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Falta de alternativas contribui para degradação Semi-Árido
Fortaleza (CE) - Jucá, mororó, pereiro, angico, catingueira, catanduva e jurema-preta, árvores comuns do Semi-Árido brasileiro e ainda muito usadas pelas populações para a produção de lenha e de carvão. A falta de alternativas energéticas, aliada ao mau uso dos recursos naturais e à agropecuária extensiva são os principais fatores que têm contribuído para a desertificação no país. De acordo com o coordenador da Unidade de Apoio Nordeste do Programa Nacional de Florestas, Newton Barcellos, quase que a totalidade da madeira hoje retirada do Semi-Árido é obtida de forma predatória. "Os planos de manejo existentes não atendem à demanda residencial e industrial", disse.
De acordo com Barcellos, essa situação pode começar a ser revertida com ações previstas no Programa Nacional de Florestas do Governo Federal. Entre elas, se destacam a ampliação da área de florestas manejadas na caatinga, o plantio de árvores nativas e também exóticas e o melhor aproveitamento da lenha e do carvão. Segundo ele, a área manejada no Semi-Árido deveria crescer em aproximadamente 120 mil hectares para atender à demanda, com um incremento anual médio de 30 mil hectares. "Essas medidas auxiliariam em muito a reduzir a pressão sobre os recursos naturais da caatinga", disse o coordenador na Oficina Programa Nacional de Florestas, durante a 1ª Conferência Sul-Americana sobre o Combate à Desertificação, em Fortaleza (CE).
Para o engenheiro florestal, o melhor aproveitamento da lenha, usada em grande escala no Semi-Árido, é fundamental para reduzir o corte de árvores, o que contribui para a desertificação. De acordo com Barcellos, no grande produtor de cerâmicas do Rio Grande do Norte, o município de Seridó, seria possível reduzir o uso de lenha em até 30% com técnicas mais eficientes de queima.
O coordenador do PNF, no entanto, alerta para o fato de que o plantio de florestas não pode se dar em grandes extensões devido à baixa quantidade de chuvas no Semi-Árido. Frente a esse problema, ele aposta no chamado "florestamento peridoméstico", aproveitando espaços nos entornos de habitações, de currais e até de pequenos empreendimentos. Agindo dessa forma, disse, poderia ser garantido o abastecimento de lenha para uso familiar e até para pequenos empreendimentos.
O uso mais racional dos recursos naturais do Semi-Árido também pode ser incentivado com novas linhas de financiamento e assistência técnica adequada à realidade da Caatinga. Para tanto, existem programas como o Pronaf Florestal, desenvolvido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, para estimular os agricultores familiares a plantar e fazer um manejo adequado das florestas. E através do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA), serão apoiadas instituições para trabalhar com assistência técnica, durante quatro anos, em toda a região do Semi-Árido.