Notícias
Excesso de chuvas no Nordeste pode garantir água por dois anos
O excesso de chuvas que hoje causa danos à população do Nordeste pode também significar garantia de água para os próximos dois anos nas áreas abastecidas pelos grandes reservatórios da região. Esta é uma das conclusões do relatório sobre o panorama dos recursos hídricos no Brasil apresentado pela Agência Nacional de Águas - ANA hoje pela manhã, na reunião do Grupo Interministerial criado para acompanhar a evolução das chuvas nas regiões de risco.
Segundo dados da ANA, reservatórios como o de Orós e Banabuiú, no Ceará, Armando Ribeiro Gonçalves e Santa Cruz, no Rio Grande do Norte, Curemas Mãe DÁgua e Epitácio Pessoa, na Paraíba, Jucazinho e Eng. Francisco Sabóia, em Pernambuco, estão com sua capacidade máxima de acumulação. Orós não enchia há 15 anos, afirmou o engenheiro Joaquim Gondim, da Superintendência de Usos Múltiplos da ANA.
Na bacia do São Francisco as chuvas se concentraram depois das represas de Três Maria e Sobradinho, principais reservatórios de regularização da bacia. Isto fez com que não houvesse, até agora, um aumento significativo no volume armazenado para geração de energia elétrica.
Segundo dados deste relatório, em outros estados, a situação também continua preocupante. No Piauí, a capital Teresina, enfrentou uma das piores enchentes do rio Poti. No rio Parnaíba, a vazão liberada pelo reservatório Boa Esperança foi reduzida de 1.900 m3/s para 1.750 m3/s. A recomendação do relatório, entretanto, é que a Defesa Civil e a população devem permanecer atentas, em especial no trecho abaixo de Boa Esperança.
No Ceará, na cidade de Fortaleza, registrou-se a maior chuva diária desde 1910. O açude do Castanhão, recém concluído, localizado no município de Alto Santo, está retendo um grande volume de água e evitando a cheia na região do baixo Jaguaribe.
Em Pernambuco, o rio Ipojuca também apresentou grande cheia. As regiões mais afetadas foram as cidades de Caruaru e Bezerros. Na Paraíba, os reservatórios Epitácio Pessoa e Acauã estão vertendo, provocando transtornos na região.
O cenário de risco nos reservatórios isolados de menor porte ainda persiste e, de modo geral, eles estão com as suas capacidades de armazenamento esgotadas. As próximass chuvas provocarão aumento do nível da água vertida. Por isto o relatório continua recomendando especial atenção.
O rio Araguaia-Tocantins apresenta uma vazão de 33.mil m³/s, em Tucuruí, exigindo, segundo os técnicos da ANA, estado de alerta na região. Algumas cidades da bacia já apresentam problemas, como Marabá e Imperatriz.
Nas áreas metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro, o panorama continua preocupante. As chuvas que caem não estão alimentando os principais reservatórios que abastecem as duas cidades. É o caso do sistema Cantareira, responsável pela água que abastece cerca de 48% da população de São Paulo, e do sistema Paraíba do Sul, que abastece a região metropolitana do Rio de Janeiro.