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Terras Indígenas
Governo federal inaugura Casa de Governo para coordenar ações na TI Yanomami
Comitiva de ministros participa de entrevista coletiva na instalação da Casa de Governo em Boa Vista. Foto: Lucas Leffa/Secom
O governo federal instalou nesta quinta-feira (29/2) Casa de Governo em Boa Vista (RR), que coordenará ações de proteção à Terra Indígena Yanomami. A nova etapa da desintrusão terá orçamento de aproximadamente R$ 1,2 bilhão para iniciativas estruturais que fortaleçam a saúde pública, a fiscalização e o combate ao crime organizado, entre outras medidas.
Uma comitiva de 11 ministros inaugurou a Casa de Governo, que centralizará o monitoramento e a coordenação de 31 órgãos federais atuantes na TI Yanomami e no Estado de Roraima. A estrutura será dirigida por Nilton Tubino, que coordenou no ano passado a desintrusão da Terra Indígena Apyterewa.
“Ao longo de meses, acompanhamos, articulamos e monitoramos as diversas ações do governo federal, e identificamos a necessidade de melhorar a gestão, a integração e a transversalidade”, afirmou o ministro da Casa Civil, Rui Costa. "A Casa de Governo será um espaço de articulação entre os entes federais para organizar, planejar e executar as ações de forma integrada, com a participação dos entes estaduais e municipais.”
A Casa de Governo foi anunciada em janeiro e instituída pelo Decreto nº 11.930, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na terça-feira (27/2). Além de articular a resposta à crise humanitária na TI Yanomami, a estrutura terá funções como promover a interlocução entre os níveis de governo, acompanhar a implementação de políticas públicas emergenciais e manter diálogo com lideranças indígenas.
A cooperação, afirmou Costa, será essencial para proteger os povos indígenas e combater crimes ambientais, entre outras ações. “Roraima não será controlada e dominada pelos criminosos”, disse o ministro.
“A comunidade indígena tem o direito de ter seu território. O que o ministro Rui disse é muito importante: o Estado de Roraima não vai ser dominado pelo crime organizado, pelo garimpo criminoso ou pelas outras formas de criminalidade que têm aqui”, declarou a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.
A comunidade indígena tem o direito de ter seu território. O que o ministro Rui disse é muito importante: o Estado de Roraima não vai ser dominado pelo crime organizado, pelo garimpo criminoso ou pelas outras formas de criminalidade que têm aqui", afirmou Marina.
Desde fevereiro de 2023, o Ibama realiza operações contínuas em conjunto com outros órgãos para destruição e apreensão de equipamentos em áreas com garimpo e bloqueio do fluxo de suprimentos para a mineração.
“No ano passado, foram cerca de 310 operações, média de quase uma operação por dia, com várias ações”, afirmou a ministra. ”Conseguimos ter uma redução de 85% da área desmatada para a abertura de novos garimpos, mas sabemos que o desafio é muito grande. Por isso, a Casa de Governo para nos dar apoio nesta ação integrada.”
De fevereiro a dezembro de 2023, as multas aplicadas na região somaram aproximadamente R$ 61,2 milhões e os bens apreendidos, R$ 96,3 milhões. Houve ainda cerca de 6.907 hectares embargados, além de 245 termos de apreensão e 194 termos de destruição aplicados. No mesmo período, foram apreendidos ou destruídos quase 400 acampamentos de garimpeiros, 34 aeronaves, 48 mil litros de combustível, 37 toneladas de cassiterita e centenas de motores, entre outros equipamentos usados pelos criminosos.
Em 2024, foram destruídos ao menos quatro aviões, dois acampamentos, 2,4 mil litros de combustível, 13 motores, 800 litros de diesel e um gerador. Cerca de 500 gramas de mercúrio foram apreendidas.
“Vamos identificar e intensificar as medidas preventivas de investigação para impedir crimes ambientais e outros crimes de lesa-pátria”, disse o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. “Mais que de lesa-pátria, são crimes de lesa-humanidade, porque quando se ataca o meio ambiente, prejudica-se não só o povo brasileiro, mas a população mundial.”
Casa de Governo
Maior Terra Indígena do Brasil, a TI Yanomami tem 9,7 milhões de hectares, 306 aldeias e cerca de 27,8 mil indígenas. A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, afirmou que a nova etapa da desintrusão permitirá implementar medidas estruturantes e permanentes, em diálogo com lideranças indígenas:
"Estamos estabelecendo um novo marco dessas ações integradas, para a garantia da saúde, do diálogo, da segurança dos povos indígenas, assim como da população de Roraima”, declarou.
