Cooperação com Organismos Internacionais
Centro Internacional para o Desenvolvimento de Políticas Migratórias (ICMPD)
O Centro Internacional para o Desenvolvimento de Políticas Migratórias (International Centre for Migration Policy Development - ICMPD) é uma organização internacional intergovernamental criada por iniciativa dos governos da Suíça e da Áustria em 1993 para prestar assistência técnica em matéria de migração e asilo.
Atualmente a organização conta com quinze países-membros: Áustria, Bósnia e Herzegovina, Bulgária, Croácia, República Tcheca, República da Hungria, Antiga República Iugoslava da Macedônia (ARJM), Polônia, Portugal, Romênia, Sérvia, Eslováquia, Eslovênia, Suécia e Suíça. Tem como objetivo promover políticas migratórias inovadoras, abrangentes e sustentáveis, bem como atuar como uma plataforma de consultas e de promoção de diálogos especializados entre governos e organizações.
Seu trabalho está dividido em seis áreas temáticas, sendo elas: (a) migração irregular e retorno; (b) gerenciamento de fronteiras; (c) enfrentamento ao tráfico de pessoas; (d) proteção e asilo; (e) migração e desenvolvimento; e (f) migração legal e integração. O ICMPD é também instituição observadora do sistema ONU.
O ICMPD e o Ministério da Justiça assinaram, por meio da Secretaria Nacional de Justiça (SNJ), um memorando de entendimento, publicado no Diário Oficial em 29 de outubro de 2009. O documento estabelece um marco de cooperação para troca de experiências, tais como assistência a vítimas de tráfico e cooperação com países-membros do ICMPD e da Europa. Ainda, uma Carta Acordo foi firmada entre a SNJ e o ICMPD em 29 de agosto de 2012, e uma Emenda e Modificação desta mesma Carta de Acordo, desejando fortalecer e expandir as áreas de cooperação entre as partes, foi assinada em 17 de outubro de 2014 (celebrada por tempo indeterminado). Desde então, o ICMPD, em parceria com a SNJ, vem implementando projetos, programas e ações pontuais no âmbito das migrações e do enfrentamento ao tráfico de pessoas.
Em 2009, iniciou-se a implementação do projeto “Promovendo Parcerias Transnacionais: Prevenção e Resposta ao Tráfico de Seres Humanos do Brasil para os Estados Membros da União Europeia" (2009-2011), co-financiado pela União Europeia. Destaca-se, no âmbito do projeto, a produção e a publicação do estudo "Jornadas Transatlânticas – Uma pesquisa exploratória sobre tráfico de seres humanos do Brasil para Itália e Portugal”, que permitiu a formulação de recomendações a fim de garantir a proteção dos direitos dos migrantes, bem como embasar políticas e normativas operacionais sobre o tráfico de pessoas.
Entre 2011 e 2013, o ICMPD atuou como parceiro implementador do projeto “Itineris: Proteção dos direitos dos migrantes contra a exploração, do Brasil para Estados-Membros da União Europeia”, também financiado pela SNJ; pela União Europeia; pelo Conselho Nacional de Imigração, Ministério do Trabalho e Previdência Social do Brasil; pelo Escritório Federal para Migrações da Suíça; e pela Secretaria Geral para Igualdade da Galícia, Espanha. Integraram, igualmente, a iniciativa o UNODC Brasil e Cone Sul; o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras de Portugal (SEF); a Divisão de Direitos Humanos da Polícia Federal do Brasil; a Comissão para a Cidadania e a Igualdade do Gênero, de Portugal; e a OIT – Escritório de Brasília. Os objetivos do Projeto foram: a) proteger os direitos dos migrantes contra a exploração e o tráfico de pessoas; b) promover o fortalecimento institucional de organizações brasileiras para o enfrentamento ao tráfico de seres humanos; e c) fortalecer a cooperação nacional e internacional no campo do enfrentamento ao tráfico de pessoas.
