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Força-tarefa de clima do G20 debate soluções para financiamento climático
Entrevista coletiva durante reunião da Força-Tarefa de Clima do G20. Foto: Audiovisual/G20 Brasil
A segunda reunião da Força-Tarefa para uma Mobilização Global contra a Mudança do Clima (TF-Clima) do G20, na quinta e sexta-feira (4 e 5/4), debateu obstáculos e alternativas de financiamento e meios de implementação para que países em desenvolvimento façam a transformação verde de suas economias. Representantes de mais de 35 países e 30 organizações internacionais participaram das sessões na sede do G20, em Brasília (DF).
A TF-Clima é uma iniciativa inédita da presidência brasileira do G20 para garantir ao tema abordagem transversal em todos os 15 grupos de trabalho do fórum. Ela une a Trilha de Finanças com a Trilha de Sherpas para mobilização no combate à mudança do clima.
A reunião abordou temas como o papel de planos nacionais de mudança do clima, as metas climáticas — oficialmente chamadas de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês) —, e de mecanismos de mobilização de recursos para financiar a transformação ecológica das economias. Outros debates incluíram medidas práticas para o fortalecimento de instrumentos de redução de risco para investimentos climáticos em países em desenvolvimento.
Em entrevista coletiva, a secretária nacional de Mudança do Clima do MMA, Ana Toni, afirmou que a iniciativa mostra a intenção do presidente Lula de “priorizar o tema de finanças junto à ambição climática”:
“Para termos mais ambição, precisamos ter meios de implementação para os planos de mitigação e adaptação. Para termos meios de implementação, precisamos de planos substantivos e ambiciosos, como o Plano Clima e o Plano de Transformação Ecológica”, afirmou a secretária.
O novo Plano Clima, que deve ser apresentado ainda neste ano, será a principal política pública de enfrentamento da mudança do clima e seus impactos no Brasil. Além de estratégias nacionais, terá 15 planos setoriais de adaptação e sete de mitigação — entre eles, para agricultura, indústria e uso do terra.
O Plano Clima é alinhado ao Plano de Transformação Ecológica, coordenado pelo Ministério da Fazenda, que guiará a transição brasileira. Um dos objetivos da força-tarefa é garantir que os países usem o planejamento climático para dar a base a planos de investimento que atraiam os recursos necessários.
A força-tarefa de clima pode facilitar planos, plataformas e instrumentos, destacou o subsecretário de Financiamento Sustentável da Fazenda e coordenador do Grupo de Trabalho de Finanças Sustentáveis do G20, Ivan Oliveira:
“São três pontos que dizem respeito à capacidade que os países vão ter de se planejar, se programar, conectar suas metas climáticas, que estão em revisão, com planos de investimento que consigam de fato ser financiados”, afirmou.
O risco adicional que a mudança do clima traz à economia, afirmou o chefe adjunto do Departamento de Assuntos Internacionais do Banco Central, Marcelo Aragão, precisa ser melhor entendido e explorado. Isso só será possível, destacou, com cooperação doméstica e internacional:
“Os Bancos Centrais entenderam há mais ou menos uma década entenderam que os sistemas financeiros sob sua responsabilidade podem ser instrumentos de transformação deste risco”, afirmou ele.
Já o embaixador André Corrêa do Lago, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, destacou que os países-membros e convidados enviaram à reunião representantes de diversas pastas, como Meio Ambiente, Fazenda e Relações Exteriores. A pluralidade, afirmou, reflete os esforços para abordar a mudança do clima como uma questão transversal.
“Os assuntos discutidos foram justamente aqueles que queríamos provocar: quais são os obstáculos para que os países tenham acesso a mais recursos para acelerar a transição para uma economia que incorpore a mudança do clima”, afirmou.
Os debates no G20 podem ainda contribuir para o sucesso da COP29, em Baku, no Azerbaijão, em novembro, e da COP30, que o Brasil realizará no ano que vem na cidade de Belém (PA). Financiamento será o tema-chave da cúpula do clima deste ano, onde os países-membros precisarão chegar a consenso sobre o financiamento necessário para alcançar as metas do Acordo de Paris.
“O tema de finanças será muito importante na COP29 para a governança global como um todo. O G20 já começa com a liderança do governo brasileiro, o que dá uma contribuição muito important para o desenrolar e o sucesso da COP29 e da COP30”, afirmou.
A próxima reunião da Força-Tarefa para uma Mobilização Global contra a Mudança do Clima será nos dias 11 e 12 de julho, em Belém, no Pará.
Assista aqui à entrevista coletiva.