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COP27
Os avanços e o futuro da energia solar no Brasil são destaques na rodada de painéis no estande do país na COP27
Foto: Ruben Naftali/Secom
A primeira semana de apresentações do Brasil na 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP 27, teve fim nesta sexta-feira (11). Foram sete painéis, sendo um deles dedicado aos avanços e ao futuro de uma indústria primordial ao combate às mudanças climáticas: a energia solar.
Reconhecido internacionalmente por possuir uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, com 84% de sua matriz elétrica com origem em fontes renováveis, contra uma média de 28% do restante do mundo, o Brasil tem na energia solar um dos principais pilares.
O painel na COP 27 sobre o tema reuniu o diretor de gestão corporativa e sustentabilidade da Eletrobras, Luiz Augusto Figueira; o conselheiro da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), Rodrigo Pedroso; além de dois representantes do setor privado, Flávia Teixeira e Miguel Viana.
A capacidade instalada da energia solar do país supera os 20GW. Para se ter uma ideia do que isso significa, a Itaipu Binacional, segunda maior hidrelétrica do mundo e líder mundial na geração de energia limpa e renovável, tem 14GW de capacidade instalada.
“A indústria solar tem crescido exponencialmente nos últimos anos. A fonte solar fotovoltaica já é a terceira maior fonte na matriz elétrica brasileira, ocupando um pouco menos de 10%, bem próxima à fonte eólica, que é a segunda”, esclarece Rodrigo Pedroso.
“A Usina Hidrelétrica de Itaipu demorou 16 anos para ser construída e hoje tem uma capacidade instalada de 14 GW. Nos últimos meses, o Brasil tem instalado mais de 1GW de potência em usinas solares. Ou seja: aquilo que a gente levou, na década de 1980, 16 anos para construir, o setor solar fotovoltaico tem entregado em um ano e dois meses para o Brasil”, continua o representante da ABSOLAR.
O Brasil conta hoje, segundo a entidade, com cerca de 500 mil usinas solares fotovoltaicas instaladas em todo o país, divididas em dois mercados distintos. No primeiro estão as usinas de geração centralizada, aquelas de grande porte e conectadas ao sistema interligado nacional e que abastece as distribuidoras de energia e as grandes indústrias. O segundo mercado é o da geração distribuída, em geral aquelas instaladas em residências, que se convertem em fontes de geração energia.
Em novembro de 2021, o Brasil ultrapassou a marca de 300 mil sistemas fotovoltaicos de geração distribuída conectadas à rede, de acordo com um levantamento da ABSOLAR. No total, foram mais de 4GW de potência instalada em todo o país. “Só em geração distribuída já foram instalados mais de 14GW de potência. Ou seja: nos telhados solares existe hoje mais do que uma Itaipu no Brasil”, reforça Rodrigo Pedroso.
“Nossa matriz elétrica conta atualmente com cerca de 200GW de potência instalada. O potencial de crescimento somente dos telhados residenciais que estão aptos para receber usinas fotovoltaicas é da ordem de 176GW. Apesar dos números hoje já serem fantásticos, esse mercado está só no começo”, confia o representante da ABSOLAR.
Reservatórios e Amazônia
Para o diretor de gestão corporativa e sustentabilidade da Eletrobras, o sucesso da energia solar no Brasil está ligado à resiliência das usinas hidrelétricas, que ampararam todo o processo do crescimento da nova indústria.
Segundo ele, o plano é que as hidrelétricas continuem fazendo parte dessa expansão e, para isso, ele citou o exemplo da Usina Hidrelétrica de Sobradinho, na Bahia, onde painéis solares foram instalados nos reservatórios. “O fato de esses painéis estarem nos reservatórios facilita o escoamento dessa energia. A Eletrobras vê grande potencial para esse exemplo se tornar um processo em escala”, adianta Luiz Augusto Figueira.
Ele também citou o trabalho realizado em pequenas comunidades da Amazônia, que têm trocado o combustível fóssil em seus processos de geração de energia por painéis solares. “Esse é mais um exemplo de como, por meio da energia solar, nós podemos transformar a vida das pessoas”, conclui.
Hidrogênio verde
Desde 2012, mais de R$ 50 bilhões já foram investidos no Brasil no setor solar. Esses investimentos trouxeram arrecadação de tributos para os governos federal, estadual e municipal de mais de R$ 20 bilhões, além da geração de mais de 500 mil empregos. “São números que estão contribuindo não só para a nossa matriz limpa de energia, mas para os cofres públicos do país”, destaca Rodrigo Pedroso.
Ele lembrou que na década de 1970, o watt-pico, unidade de potência criada especialmente para medição em painéis fotovoltaicos, custava mais de 70 dólares e que só os satélites costumavam ter esse tipo de tecnologia. Hoje, o preço da energia solar custa menos de 20 centavos o watt-pico. “O custo decresceu muito em função da tecnologia”.
O representante da ABSOLAR disse ainda que o mercado de hidrogênio verde abrirá mais uma porta para o campo da energia solar no Brasil. O hidrogênio verde é uma classificação dada ao hidrogênio produzido a partir da eletrólise da água e gerado por meio de energia com baixa ou nula intensidade de emissão de carbono. Para isso, ele utiliza energias renováveis em sua produção.
“Com o hidrogênio verde, a energia solar tende a crescer muito mais, porque ela vai ser fonte de abastecimento dos futuros eletrolisadores para a produção de hidrogênio verde”, afirma Rodrigo Pedroso.
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