Em 2013, paralelamente ao projeto “Itineris”, a SNJ financiou pesquisa intitulada “Diagnóstico de Tráfico de Pessoas nas Áreas de Fronteiras do Brasil”, que foi implementada pelo ICMPD, em parceria com o UNODC. Ao final da pesquisa foram apresentadas recomendações concretas quanto às políticas públicas de enfrentamento ao tráfico de pessoas nas áreas de fronteira, e indicação de locais/municípios nas áreas fronteiriças onde, potencialmente, 11 Postos Avançados de Atendimento Humanizado ao Migrante (PAAHM) poderiam ser implantados.
Como desdobramento da pesquisa, desde novembro de 2013, o ICMPD implementa o Projeto “Migrações Transfronteiriças: fortalecendo a capacidade do Governo Federal Brasileiro para gerenciar novos fluxos migratórios” (MT Brasil), financiado pela União Europeia, em parceria com a Secretaria Nacional de Justiça (Ministério da Justiça); o Conselho Nacional de Imigração (Ministério do Trabalho e Previdência Social); e o Escritório Federal para Migrações da Suíça. Os parceiros e associados do projeto incluem igualmente: a Divisão de Direitos Humanos do Departamento de Polícia Federal, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras de Portugal (SEF), o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime - Escritório de Ligação e Parceria no Brasil (UNODC); a Organização Internacional do Trabalho - Escritório em Brasília (OIT); e o Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos. Os principais objetivos do projeto são: a) fortalecer a cooperação entre o Brasil e Estados Membros da União Europeia, visando a troca de experiências, capacidades e recursos;b) fortalecer a capacidade do Governo Federal Brasileiro para melhor gerir os fluxos migratórios na região de fronteira do país, com foco na assistência e integração laboral de grupos vulneráveis, tais como os retornados, migrantes e vítimas do tráfico de pessoas; e c) Promover a ligação entre migração e desenvolvimento para maximizar os benefícios das qualificações e habilidades dos imigrantes e brasileiros retornados. O projeto MT Brasil tem previsão de término em dezembro de 2016.
Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC)
O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) é o escritório da ONU responsável pelo suporte aos países no que se refere a medidas de enfrentamento ao tráfico e ao abuso de drogas e de substância ilícitas, à corrupção e ao crime organizado transnacional. O trabalho do UNODC está baseado em três grandes áreas: saúde, justiça e segurança pública, base sobre a qual se desdobram temas como drogas, crime organizado, corrupção, lavagem de dinheiro e tráfico de pessoas.
A parceria entre o UNODC e o Ministério da Justiça, no enfrentamento ao tráfico de pessoas, começou em 2002, ano em que foi assinada uma parceria com o intuito de aperfeiçoar os mecanismos nacionais já existentes, tendo como base o Protocolo de Palermo. Nessa fase, foram promovidas análises da situação do país, consultorias que buscavam o aperfeiçoamento da capacidade investigativa e de instauração de processos, bem como campanhas de conscientização.
Em 2005, uma nova parceria foi firmada, com o intuito de fortalecer a capacidade local para o enfrentamento ao tráfico de pessoas. O principal objetivo foi o de apoiar a elaboração da Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e do Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (PNETP), o que garantiu uma participação articulada de diversos ministérios, da sociedade civil e de organismos internacionais. Uma vez construída a política e desenvolvido o plano nacional, deu-se suporte à implementação das ações previstas neste, como o estabelecimento de Núcleos Estaduais de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e de postos municipais de atendimento às vítimas.
Essa parceria propiciou as bases que levaram à assinatura, no final de 2011, de outro acordo, cujo objetivo é dar suporte à Secretaria Nacional de Justiça para o aprimoramento da implementação da Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, por meio de ações de mobilização, de difusão de boas práticas, de capacitação de atores municipais, estaduais e federais, especialmente de profissionais da área de justiça criminal.
Por meio desse acordo, o UNODC apoia a Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça em temas como a reforma da legislação nacional sobre tráfico de seres humanos, adequando-a ao Protocolo de Palermo e aos atuais parâmetros internacionais, assim como na promoção de intercâmbios de conhecimento acerca de como funcionam outras realidades de resposta a esse crime.
