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Da baixa emissão de carbono à educação, 5G levará desenvolvimento sustentável para Amazônia
Em um dos painéis desta quinta-feira (11) da Cúpula do Clima (COP26), em Glasgow, na Escócia, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, explicou como a tecnologia 5G vai melhorar o desenvolvimento da Amazônia. Com destinação de US$ 200 milhões do leilão, dez milhões de pessoas terão acesso à internet na região, o que estimula a educação a distância, a economia digital, e, consequentemente, atividades de baixa emissão de carbono.
“Quando bem aplicadas, essas tecnologias [do 5G] propiciam um consumo menor de combustíveis fósseis, a economia de recursos naturais e a transmissão do conhecimento necessário ao crescimento sustentável”, afirmou Faria. “Especificamente em relação a redes móveis, elas contribuem com 0,4% das emissões de gases de efeito estufa, mas contribuem dez vezes mais com emissões evitadas. E estudos indicam que isso dobrará até 2025”, acrescentou.
O ministro destacou que o maior desafio da Amazônia é logístico. Com a expansão da internet, isso deverá ser resolvido, segundo ele. “Milhões de pessoas não precisarão mais deslocar-se por uma semana utilizando embarcações movidas a combustível fóssil apenas para realizar uma consulta médica, tentar vender sua produção ou receber o pagamento de uma pensão. As pessoas ganharão tempo e renda, e o meio ambiente melhorará”, disse.
Também presente no painel, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, falou sobre a importância de o projeto abranger a Região Amazônica, que, segundo ele, “requer informação e educação de uma forma digital”. “Uma revolução vai acontecer em alguns lugares que atualmente são desertos digitais no meio de uma continental Amazônia brasileira”, destacou.
Faria ressaltou que é preciso criar mecanismos que protejam as florestas, mas que, ao mesmo tempo, ofereçam oportunidades de crescimento à comunidade local. “Para proteger a floresta é necessário proteger as pessoas”, defendeu. “O desmatamento, muitas vezes, é resultado da falta de oportunidades econômicas e educativas”, complementou.
Sobre o impacto ambiental de implementar uma rede de conexão de grande porte nas comunidades abrigadas na maior floresta tropical do mundo, o ministro das Comunicações destacou que nenhuma árvore será derrubada. “Uma rede típica de telecomunicações na Amazônia, enterrada ou posteada, poderia implicar a destruição de 68 milhões de árvores. O que faremos é lançar uma rede subfluvial, sem derrubar uma única árvore”, explicou.
No total, o sistema percorrerá 12 mil quilômetros de extensão sob os rios da região amazônica. O primeiro trecho, de 800 quilômetros, já foi contratado e compreende uma área entre as cidades de Macapá (AP) e Santarém (PA). O investimento para implantação do cabeamento virá de recursos públicos. Depois de pronta, a estrutura será cedida à iniciativa privada para operação e manutenção.
“A empresa responsável pela gestão da rede deve ser neutra e permitir a participação de outros agentes, como operadoras e provedores regionais. Para operar esse primeiro trecho, 15 empresas diferentes já demonstraram interesse”, contou Faria. Com a implantação das antenas nas cidades atendidas pelo projeto, o Ministério das Comunicações projeta uma redução de até metade do consumo de energia nas redes móveis.
Leilão 5G
Até 2028, o 5G cobrirá todas as mais de 5,5 mil cidades brasileiras. “Foi o maior leilão de telecomunicações da história da América Latina, em um valor total de US$ 8,5 bilhões de dólares”, informou Faria. “As preocupações com o crescimento sustentável e com a redução da emissão de gases de efeito estufa estiveram em primeiro plano no desenvolvimento desse leilão”, enfatizou.
O ministro das Comunicações explicou o potencial na quinta geração de internet móvel. “Um kilowatt hora na tecnologia 4G permite assistir a 300 filmes em alta definição. Na tecnologia 5G, assistem-se a 5.000 filmes em alta definição”, exemplificou durante a palestra.
Fábio Faria também mencionou uma aplicação da tecnologia que consiste na instalação de microfones hipersensíveis ligados à rede 5G que captam as frequências sonoras de vazamento d’água. “Isso permite a sua rápida identificação, a localização e o pronto reparo”.
Na agricultura, por meio do uso de 5G e de inteligência artificial, é possível que drones misturem a quantidade ideal de fertilizantes em cada ponto do cultivo e também façam a leitura do terreno para uma irrigação geograficamente precisa, o que evita desperdícios.