O Brasil no enfrentamento à mudança do clima
A ciência é enfática: as atividades humanas, principalmente por meio das emissões de gases de efeito de estufa, causaram o aquecimento global.
De acordo com Relatório Síntese do Sexto Ciclo de Avaliação (AR6) do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima da ONU (IPCC, na sigla em inglês), de 2023, o planeta já aqueceu, em média, 1,1°C em relação aos níveis pré-industriais. Ultrapassar o patamar de 1,5°C de aumento da temperatura média do planeta pode resultar em impactos irreversíveis para o meio ambiente e para a humanidade. Por isso, esse é o limite colocado pelo Acordo de Paris para o aquecimento global.
Ainda segundo o relatório do IPCC, a América Latina, incluindo o Brasil, é uma região vulnerável às mudanças do clima por diversos fatores, incluindo impactos na biodiversidade, infraestrutura, segurança alimentar e saúde pública. O regime hídrico do país também sofre com os efeitos do aquecimento global, o que afeta atividades econômicas essenciais, como a geração de energia elétrica. Conforme o Balanço Energético Nacional 2024, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em 2023, as fontes hidráulicas representaram cerca de 59% da matriz elétrica brasileira.
Eventos extremos, como secas e chuvas severas, tornam-se cada vez mais frequentes e intensos devido à mudança do clima, ameaçando a agricultura, os ecossistemas e a vida de milhões de brasileiros. Essas vulnerabilidades demandam uma resposta integrada e robusta, focada tanto na adaptação das cidades e dos ambientes naturais às transformações dos padrões climáticos quanto em estratégias de mitigação — isto é, a redução das emissões de gases-estufa.
Embora o Brasil esteja entre os dez maiores emissores históricos de gases-estufa, sua contribuição para o acumulado dessas emissões é relativamente pequena, representando apenas cerca de 5% do total, conforme o Relatório sobre a Lacuna de Emissões de 2024 do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Em contrapartida, os Estados Unidos e os países da União Europeia são responsáveis por uma parcela significativamente maior das emissões ao longo do tempo.
O Brasil desempenha um papel fundamental na conservação de ecossistemas vitais para combater as mudanças do clima. A Amazônia, maior floresta tropical do mundo, remove grandes quantidades de carbono da atmosfera. Os oceanos são o principal regulador climático do planeta.
O desmatamento ainda é o grande desafio para a redução das emissões brasileiras. De acordo com estimativa oficial referente a 2020 produzida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), naquele ano, 38% das emissões líquidas do país vieram do setor de Uso da Terra, Mudança do Uso da Terra e Florestas (LULUCF, na sigla em inglês), que inclui atividades relacionadas à dinâmica de conversão de uso da terra, principalmente pela supressão de vegetação nativa. É setor responsável pela maior fatia de emissões no Brasil.
Segundo o Relatório sobre a Lacuna de Emissões de 2024, no mundo, o setor de energia é a principal fonte de liberação de gases-estufa na atmosfera, correspondendo a cerca de 68% do total de emissões, que derivam da queima de combustíveis fósseis – petróleo, carvão e gás. Já no Brasil, o segmento responde pela terceira maior parcela de emissões, com aproximadamente 23% do total, atrás de LULUCF e Agropecuária. Isso se deve à alta presença de fontes renováveis na matriz energética nacional, que representam quase metade da energia produzida no país, média superior à global, de acordo com a EPE.
Com suas vantagens comparativas e desafios, o Brasil está comprometido a reduzir suas emissões e a proteção de suas florestas, alinhando-se aos esforços mundiais para limitar o aumento médio da temperatura do planeta a 1,5°C. A principal ferramenta para isso é o Plano Clima, que guiará as ações de enfrentamento à mudança do clima no país até 2035.
Saiba mais:
- Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) do Brasil, a meta oficial de redução de emissões de gases de efeito estufa do governo brasileiro para os anos de 2025, 2030, 2035 e 2050, comunicada internacionalmente:
- 1ª NDC (2023, 3ª atualização)
- Sistema de Registro Nacional de Emissões (SIRENE): contém as estimativas anuais de emissões de gases de efeito estufa no Brasil e outras publicações com dados nacionais de mudança do clima no Brasil
- AdaptaBrasil: plataforma sobre o risco de impacto das mudanças climáticas no Brasil
- Diretrizes para uma Estratégia Nacional para Neutralidade Climática
- Autoridade Nacional Designada para o Mecanismo do Artigo 6.4 do Acordo de Paris e ponto-focal para os demais assuntos do Artigo 6 do Acordo de Paris sob a UNFCCC