A Mudança do Clima e a Adaptação baseada em Ecossistemas (AbE)
Por concentrar a maior porção da população brasileira e da produção econômica do país, é imprescindível considerar os impactos da mudança do clima e as medidas necessárias para a adaptação a esses impactos na Mata Atlântica.
A adaptação à mudança do clima baseada em ecossistemas (AbE) é uma abordagem que utiliza a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos para ajudar as pessoas a se adaptarem aos impactos da mudança do clima como parte de uma estratégia maior de adaptação. Devido ao seu histórico de desmatamento, ocupação desordenada e urbanização, a Mata Atlântica sofre com a grande fragmentação de seus remanescentes de vegetação, o que potencializa as ameaças decorrentes da mudança do clima. Medidas AbE abordam as necessidades de conservação e recuperação da biodiversidade existentes na Mata Atlântica, gerando múltiplos benefícios para a sociedade, somadas à própria adaptação à mudança do clima.
Estratégia de desenvolvimento de capacidades em AbE na Mata Atlântica
O projeto Mata Atlântica desenvolveu uma Estratégia de Desenvolvimento de Capacidades em AbE com o objetivo de fortalecer capacidades técnicas e institucionais na Mata Atlântica, divulgar e conscientizar sobre a AbE no Brasil e, principalmente, fomentar a consideração de medidas AbE em políticas públicas e instrumentos de planejamento e ordenamento territorial por meio dos passos apresentados no Ciclo AbE.
Ao todo, quatro cursos para a formação de formadores em AbE foram oferecidos, capacitando 69 formadores, dos quais 25 já tiveram experiência treinando outros grupos. Doze cursos metodológicos sobre a consideração de medidas AbE em políticas públicas e instrumentos de planejamento e ordenamento territorial foram oferecidos em sete cidades, cobrindo todas as regiões de atuação do projeto Mata Atlântica, com a participação de 279 pessoas. Além disso, eventos de sensibilização e conscientização sobre mudança do clima e AbE foram realizados em diferentes contextos, com ampla participação, como nos eventos de comemoração da Semana da Mata Atlântica promovidos pelo MMA junto a instituições parceiras.
Com as boas práticas das capacitações realizadas, o projeto Mata Atlântica produziu o Curso de educação à distância em Adaptação baseada em Ecossistemas frente à Mudança do Clima , que passa a ser disponibilizado a todos e todas pelo MMA.
Saiba mais sobre a estratégia de desenvolvimento de capacidades em AbE na Mata Atlântica e acesse os materiais desenvolvidos pelo projeto Mata Atlântica para dar suporte às capacitações pelos links abaixo:
Apostila do curso em Adaptação baseada em Ecossistemas (AbE) frente à Mudança do Clima.
Cartazes sobre inserção da Adaptação à Mudança do Clima baseada em Ecossistemas no planejamento
Estratégia de desenvolvimento de capacidades em AbE na Mata Atlântica
Tornando eficaz a Adaptação baseada em Ecossistemas: Parâmetros para definir critérios de qualificação e padrões de qualidade
Adaptação baseada em Ecossistemas (AbE): Manual Para Formadoras E Formadores
Impactos da Mudança do Clima na Mata Atlântica
Entre 2015 e 2016, o projeto Mata Atlântica desenvolveu um estudo sobre os impactos biofísicos da mudança do clima na Mata Atlântica, com o objetivo de dar subsídios a políticas públicas e instrumentos de planejamento e ordenamento territorial para que considerem a mudança do clima e a identificação e implementação de medidas AbE.
Esse estudo exigiu um grande esforço de desenvolvimento de métodos e levantamento de dados secundários, o que gerou um conhecimento inédito sobre os impactos da mudança do clima no Brasil, que resultou na disponibilização de todos os mapas e resultados obtidos para a sociedade.
Para isso, foram realizadas modelagens de impactos biofísicos potenciais da mudança do clima a partir de variáveis climáticas obtidas por dois modelos climáticos regionais disponíveis para o Brasil: Eta HadGEM2-ES e Eta MIROC5. Assim, a partir das variáveis climáticas e dos extremos climáticos simulados por cada um dos modelos regionais, para dois diferentes cenários de emissão de gases de efeito estufa (RCP 4.5 otimista e RCP 8.5 pessimista), 4 diferentes períodos de análise (1961-2005 ou linha de base; 2011-2040; 2041-2070; e 2071 -2100), e duas estações do ano (dezembro-janeiro-fevereiro ou verão, e junho-julho-agosto ou inverno), foram analisados os impactos potenciais à inundação, erosão hídrica, deslizamento, disponibilidade de água no solo, zoneamento agroclimático, ocorrência de fitofisionomias e distribuição da dengue.
Foram gerados 260 mapas de projeções de parâmetros climáticos, 104 de extremos climáticos, e 384 mapas de impactos biofísicos potenciais da mudança do clima, disponibilizados em grid de 20×20 km para a Mata Atlântica (Lei nº 11.428 de 2006). Os 748 mapas foram agrupados em 114 arquivos, buscando melhor demonstrar os resultados encontrados.
Para partes das regiões Sudeste, Centro Oeste e Sul do Brasil, também estão disponibilizados 128 arquivos agrupados em 72 mapas com respectivos metadados em grid de 5×5 km. Nessa resolução espacial mais detalhada, foi possível modelar os impactos biofísicos potenciais da mudança do clima para as regiões dos Mosaicos de Unidades de Conservação Central Fluminense e Lagamar. Os resultados são apresentados em formato absoluto, ou seja, as médias dos dados simulados para os períodos entre 2011-2040, 2041-2070 e 2071-2099; considerando o período histórico 1961- 2005 como linha de base, e em outro formato com dados relativos à variação entre as projeções futuras e os valores do período histórico (1961-2005).
Para acessar todos esses mapas, foi produzido um guia para ajudar os usuários a pesquisar no Portal DataDownload do Ministério do Meio Ambiente e utilizar de forma apropriada os dados geoespaciais gerados por este estudo. O guia indica quais caminhos trilhar para obter as informações desejadas.
Além do desenvolvimento do estudo e disponibilização do relatório completo e todos os mapas gerados, o projeto Mata Atlântica elaborou um sumário para tomadores de decisão, com foco nos principais resultados obtidos. O sumário é organizado por região da Mata Atlântica (Nordeste; Centro-Oeste; Sudeste; Sul), e mostra os resultados para 2040, o intervalo mais relevante para a definição de estratégias de adaptação de curto e médio prazos nos níveis local e municipal, e para o planejamento e execução de medidas AbE.
Acesse o relatório completo e o sumário para tomadores de decisão do estudo de impactos da mudança do clima na Mata Atlântica pelos links abaixo:
Impactos da Mudança do Clima na Mata Atlântica (Sumário para tomadores de decisão)
Impactos da Mudança do Clima na Mata Atlântica (Relatório completo)
Impactos da Mudança do Clima na Mata Atlântica (versão em inglês)
Guia: Como Acessar Dados Geográficos do Estudo Impactos Biofísicos Potenciais da Mudança do Clima na Mata Atlântica