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Governo incentiva uso de plantas nativas
Aldem Bourscheit
Esta semana serão definidas plantas nativas do Centro-Oeste cujo uso na agricultura e na indústria será incentivado pelo governo. Deverão ser selecionadas cerca de 40 entre 500 espécies já avaliadas. O debate será no Hotel Nacional, em Brasília, de 29 de junho a 1º de julho. Participarão representantes do Ministério do Meio Ambiente, do Ibama, da Embrapa, de instituições de ensino e pesquisa, de governos estaduais e municipais e da indústria.
A pesquisa realizada nos três estados do Centro-Oeste e no Distrito Federal foi coordenada pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargen). O trabalho faz parte do projeto Plantas para o Futuro, do Ministério do Meio Ambiente. Ao todo, estão sendo investidos R$ 1,4 milhão para estudos nas cinco regiões. O projeto foi lançado no fim de 2003. "Os resultados de todo o País e especialmente da Amazônia serão impressionantes. Existem centenas de espécies subutilizadas", disse Lídio Coradin, gerente de Recursos Genéticos do MMA.
Com o trabalho, são identificadas plantas, muitas já usadas pelas populações, que poderão ter seu uso ampliado como alimento e até se tornar insumos para os mais variados ramos da indústria, como de cosméticos, fitoterápicos e corantes, por exemplo. A idéia é fazer com que as riquezas naturais do País sejam mais utilizadas na agricultura e também pelas empresas, inclusive como alternativa a variedades estrangeiras.
De acordo com o gerente, o Brasil teria o maior número de espécies de plantas do Planeta, no entanto, a economia agrícola do País estaria dominada por variedades estrangeiras. As espécies mais consumidas de uva, laranja, batata, soja, trigo, milho e até dos tradicionais feijão e arroz são exemplos de variedades vindas de fora mas amplamente difundidas na agricultura nacional. "A goiaba-serrana, nativa do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina e de partes do Uruguai e da Argentina, hoje é cultivada na Nova Zelândia e na França e serve para a fabricação de 13 produtos, inclusive champagne", disse.
As pesquisas desenvolvidas pelo Plantas para o Futuro também ajudarão a preservar espécies nativas, mesmo que não venham a ser usadas em maior escala. Segundo Coradin, a nossa biodiversidade precisa ser valorizada, conhecida e usada de forma sustentável. "Assim garantiremos sua preservação", ressaltou Coradin.
A lista de espécies da Região Nordeste será definida durante reunião entre os dias 17 e 19 de agosto, em Recife (PE). Os debates nas demais regiões ainda não têm data marcada, mas acontecerão em Belém (PA), em Florianópolis (SC) e Belo Horizonte (MG).
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