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Seminário reúne iniciativas sustentáveis
Práticas selecionadas em edital do MMA foram apresentadas nesta sexta-feira, em Brasília, pela programação da Semana contra o Desperdício de Alimentos.
Publicado em
09/11/2018 20h10
Atualizado em
12/11/2018 21h17
Brasília –
O que a uvaia, a goiaba serrana e a farinha de coco têm a ver com sacos reutilizáveis e tecido feito com cera de abelha para conservar legumes e verduras? Todos esses itens são os principais produtos e a inspiração de projetos bem-sucedidos e empresas inovadoras que enxergam a sustentabilidade como um compromisso para cuidar melhor do mundo e das pessoas.
Essas e outras iniciativas participaram, nesta sexta-feira (9), do seminário realizado dentro da programação da
Semana Nacional de Conscientização da Perda e Desperdício de Alimentos 2018
, promovida pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) de 5 a 10 de novembro, em Brasília.
Quinze boas práticas foram selecionadas na Chamada Pública que o MMA lançou no início de outubro. Foram selecionadas três iniciativas para cada categoria (produção, pós-colheita, processamento, comercialização e consumo).
Segundo a secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério, Rejane Pieratti, o evento reuniu, pela primeira vez, experiências que podem ser replicadas por todo o Brasil. “Recebemos cases maravilhosos, mostrando que tem muita ação boa acontecendo no país com essa pegada sustentável para evitar o desperdício”, destacou.
FRUTOS CATARINENSES
O Núcleo de Estudos em Gastronomia do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) foi um dos selecionados. Desde 2010, trabalha com ingredientes do estado como uvaia, goiaba serrana, pinhão, araçá vermelho, pitanga, erva mate e jabuticaba, entre outros, com o objetivo de valorizar a cadeia produtiva, explorando a rica biodiversidade do estado.
“Muitos desses itens eram descartados pelos produtores rurais e, algumas vezes, eram dados como alimento aos porcos. A escolha dos ingredientes é a primeira batalha na busca por hábitos mais sustentáveis de consumo, que beneficiem a economia local e melhorem a saúde da população”, disse Patrícia Matos, representante do IFSC.
As frutas vêm sendo beneficiadas e transformadas em sorvetes, mousses, na forma de tempero para carnes, essência para sobremesa, farofa e vinagrete, geleias, compotas. Com maior valor agregado, os produtos vêm encantando o consumidor final e os chefs locais e do Brasil, surpreendendo de forma positiva.
Segundo Patrícia, a utilização de produtos locais e nativos impacta diretamente na diversificação da produção de uma comunidade, amplia as formas de emprego e renda, propiciando o desenvolvimento de novos produtos a partir da combinação de tecnologia com produtos locais, reduzindo perdas e desperdícios.
SACOS SUSTENTÁVEIS
Muita gente já deve ter passado por essa situação. Você compra legumes, frutas e verduras, guarda na geladeira e, quando vai pegar para comer, está tudo estragado. O produto, criado em 2015 pelas amigas Rosângela Rua e Cristiane Lopes, ajuda exatamente a combater esse desperdício. São sacos que têm uma manta isolante para conservar os alimentos.
Muita gente já deve ter passado por essa situação. Você compra legumes, frutas e verduras, guarda na geladeira e, quando vai pegar para comer, está tudo estragado. O produto, criado em 2015 pelas amigas Rosângela Rua e Cristiane Lopes, ajuda exatamente a combater esse desperdício. São sacos que têm uma manta isolante para conservar os alimentos.
O design hermético dos sacos reduz drasticamente o processo de amadurecimento e prolonga a frescura das frutas e legumes em até duas semanas completas. Basta colocar no saco e puxar o cordão, para manter o oxigênio fora. As embalagens da So Bags, boa prática selecionada para o seminário no MMA, são feitas em nylon e algodão, duráveis, reutilizáveis, resistentes e fáceis de limpar.
