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Ibama coíbe desmatamento e trabalho escravo em Rondônia
Equipes de fiscalização do Ibama embargaram uma área de aproximadamente nove mil hectares, em duas fazendas, no Cone Sul de Rondônia, impedindo o desmatamento de mais de 3,5 mil hectares. No local, outros cinco mil hectares já haviam sido desmatados. O Ministério do Trabalho foi acionado porque nas duas propriedades foram identificados 166 "trabalhadores escravos". Segundo o gerente executivo do Ibama em Ji-Paraná, Valmir de Jesus, este é o maior desmatamento ilegal encontrado na Amazônia este ano.
A operação "Controle de desmatamento e queimadas no Cone Sul de Rondônia", está sendo realizada desde o último domingo, pelo Núcleo de Operações Aéreas do Ibama e conta com o apoio do Exército e das polícias Federal e Militar de Rondônia.
O trabalho começou com uma fiscalização de desmatamento ilegal nas áreas indígenas de Zoró, Surui e Cinta Larga, no município de Espigão do Oeste (Sul do Estado). No local foi confirmada a atuação de aproximadamente 20 grandes madeireiras irregulares, que foram embargadas e multadas. Alem disso, nas áreas indígenas, 4 mil metros cúbicos de madeiras foram apreendidos pelo Ibama, em conjunto com a Funai.
Desmatamento e trabalho escravo
Em seguida as equipes de fiscalização seguiram para os municípios de Vilhena, Corumbiara e Cerejeiras, região onde está ocorrendo grandes desmates e queimadas. Na fazenda San Joaquim, de propriedade de Roberto Caldas, foi constatada a existência de 106 pessoas trabalhando em regime considerado escravo e localizado um desmate irregular de aproximadamente 4 mil ha.
"Os trabalhadores, que tinham suas carteiras profissionais e documentos retidos na fazenda foram liberados e encaminhados ao Batalhão da PM em Cerejeiras. Em seguida acionamos o Ministério do Trabalho", informa o gerente do Ibama em Ji-Paraná, Valmir de Jesus. Segundo ele, o Ibama está realizando um levantamento para verificar se o desmatamento atingiu o Parque Estadual de Corumbiara, vizinho à área. O desmatamento foi embargado e aplicada uma multa superior a R$ 1 milhão.
A outra fazenda autuada foi a Mequéns, de Jairo Correia. "Na propriedade foram encontrados um desmatamento de 1,5 mil hectares e 3,5 mil outros há brocados (limpeza rasteira que prepara a área para o desmate), que foram salvos do desmatamento", informou o gerente do Ibama. Segundo ele, os 60 trabalhadores escravos da Fazenda Mequéns estavam ainda em piores condições. "Encontramos doentes, com febre e malária, mulheres grávidas, feridos, sem assistência médica e com os documentos retidos na fazenda. Resgatamos os 60 e acreditamos que nos outros acampamentos da propriedade onde não conseguimos chegar estejam mais trabalhadores em condição escrava", comenta Valmir de Jesus. Também neste caso, o Ministério do Trabalho foi acionado. O gerente informou que o desmatamento foi embargado e será aplicada uma multa também superior a RS 1 milhão.
Nas propriedades foram apreendidos um trator, geradores, 2,4 mil litros de gasolina, 30 motosserras, 20 machados e 500 litros de óleo diesel, que seriam utilizados para terminar os desmatamentos. O gerente concluiu informando que a fiscalização vai continuar por tempo indeterminado, na região de Costa Marques, onde existem denúncias de grandes desmates irregulares.