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COP27
Brasil será modelo em agricultura positiva, afirma ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2007
Foto: Daniela Luquini
O Brasil poderá ser modelo global sobre como utilizar o solo e a terra agrícola como um depósito do carbono em uma agricultura positiva. A afirmação é do professor emérito da Ohio University, Dr. Rattan Lal, ganhador do Prêmio Nobel da Paz 2007 e do Prêmio mundial da agricultura 2020, que participou, nesta segunda-feira (14/11), de um painel sobre agricultura e paz no pavilhão brasileiro na 27ª Conferência Climática das Nações Unidas (COP27), que ocorre em Sharm el-Sheikh, no Egito.
Segundo Lal, aumentar a captura de carbono no solo pode servir como commodities para trazer mais receita para o país. Para isso, na opinião do pesquisador, é preciso restaurar a saúde do solo degradado, aumentando a quantidade de matéria orgânica e melhorando a ecoeficiência para produzir mais alimentos utilizando menos. Isso significa, de acordo com Rattan Lal, menos terra, menos água, menos fertilizantes, menos pesticidas, menos energia e menos emissões de gás de efeito estufa.
Ele destacou, ainda, que o Brasil e a América do Sul são um grande exemplo de sucesso na agricultura e dão segurança alimentar ao mundo. O pesquisador lembrou que quando veio pela primeira vez ao Brasil, em 1975, o Cerrado não tinha produção agrícola e agora é um dos maiores produtores de grãos do país. Ele apresentou um estudo sobre o que chamou de revolução verde entre 1961 e 2019 em todo o mundo. Nesse período, a população global aumentou 2,5 vezes, mas a produção de alimento subiu 3,3 vezes. Segundo Lal, isso ocorreu porque foi possível melhorar as variedades e também o aumento de insumos.
O uso de pesticidas, por exemplo, cresceu 5,2 vezes e o de irrigação, 2,4 vezes. Hoje, de acordo com o levantamento, 70% da água usada pelos seres humanos é destinada à irrigação da agricultura.
A prática de uma agricultura regenerativa e uso de biofertilizantes, na opinião de Lal, pode fazer com que, no futuro, parte das terras usadas na agricultura possa ser devolvida à natureza.
Antes de Rattan Lal, a Diretora de Produção Sustentável e Irrigação do Ministério da Agricultura e Pecuária, Fabiana Villa Alves, apresentou no painel o que o Brasil tem de sustentável na produção agropecuária. Um deles, o Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (Plano ABC), adota tecnologias para diminuir o impacto ambiental na agropecuária, entre elas criar floresta plantada, recuperação de pastagens, plantio direto, Fixação Biológica de Nitrogênio no solo, manejo de dejetos de animais e integração lavoura-pecuária-floresta. “Nós temos desde 2010 um plano setorial muito robusto que pensa em mitigação e adaptação que são os principais motivos de estarmos aqui hoje, mas que vai muito além disso. São 12 anos e estamos numa segunda fase onde trazemos sistemas mais competitivos e mais sustentáveis e resilientes por meio dos Planos ABC e ABC+”, destacou a diretora.
No período de 2010 a 2020, a meta era aplicar a tecnologia em 35,5 milhões de hectares e diminuir a emissão de CO2 na atmosfera entre 132 a 162 milhões de toneladas. No entanto, chegaram a 52 milhões de hectares, possibilitando a redução de cerca de 170 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente.
As metas para 2030 são: implantar uma ou mais das oito tecnologias disponíveis em mais 73 milhões de hectares que vão trazer mais de 1 bilhão de toneladas de CO2 a serem evitadas, recuperar 30 milhões de hectares de pastagens degradadas, adotar sistema plantio direto e de integração, florestas plantadas, bioinsumos e sistemas irrigados e manejo de dejetos animais para produção de energia, entre outros.