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Parque dos Lençóis Maranhenses recebe título de Patrimônio Mundial da Unesco
Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses recebe título de Patrimônio Mundial. Foto: Julius Dadalti
O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses foi incluído nesta sexta-feira (26/7) na lista do Patrimônio Mundial da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). A decisão foi anunciada em Nova Délhi, na Índia, durante reunião do Comitê do Patrimônio Mundial.
A região foi reconhecida por seu campo de dunas intercaladas com lagoas de água doce, ambiente moldado pelo vento e único no mundo. O processo de candidatura foi realizado pelo governo federal em parceria com o governo do Maranhão, os municípios de Barreirinhas, Santo Amaro e Primeira Cruz, além de comunidades que vivem na região.
"O reconhecimento é resultado do que os Lençóis Maranhenses representam: beleza natural em suas formas imagética, acústica e paisagística, além de um ecossistema que se constituiu como habitat apropriado para a conservação da biodiversidade, inclusive para algumas espécies ameaçadas de extinção. Um paraíso natural que precisa ser protegido para as presentes e futuras gerações”, disse a ministra Marina Silva.
Os Lençóis Maranhenses foram incluídos na lista com base em critérios relacionados à beleza natural e suas características geomórficas. Cerca de 57% da área do parque é composta pelas dunas, com lagoas de água doce permanentes e temporárias abastecidas pela chuva e pela variação do lençol freático.
O parque abriga quatro espécies ameaçadas de extinção, o guará (Eudocimus ruber), a lontra-neotropical (Lontra longicaudis), o gato-do-mato (Leopardus tigrinus) e o peixe-boi-marinho (Trichechus manatus). Estima-se que a região tenha cerca de 133 espécies de plantas, 112 espécies de aves e pelo menos 42 espécies de répteis.
O relatório aprovado pelo comitê destacou o arcabouço legal e institucional que garante a proteção permanente da área. Na zona de transição entre Cerrado, Caatinga e Amazônia, a Unidade de Conservação foi criada em 1981 e é administrada pelo ICMBio.
“O reconhecimento internacional mostra para cada cidadão o quanto a natureza do Brasil é especial e única no mundo e precisa de cuidado e proteção. E que a gente saiba fazer desse patrimônio um benefício para todos”, disse a secretária de Biodiversidade do MMA, Rita Mesquita.
Em agosto de 2023, avaliadores da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) foram ao Maranhão para fazer uma avaliação técnica do parque. Aspectos como a integridade e o manejo foram observados e consolidados em um relatório entregue ao comitê da Unesco, colegiado que reúne rotativamente representantes de 21 países.
“O título atrai os olhos do mundo para a região, o que traz consequências boas com o maior ingresso de recursos, mas também riscos com o turismo de massa. Os desafios são, entre outros, fazer uma gestão integrada e sustentável do parque, conter a especulação imobiliária no entorno e repartir os benefícios com as comunidades envolvidas”, disse Bernardo Issa, coordenador da candidatura e analista do Departamento de Áreas Protegidas da Secretaria de Biodiversidade do MMA.
O título de Patrimônio Mundial é dado a lugares cuja relevância natural ou cultural, segundo a Unesco, ultrapassa fronteiras nacionais e tem importância para toda a humanidade.
É a primeira vez em 23 anos que o Brasil tem um Patrimônio Natural reconhecido. Os últimos inscritos na lista foram as Reservas de Fernando de Noronha e Atol das Rocas e os Parques Nacionais da Chapada dos Veadeiros e das Emas, em 2001. A cidade de Paraty e a Ilha Grande foram reconhecidos como Patrimônios Mistos em 2019 em razão de suas características naturais e culturais.
Com os Lençóis Maranhenses, o Brasil passa a ter 24 títulos de Patrimônio Mundial: 15 culturais, oito naturais e um misto.
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