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Evento discute papel do Brasil na regulamentação do crédito global de carbono
A atuação do Brasil para regulamentar o mercado global de carbono durante a COP26, Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, realizada no ano passado, em Glasgow, na Escócia, foi discutida nesta quinta-feira (19/05), no segundo dia da do Congresso Mercado Global de Carbono – Descarbonização & Investimentos Verdes, realizado no Rio de Janeiro.
Participaram da palestra, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, o secretário de Assuntos Multilaterais Políticos do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Paulino Franco de Carvalho Neto, e por videoconferência, o embaixador do Egito Wael Aboulmagd, representante especial do ministro Sameh Shoukry, presidente da COP27. A secretária Executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, Patricia Espinosa, participou por meio de vídeo gravado.
“A negociação começou com Brasil e Japão. Nós desenhamos uma proposta, o Japão levou a proposta para os outros países e o Brasil começou a articular com os outros países para aprovar a proposta japonesa. Foi uma boa estratégia de negociação”, relembra o ministro Joaquim Leite.
O artigo 6º do chamado Acordo de Paris, que trata do comércio de créditos de carbono entre países, foi apresentado pelo Brasil e pela União Europeia no final da COP21, realizada em 2015, em Paris. Na COP 26, com a atuação do Brasil, foram fechadas as formas de funcionamento desse artigo.
Para o embaixador Paulino Franco de Carvalho Neto, o Brasil criou a base para a realização de acordos bilaterais para reduzir a emissão de poluentes e a utilização dos créditos de carbono. Segundo ele, a criação de um mercado de carbono no Brasil é promissora e atrai interesse de grandes empresas privadas. “É um mecanismo de incentivo à descarbonização. Não é de punição, é de incentivar as empresas dos diferentes setores para que elas possam encontrar os caminhos para utilizar menos carbono”, disse o embaixador.
Segundo o ministro Joaquim Leite, o Brasil já iniciou negociações com alguns países para começar o mercado de carbono de forma bilateral.
Os participantes lembraram ainda que na COP 26, o Brasil se comprometeu a reduzir em 50% a emissão de carbono até 2030, tendo como base o ano de 2005.
O embaixador Wael Aboumagd, falou sobre a parceria climática entre os dois países. “Estamos unidos em prol de ações climáticas. Ações que abracem o mundo e tragam soluções sustentáveis e adaptáveis para cada uma das realidades dos países. Todos os stakeholders e líderes mundiais devem estar envolvidos inteiramente em compromissos ambientais e no controle das emissões de carbono.”
Aboumagd falou ainda sobre o papel do Brasil no cenário mundial. "O Brasil deve ser um player e liderar iniciativas voltadas ao meio ambiente e às ações sustentáveis, um exemplo para o mundo."
A representante das Nações Unidas, Patrícia Espinosa, ressaltou que o Brasil é campeão mundial em biodiversidade e que a liderança do País se estende muito naturalmente pelas características únicas e compromisso e responsabilidade que assumiu no regime climático internacional. “Este encontro é uma oportunidade de aprender com a liderança e conhecimento técnico do Brasil e de demais países que tenham contribuições valiosas para compartilhar. Sem falar na área vital de conservação das florestas”, disse Patrícia Espinosa.
“Importantíssimo reconhecimento do papel do Brasil na criação do mercado global de carbono, na condução das negociações muito bem feitas pelo Itamaraty, em conjunto com o Ministério do Meio Ambiente. Foi para o Brasil um sucesso o resultado da Conferência do Clima porque ali nasceu o mercado global”, ressaltou o ministro Joaquim Leite.
Sobre o congresso
O Congresso Mercado Global de Carbono – Descarbonização & Investimentos Verdes, que começou na quarta-feira (18/05) e vai até sexta-feira (20/05), é realizado pelo Banco do Brasil e pela Petrobras e tem apoio institucional do Ministério do Meio Ambiente e do Banco Central do Brasil.
O encontro conecta estratégias corporativas, projetos e cases, além de orientar políticas públicas que impulsionam a economia verde no Brasil.
Mais de 100 especialistas, entre empreendedores e líderes de grandes corporações nacionais e internacionais, estão juntos para debater e propor soluções inovadoras e de tecnologia para que o País se torne um exportador de energia verde para o mundo e caminhe para a neutralidade em emissões de gases de efeito estufa.
São 24 painéis apresentados em quatro salas temáticas, além de sessões plenárias no início de cada um dos dias, totalizando mais de 100 palestrantes. Também são apresentados 120 cases de sucesso de empreendedores verdes em quatro miniauditórios.
Todas as palestras têm tradução simultânea. Mais informações podem ser obtidas no site do Congresso (https://mercadoglobaldecarbono.com.br/).
ASCOM MMA