Uma Só Saúde
A abordagem "Uma Só Saúde" reconhece a interconexão entre a saúde humana, animal, vegetal e ambiental, promovendo uma cooperação multissetorial para enfrentar desafios globais. Essa abordagem incentiva a colaboração entre disciplinas e setores para desenvolver soluções integradas para problemas como pandemias, resistência antimicrobiana, mudanças climáticas e perda de biodiversidade. Sua implementação envolve desde a vigilância e prevenção de doenças zoonóticas até a promoção de segurança alimentar e nutricional, proteção da biodiversidade e enfrentamento das mudanças climáticas.
No mundo globalizado e em constante mudança, "Uma Só Saúde" se torna ainda mais relevante devido ao aumento de ameaças à saúde impulsionadas por fatores como urbanização, desmatamento e intensificação dos sistemas alimentares. A abordagem permite respostas conjuntas, com destaque para a prevenção e controle de zoonoses, resistência antimicrobiana e segurança alimentar. A integração entre saúde humana, animal e ambiental é fundamental para lidar com problemas complexos e melhorar a resiliência dos sistemas de saúde.
Segundo a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), 60% dos patógenos que causam doenças em humanos tiveram origem em animais; 75% das doenças infecciosas emergentes humanas tem origem animal e 80% dos patógenos com potencial para bioterrorismo são de origem animal. Nesse sentido, patógenos zoonóticos possuem papel importante no surgimento de novas epidemias e pandemias.
A Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA) adotou em 2022 a Resolução Nexus do Bem-Estar Animal, que representa um marco na integração dos princípios de bem-estar animal com os compromissos globais de desenvolvimento sustentável e proteção ambiental. Essa resolução reconhece explicitamente a conexão entre o bem-estar dos animais, a saúde ambiental e o desenvolvimento sustentável, alinhando-se com a visão de Uma Só Saúde.
Em resposta aos pedidos internacionais para prevenir futuras pandemias e promover a saúde de forma sustentável por meio da abordagem de Uma Só Saúde, foi desenvolvido o Plano de Ação Conjunto para Uma Só Saúde (2022–2026) pela Aliança Quadripartite, formada por quatro agências da ONU (Organização Mundial da Saúde (OMS), Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA). Essa Aliança criou em 2011 o Painel de Especialistas de Alto Nível em Uma Só Saúde (OHHLEP) que tem como objetivo realizar aconselhamento científico e político baseado em evidências e dar suporte técnico em Uma Só Saúde e em assuntos relacionados.
O Brasil instituiu o Dia Nacional da Saúde Única, celebrado anualmente em 3 de novembro, conforme a Lei nº 4.792 de 5 de janeiro de 2024. O Governo Federal, por meio do Decreto Nº 12.007 de 25 de abril de 2024, criou o Comitê Técnico Interinstitucional de Uma Só Saúde, cuja uma das funções é elaborar e revisar o Plano de Ação Nacional de Uma Só Saúde. Esse comitê tem como objetivo traçar diretrizes para a prevenção e controle de ameaças à saúde, com uma abordagem integrada que reconheça a conexão entre saúde humana, animal, vegetal e ambiental. O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima é membro do comitê, contribuindo para a articulação entre os setores envolvidos e garantindo que as questões ambientais sejam parte fundamental das estratégias de saúde.