A linha algodão, que pode ser utilizada dentro ou fora da geladeira, preserva alho e cebola por até oito semanas. Já batatas ou raízes por até quatro semanas. Para combater o desperdício, elas dão uma dica. “É importante não misturar legumes e verduras. Se misturar o tomate com uma folha, por exemplo, ela vai durar menos tempo, porque o gás do tomate estraga as coisas que estão dentro da sua geladeira”, alertam.
VIDA NOVA PARA O SEMIÁRIDO
O projeto ‘Fortalecendo o Semiárido’, da Prefeitura de Juazeiro (BA), realizado através da Agência de Desenvolvimento Econômico, Agricultura e Pecuária (ADEAP), também foi uma das boas práticas apresentadas durante o seminário.
O projeto consiste na capacitação de empreendedores rurais do município, e tem como objetivo promover o desenvolvimento econômico dos produtores da agricultura familiar, bem como qualificar, valorizar e padronizar a cadeia produtiva de forma sistemática e continuada, sustentável, participativa e descentralizada. Outra finalidade é reduzir as desigualdades regionais.
“Queremos que eles aprendam a usar melhor os recursos, sem esquecer a sua cultura, porque precisamos fortalecer a cultura do nosso sertão. Buscamos estimular a criatividade, estimular o uso integral dos alimentos para evitar que passem necessidades”, explica Ataíldes Pinheiro, representante do projeto.
Nove distritos de Juazeiro já foram agraciados – beneficiando uma média de 160 famílias, oportunizando autoestima e conhecimento aos contemplados. Para apresentar seus produtos aos participantes do seminário, o projeto trouxe farinha de coco, banana cristalizada, bolo da casca, petisco de semente de abóbora, entre outros itens.
BEE ECO
O projeto Bee Eco, de Luciana Caran e Fernanda Gianesi, foi selecionado para o seminário por tratar do problema da conservação de alimentos, uma das principais causas que resultam em perdas de produtos. “Buscamos uma solução para a baixa durabilidade dos alimentos in natura, principalmente depois de abertos”, explica Luciana.
Em geral, a conservação de alimentos é feita com filmes de PVC, principalmente para embalar frutas abertas, uma solução nada sustentável e com alto impacto no meio ambiente pelas dificuldades em ser reciclado.
O Bee Eco é um tecido encerado com cera de abelha, breu e óleo de coco que é produzido com resíduos têxteis. Depois de usado e terminada sua vida útil, estimada em seis meses, ele pode ser ainda compostado, sendo uma solução 100% sustentável. Outra vantagem é que a cera é antibacteriana, dura seis meses e a produção é toda feita usando logística reversa (com tecidos descartados de indústrias têxteis).
A empresa tem apenas dois meses e o produto vem sendo vendido em congressos e feiras com a temática sustentável e pelo Instagram da empresa. “Nosso próximo passo é expandir envolvendo comunidades carentes na produção”, conta Luciana.
ENCERRAMENTO NA CEASA
ENCERRAMENTO NA CEASA
Para conhecer essas e todas as boas práticas selecionadas, acesse o hotsite da
Semana Nacional de Conscientização sobre Perdas e Desperdícios de Alimentos 2018
, que reúne ainda orientações sobre planejamento de compras, reaproveitamento de toda a sacola da feira e de todas as partes dos alimentos, conservação e durabilidade, entre outras informações.
Encerrando a Semana, o MMA promove, juntamente com a Emater-DF, a Ceasa, a Fundição Progresso, os chefs de cozinha Fernando Souza e Fábio Marques (que formam o Double chefs), um evento neste sábado, na Ceasa, de 8h às 12h, para ensinar ao público como reaproveitar totalmente os alimentos em receitas e preparar pratos à base de Plantas Comestíveis Não Convencionais (Pancs).
Conheça, a seguir, as iniciativas apresentadas no Seminário:
Confira as
29 práticas selecionadas
pelo edital de boas práticas no combate ao desperdício de alimentos.
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Por: Marta Moraes/Ascom MMA