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Ibama lança lenha ecológica de resíduo madeireiro
Brasília (DF) ? Empenhado em pesquisar formas de valorizar e dar destinação ambientalmente adequada aos resíduos vegetais ? especialmente os madeireiros ? o Ibama, por intermédio do Laboratório de Produtos Florestais (LPF) lança nesta terça-feira (29), a lenha ecológica de briquete, produzida com restos de madeira descartados pelas indústrias e com pó de serragem. Anualmente, o país produz 30 milhões de resíduos vegetais, a maior parte abandonada a céu aberto, sem qualquer utilização.
A viabilidade ambiental e econômica da lenha ecológica ? mais uma opção de uso dos briquetes ? será testada pelo pesquisador Waldir Quirino ? especialista em energia proveniente da biomassa. Compacto e extremamente denso, o briquete vegetal produz três vezes mais energia que a lenha, podendo substituir com vantagem quaisquer processos de queima, informou Quirino. Ele disse que um metro cúbico de briquete equivale a três ou a quatro metros cúbicos de lenha ou a dois metros cúbicos de carvão. É ideal para churrasqueiras, fogões e fornos industriais de padarias, olarias, laticínio, caldeiras, e até mesmo para uso doméstico.
ENERGIA LIMPA e EXPORTAÇÃO - O pesquisador do LPF/Ibama garantiu que 30 quilos de briquetes seriam suficientes para iluminar com energia limpa, proveniente da biomassa, uma residência que consome 100 Kwh/mês de luz elétrica de fonte hidráulica. Isto significa que utilizando apenas 70% de resíduo vegetal é possível produzir energia elétrica de baixo impacto ambiental para iluminar os cerca de 40 milhões de domicílios brasileiros com 100 Kwh/mês.
Os benefícios ambientais do briquete despertaram o interesse da Comunidade Econômica Européia (CE) à procura de alternativas de energia limpa para substituir fontes fósseis e nucleares. A CE quer importar grandes volumes de briquetes ? a partir de 200 mil toneladas/ano, a começar pela França e pela Espanha. Com esse propósito, esteve no Brasil o representante do Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad), órgão francês equivalente à Embrapa. Alfredo Napoli veio reforçar a participação do Ibama no intercâmbio científico-tecnológico de cooperação bilateral na área de energia proveniente da madeira.
PhD em Valorização Energética de Resíduos e interlocutor oficial do governo brasileiro com o Cirad, Quirino viaja para a França no começo de maio para discutir as possibilidades técnicas e econômicas de exportação do briquete. O projeto está sendo elaborado pelo Ibama em parceria com o órgão francês e grandes grupos privados brasileiros para apresentação ao ministério do Meio Ambiente.
LENHA ECOLÓGICA ? Cerca de 70% da energia se perdem em forma de gases durante a produção de carvão, cujo aproveitamento poderá ser total usando a lenha ecológica nesse processo. Quirino explicou, ainda, que uma adaptação simples das grandes churrasqueiras para substituir lenha e/ou carvão por briquete proporcionará um churrasco sem contaminação de fumaça. Além de eliminar os resíduos do meio ambiente, agregar valor aos produtos florestais, gerar energia mais limpa, facilitar o transporte e gerar emprego e renda, a briquetagem é fundamental para viabilizar a certificação florestal e a exportação dos produtos madeireiros.
Para o empresariado do setor, outra grande vantagem do briquete é dar destinação correta aos resíduos ? uma das condições impostas pelos financiadores externos às empresas de reflorestamento. O pesquisador do Ibama está desenvolvendo projeto para adaptação de fornos, fogões e churrasqueiras interessados em trocar o uso da lenha e do carvão por briquete. O teste será realizado na churrascaria do Centro de Tradições Nativistas (CTN): Setor de Clubes Sul, Trecho 02, Lote 33 - Brasília/DF, a partir das 20h.
ASCOM Ibama