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Congresso no Rio de Janeiro coloca o Brasil no protagonismo do mercado global de carbono
Foto: Izabela Bruzaca/MMA
O Jardim Botânico do Rio de Janeiro foi palco, entre 18 e 20 de maio, de um dos maiores encontros sobre crescimento verde já realizados no Brasil. O Congresso Mercado Global de Carbono – Descarbonização & Investimentos Verdes reuniu centenas de lideranças empresariais e ambientais do Brasil e do mundo e colocou o país de volta no protagonismo global sobre o tema.
Durante o evento, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite anunciou a criação de um mercado regulado de carbono no país, um das notícias mais esperadas por todos os setores envolvidos com o mercado de carbono e com o desenvolvimento da economia verde no Brasil.
"O ministro Paulo Guedes e eu criamos hoje o mercado regulado de carbono. Com inovações como o mercado de metano, carbono de vegetação nativa e carbono do solo, alinhado com o modelo produtivo brasileiro, e o carbono azul, relacionado à indústria naval. Essa regulamentação permitirá a negociação desses ativos no mercado global", disse o ministro na abertura do evento.
As discussões realizadas em 24 painéis também serviram de base para preparar o país para a próxima conferência do clima, a COP27, que será realizada no Egito, entre os dias 7 e 18 de novembro. “Na conferência do clima, nasceu o mercado global de sustentabilidade. Agora, aqui, nasce o mercado nacional”, afirmou Joaquim Leite.
Representantes do mercado de capital discutiram a necessidade de modernização, regulamentação e transparência, com atenção crescente às questões ambientais. O papel dos bancos nessa transição para um futuro mais verde também foi tema de debate. Ao conciliar preservação de recursos com geração de riquezas, a agenda de sustentabilidade está entre as principais prioridades do setor financeiro brasileiro e internacional. E as instituições do segmento têm papel fundamental a cumprir na transição para uma economia de baixo carbono.
O presidente do Banco do Brasil, Fausto de Andrade Ribeiro, falou sobre o lançamento de um fundo de R$ 50 milhões ligado ao mercado de carbono e a assinatura de um acordo com o Banco Mundial, relacionado ao tema.
No painel Eólicas: Tendências e oportunidades, representantes do setor falaram sobre o enorme potencial de geração de energia eólica offshore no Brasil, com uma aposta na redução de custos, para o aproveitamento desse recurso. Também pediram investimento público e planejamento de longo prazo. Com condições naturais altamente favoráveis, estima-se que o potencial eólico offshore brasileiro esteja em torno de 700 GW – número quatro vezes superior à capacidade instalada do país.
As perspectivas pela adoção do hidrogênio verde, os desafios financeiros para sua aplicação no dia a dia e os custos competitivos de exportação também foram discutidas. O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Paulo Alvim, anunciou que o Brasil investirá em oportunidades ligadas ao hidrogênio verde.
"Devemos anunciar em breve um programa de mais de R$ 100 milhões para investimento em inovações ligadas ao hidrogênio verde." Para o ministro Joaquim Leite, do Meio Ambiente, o Brasil será um grande player em ativos ambientais. "O Brasil será um dos principais exportadores de carbono e de energia limpa do mundo", declarou.
A produção do hidrogênio verde voltou à discussão em um painel sobre bioenergia. O Brasil, hoje, maior produtor global de etanol de cana-de-açúcar, terá, até o fim de 2022, a primeira usina de hidrogênio verde do Brasil em operação.
Dois painéis trataram do papel do agronegócio no futuro verde. Em um deles, a principal conclusão foi que tecnologia e conectividade são fundamentais para que o segmento possa encontrar um caminho para produzir mais e, ao mesmo tempo, preservar. Para que seja possível monetizar, o agricultor, o pequeno e o grande, precisam ter acesso a dados.
Fabricantes de fertilizante debateram a importância do setor para desenvolvimento do agronegócio e para a garantia da segurança alimentar no Brasil. Trataram também do papel dessa indústria no futuro verde, com o desenvolvimento de tecnologias de controle biológico de pragas.
O papel das cooperativas e das startups na construção de uma nova economia verde também foram tema de debate, assim como iniciativas para reduzir emissões de gases de efeito estufa e soluções para um futuro mais verde nos setores de infraestrutura, saneamento, seguros e serviços, além de processos de descarbonização para o setor de óleo e gás.
ASCOM MMA