativa privada, associações de agricultores familiares, instituições de pesquisa, universidades e ONGs para resolver a questão do desmatamento do Cerrado. "Não podemos nos conformar em hipótese alguma com a idéia de que o desenvolvimento vai sempre se sobrepor à necessidade da preservação, da inclusão social, do uso sustentável. É o contrário, para que haja desenvolvimento efetivo é fundamental que ele seja feito em bases sustentáveis", afirmou Marina Silva.
Em comemoração ao Dia do Cerrado (11 de setembro), a ministra recebeu o Programa Nacional de Conservação e Uso Sustentável do Bioma Cerrado. O documento foi elaborado pelo Grupo de Trabalho Cerrado, composto por representantes do governo e da sociedade e deverá servir de base para estratégia de governo para o Cerrado. O programa traz propostas para reverter os impactos socioambientais negativos sobre o bioma por meio da conservação, restauração, recuperação e manejo sustentável de ecossistemas naturais e agropecuários. A iniciativa busca, ainda, a valorização e o reconhecimento das populações tradicionais do Cerrado.
A ministra anunciou, ainda, o lançamento de um edital do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA), em parceria com a Embrapa e o Ministério do Desenvolvimento Agrário, no valor de R$ 5 milhões. O objetivo é fornecer assistência técnica e extensão rural em atividades florestais aos agricultores familiares do Cerrado. Durante a solenidade foi lançado o portal Cerrado Brasil (http://cerradobrasil.cpac.embrapa.br), com o objetivo de divulgar informações sobre a importância ambiental e social do bioma.
O Cerrado é o segundo maior bioma do país. Com cerca de 2 milhões de km², que se estendem em área contínua por 11 estados brasileiros: Bahia, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Piauí, São Paulo e Tocantins. As estimativas são de que cerca de 50% da área original do bioma estejam alteradas. O Cerrado abriga nascentes e cursos de água que escoam para as bacias dos rios Amazonas, Tocantins, Parnaíba, São Francisco, Paraná e Paraguai.
Os principais problemas socioambientais do Cerrado são o desmatamento e queimadas para incorporação de novas áreas para a agricultura comercial, as grandes obras de infra-estrutura, planejadas sem a observação da variável ambiental, e o uso abusivo da água para a irrigação.
A ministra destacou que a preservação do Cerrado é fundamental para os investimentos do agronegócio podem ser prejudicados se não houver uma preocupação com a preservação dos recursos hídricos. "A preservação não é em oposição ao desenvolvimento, nem o desenvolvimento tem que ser em oposição à conservação", concluiu.