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Brasil prendeu 35 peruanos por roubo de madeira
Aldem Bourscheit
Em quase um ano de sobrevôos e ações por terra contra o roubo de madeira brasileira no Acre, 35 peruanos foram presos e 3,5 mil metros de madeira foram apreendidos. Nesse período, três brasileiros também foram detidos transportando cocaína pela fronteira. Eram "mulas" do narcotráfico.
Essa é parte do saldo de operações que o Ibama, Polícia Federal e Exército vêm realizando em parte da Amazônia desde agosto de 2004. Na época, o roubo de madeira foi denunciado à ministra Marina Silva por Ashaninkas, que vivem na Terra Indígena Kampa, na fronteira com o Peru.
Apesar da investida do governo brasileiro, que tem promovido operações mensais na região, a invasão do País para o roubo de espécies como mogno e cedro continua. Na semana passada, mais um peruano foi preso e cerca de 300 metros cúbicos de madeira em pranchas foram apreendidos.
Todos os peruanos presos são processados no Brasil, mas acabam soltos em poucos meses. A maioria não possui qualquer documento e muitos são vítimas de trabalho escravo. A madeira apreendida é sempre destruída, pois não há estradas de acesso no lado brasileiro.
Esse problema e o desenvolvimento da fronteira Brasil-Peru será debatido esta semana entre representantes dos governos dos dois países em Pucallpa, na Província de Ucayali, maior pólo madeireiro peruano. A cidade está a 250 quilômetros de Cruzeiro do Sul, no Acre.
De acordo com Kléber Ramos Alves, do Ibama, que participará do encontro, os ladrões de madeira abriram uma grande quantidade de estradas clandestinas na floresta, usadas para o roubo de árvores e como rotas de fuga. "Outra estratégia é serrar as toras na própria mata, o que facilita o transporte da madeira", disse.
A escassez de madeiras nobres no Peru não seria o único motivo para a invasão do território nacional. Segundo Alves, o uso das riquezas brasileiras também seria uma forma de "economizar" árvores naquele País.
Após a reunião de Pucallpa, já no fim de semana, será realizado um sobrevôo sobre parte do Acre, na fronteira do Brasil com o Peru. Participarão representantes do Ibama, da Polícia Federal, do Exército Brasileiro, do Inrena (Instituto Nacional de Recursos Naturales, órgão ambiental peruano), do governo e do Exército do Peru. "Os peruanos precisam ver de perto a situação para que possamos chegar a uma solução para o problema", salientou Alves.
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