Mitigação
O governo brasileiro está comprometido a liderar o esforço global para conter o aquecimento do planeta abaixo de 1,5°C, patamar em que se evitaria o agravamento sem precedentes da crise climática mundial
A mitigação — ou a redução das emissões de gases de efeito estufa — é o principal caminho apontado pela ciência para frear o avanço do aquecimento global e impedir que ele produza impactos ainda mais dramáticos.
Diferentemente da maior parte dos países, as emissões brasileiras não são puxadas pela queima de combustíveis fósseis, mas pelo desmatamento. Em seguida, vêm as emissões da agropecuária, lideradas pela fermentação entérica, produzida pelo processo digestivo do gado. Em terceiro lugar, aparece o setor de energia, com a queima de combustíveis fósseis nos transportes e na indústria.
As emissões brasileiras já caíram em relação ao que foi registrado em 2005, principalmente por conta da diminuição do desmatamento até 2018, quando voltou a subir. Outros setores, como agropecuária e energia, aumentaram suas emissões no período.
Dados mais recentes mostram uma nova queda do desmatamento na Amazônia a partir de 2023, da ordem de 50%, segundo dados de alertas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), resultado da retomada de medidas de fiscalização. A redução do desmatamento e a recuperação de vegetação nativa representam a principal oportunidade para o Brasil caminhar na direção de emissões líquidas zero em 2050. Mas mesmo a meta já lançada oficialmente de desmatamento zero em 2030 não é suficiente para cumprirmos nossos compromissos na agenda global do clima.
O Plano Clima busca identificar as melhores alternativas em termos de custos e efetividade para o país cortar emissões. Os debates levam em conta ações como o fomento a práticas de agropecuária de baixo carbono, o aumento da eficiência energética, a oferta de hidrogênio verde e uso de outros combustíveis de baixa emissão, até a coleta seletiva de lixo e o aproveitamento energético dos resíduos sólidos.
A meta nacional será alocada entre os diferentes setores econômicos, tanto para o horizonte de 2030, como para 2035. A estratégia nacional de mitigação será acompanhada por sete planos setoriais com definição de ações, metas, custos de implementação, meios de financiamento, monitoramento e avaliação. Os setores contemplados são mudança do uso da terra e florestas (que engloba o desmatamento), agricultura e agropecuária, cidades (incluindo mobilidade urbana), energia (elétrica e gerada por combustíveis fósseis), indústrias, resíduos e transportes.
A rápida redução das emissões de gases de efeito estufa no planeta é essencial para conter o aumento da temperatura e garantir um futuro mais seguro para a humanidade. Com a manutenção da atual queda no desmatamento, o Brasil terá a oportunidade de cumprir metas ambiciosas de corte de 48% nas suas emissões até 2025 e de 53% até 2030, liderando pelo exemplo na 30ª Conferência das Partes na UNFCCC (COP30), que ocorrerá na cidade amazônica de Belém, e instigando demais países a agir para evitar a perda da janela de oportunidade para limitar o aumento da temperatura.
O novo Plano Clima, que será apresentado em 2025, é o principal orientador para o Brasil manter o ritmo de redução no desmatamento e a transição para a economia de baixo carbono rumo à neutralidade climática. Para isso, serão construídas metas nacionais de mitigação, detalhadas em oito planos setoriais com base em dados técnico-científicos e participação da sociedade.