Manguezais
Manguezal é uma área úmida, definida como “ecossistema costeiro, de transição entre os ambientes terrestre e marinho, característico de regiões tropicais e subtropicais, sujeito ao regime das marés”. É necessário fazer a distinção entre o manguezal, que é o ecossistema, com a vegetação, animais e microrganismos interagindo com o ambiente físico, e mangue, que são as plantas que ocupam esse espaço. Essas plantas, de grupos taxonômicos diversos, possuem, em comum, a capacidade de sobreviver no ambiente em solos com a presença de águas salobras ou salgadas, baixa disponibilidade de oxigênio e substrato inconsolidado.
Os manguezais são formados por uma série de fisionomias vegetais resistentes ao fluxo das marés e, portanto, ao sal, desde árvores e outras espécies arbustivas, passando por bancos de lama e de sal, salinas e pântanos salinos. Embora a floresta de mangues seja a feição popularmente associada aos manguezais, outras feições são partes constituintes desse ecossistema, como os apicuns, também denominados salgados ou planícies hipersalinas, e os lavados.
Os lavados são os bancos de lama em contato direto com o estuário ou as águas do mar, algumas vezes colonizados por gramíneas. A próxima feição, em direção ao interior, é a floresta ou bosque de mangues, formados pelas espécies arbóreas adaptadas. No Brasil, são encontradas seis espécies de mangues. Nas marés baixas, as raízes ramificadas ficam expostas, constituindo uma das imagens mais comuns de manguezais. A feição mais interna do manguezal são os apicuns, planícies de solo arenoso e lamoso com alta concentração de sal. São colonizados por plantas herbáceas. Os apicuns são extremamente importantes para a manutenção do manguezal, uma vez que servem de fonte de nutrientes.
No Brasil, os manguezais são encontrados em quase toda a costa brasileira, desde o Oiapoque/AP até Laguna/SC, geralmente associados a costas de baixa energia ou a áreas estuarinas, lagunares, baías e enseadas. Em 2012, ocupavam uma área de 1.225.444 hectares no litoral brasileiro.
A conservação dos manguezais em toda sua extensão, incluindo os apicuns, reveste-se igualmente de importância social por serem considerados berçários para os recursos pesqueiros, sustentando, direta ou indiretamente, mais de 1 milhão de pessoas. Exercem, ainda, a função de proteção costeira, contra erosão e eventos climáticos extremos, regulação climática e retenção de gás carbônico, conseguindo armazenar mais carbono até que florestas tropicais.
A ocupação desordenada ao longo da costa brasileira vem causando perda e fragmentação deste habitat, pela conversão destas áreas em carcinicultura, ocupações humanas e áreas destinadas ao turismo. Em regiões de manguezais, essa atividade ocasiona não só degradação ambiental, mas também grandes perdas sociais e econômicas.
Referências
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. (Org.). Atlas dos Manguezais do Brasil. 1ª ed. Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, p. 15-29, 2018.
MMA. Gerência de Biodiversidade Aquática e Recursos Pesqueiros. Panorama da conservação dos ecossistemas costeiros e marinhos no Brasil, 2010.
Ramsar Convention on Wetlands. Global Wetland Outlook: State of the World’s Wetlands and their Services to People. Gland, Switzerland: Ramsar Convention Secretariat, 2018.
Revista Fapesp. Manguezal armazena mais carbono que floresta. Edição 272. Out. 2018.