Durante a inauguração da Casa de Governo, foi assinada declaração conjunta de intenção entre os ministérios da Saúde e da Educação, a Universidade Federal de Roraima (UFRR) e a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares para a criação da Unidade de Retaguarda Hospitalar aos Povos Indígenas (URHPI).
O prédio do antigo Hospital das Clínicas de Boa Vista foi cedido pelo governo do Estado à UFRR, e ganhará dois módulos adicionais. Um pavilhão será para atendimentos de alta complexidade, centros de terapia intensiva e salas de cirurgia, por exemplo. Outro será dedicado à saúde indígena, garantindo atendimento que mantenha seus valores e culturas. Ao todo, haverá cerca de 260 novos leitos.
Também está prevista construção e reforma de 22 unidades básicas de saúde indígena, reforma da Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai) de Boa Vista, e construção de uma estrutura definitiva para o centro de referência na região do Surucucu, entre outras medidas de saúde.
“Todo o trabalho que temos feito para a expansão da saúde da família, do cuidado, do atendimento, é trabalhar a saúde de forma integrada. Estamos todos, o governo inteiro, empenhados e queremos que a sociedade de Roraima esteja conosco também neste momento de reconstrução”, destacou a ministra da Saúde, Nísia Trindade.
Foi ainda assinada portaria do Ministério de Desenvolvimento e Assistência Social (MDS) que estabelece procedimentos para a doação de embarcações e realizado anúncio do Centro de Referência em Direitos Humanos para Povos Indígenas, coordenado pela Funai com apoio do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC). Já o MPI e o Ministério da Gestão e Inovação (MGI) anunciaram contrato para a distribuição de cestas de alimentos na TI Yanomami.
Em Boa Vista, os ministros tiveram também reuniões com lideranças indígenas e com representantes do governo federal no Estado. Parte da comitiva foi à Casai Yanomami acompanhar os atendimentos.
Completaram o grupo os ministros José Múcio (Defesa), Wellington Dias (MDS), Esther Dweck (MGI), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), Jorge Messias (AGU) e a ministra substituta do MDHC, Rita de Oliveira. O governador de Roraima, Antônio Denarium, e o prefeito de Boa Vista, Arthur Henrique Brandão, acompanharam a comitiva, assim como Joenia Wapichana (presidente da Funai), Rodrigo Agostinho (presidente do Ibama), Arthur Chioro (presidente da Ebserh), tenente-brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno (comandante da Aeronáutica) e Kelli Cristine de Oliveira Mafort (secretária-executiva da SG), entre outros.
Queimadas
Durante a entrevista coletiva, os ministros destacaram a necessidade de integração entre governos federal e estaduais no combate aos incêndios florestais em Roraima. Os focos registrados no Estado de 1º de janeiro a 28 de fevereiro aumentaram 440% em comparação com o mesmo período de 2023.
“Os incêndios são uma combinação terrível do El Niño, que é um evento natural, com incêndios criminosos e a mudança do clima”, afirmou Marina. “Por isso, a ação conjunta para conter desmatamento e conter queimadas é fundamental, para que a gente não veja nosso povo sofrendo com problemas de saúde”, afirmou Marina.
Cerca de 60% dos focos de incêndio detectados no Estado em janeiro e fevereiro de 2024 estão em áreas privadas, onde o governo estadual é o principal responsável pelo combate. Roraima concentra sozinha 53% de todos os focos registrados na Amazônia neste ano.
“Uma boa parte dos incêndios ocorre em área estadual, temos o acompanhamento 24 horas no nosso centro de imagens. Mas não medimos esforços”, afirmou Marina. “Temos cerca de 253 brigadistas na linha de fogo. Quando somamos todo o suporte operacional, pilotos, copilotos, assistência técnica, dá cerca de 300 profissionais, com quatro aeronaves que se dividem entre garimpo e o combate ao fogo.”
Em 2024, o Ibama contratou duas brigadas para atender exclusivamente a TI Yanomami, dentro e fora da região. O instituto também instalou em Roraima um Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional Nacional (Ciman), que reúne mais de dez órgãos federais, para coordenar o combate.
“Conter queimadas é uma ação que pertence a toda a população de Roraima. Queimadas prejudicam o meio ambiente, a saúde pública e é um péssimo método para aumentar a produtividade agrícola”, afirmou Rui Costa.
Assista aqui à entrevista coletiva.
Assessoria de Comunicação do MMA
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