Ademais, o projeto visa estabelecer uma metodologia para a coleta e a análise de dados que alimentarão uma base de dados sobre tráfico de pessoas, também a ser criada. Também serão incentivadas parcerias para a participação social, por meio do estabelecimento de um sistema descentralizado de Conselhos e Comitês e a preparação de atores do governo brasileiro e de países limítrofes para fortalecer a cooperação internacional em áreas de fronteira e com países na rota do tráfico.
Todas essas iniciativas possuem o objetivo de apoiar a resposta brasileira ao tráfico de pessoas e encontram-se alinhadas com o II PNETP, desenhado em 2011, por meio de um processo que contou com ampla participação social.
Mais informações podem ser obtidas no site do Escritório Regional do UNODC e Cone Sul: UNODC.
Organização Internacional para as Migrações (OIM)
A OIM trabalha para garantir uma gestão migratória que seja ordenada e humana, promover a cooperação internacional em questões migratórias, assistir a busca por soluções práticas para problemas de migração e oferecer assistência humanitária a migrantes que a necessitam, sejam eles refugiados, deslocados internos ou outras pessoas em deslocamento. Para tanto, utiliza-se da prestação de serviços e consultorias a governos e migrantes. No Brasil, a OIM trabalha em estreita colaboração com parceiros governamentais, intergovernamentais e não-governamentais, em seis eixos de atuação: proteção e assistência ao migrante, imigração e gestão de fronteiras, mobilidade laboral e desenvolvimento humano, migração e saúde, pesquisa e política migratória, e operações e emergências.
Dessa forma, para o fortalecimento de capacidades, promove atividades de capacitação para atores governamentais, da sociedade civil, organizações internacionais e o setor privado no combate ao tráfico de pessoas. Isso inclui apoio para fortalecer políticas e práticas para aprimorar a identificação, encaminhamento, proteção e assistência às vítimas de tráfico de pessoas. Entre as atividades implementadas, estão:
- Realização de capacitações em matéria de tráfico de pessoas na América do Sul para servidores sobre as diferentes jurisprudências em matéria de tráfico de pessoas, tanto no setor da saúde em alguns municípios, visando fortalecer a identificação de possíveis vítimas de tráfico no atendimento de saúde, quanto no sistema de justiça para treinar funcionários em melhorar o gerenciamento de casos, na prevenção e processamento do tráfico de pessoas e crimes correlatos no Brasil.
- Implementação no Brasil do projeto EUROFRONT, que tem como objetivo o enfrentamento ao tráfico de pessoas e ao contrabando de migrantes em nível nacional e regional na América Latina. No Brasil, o projeto é implementado na tríplice fronteira com Argentina e Paraguai.
- Construção, junto a outros parceiros, de guias e cartilhas de atendimento para situações de identificação, encaminhamento das vítimas de tráfico de pessoas e migrantes contrabandeados.
- Realização de campanhas de informação e divulgação de materiais informativos, com o intuito de fornecer as informações de que as pessoas em situação de vulnerabilidade necessitam para migrar com segurança e acessar a assistência se necessário.
- Parceria na Operação Turquesa comandada pela Interpol em 32 países com foco no combate ao tráfico de pessoa e contrabando de migrantes na identificação de pessoas e resgates no Brasil e em outros países.
Organização Internacional do Trabalho (OIT)
Desde outubro de 2005, a OIT presta Cooperação Técnica e desenvolve atividades relacionadas ao Combate ao Tráfico de Pessoas no Brasil. A cooperação tem como principal objetivo fortalecer a capacidade das organizações nacionais para aplicar a legislação existente sobre o tema, bem como para implementar políticas e programas de combate ao tráfico de pessoas para fins de exploração sexual comercial e trabalho forçado.
Os eixos de atuação da OIT foram concentrados em:
a. Fortalecimento da base de conhecimento sobre tráfico de pessoas para fins de exploração sexual e trabalho escravo, por meio da publicação de trabalhos de pesquisa, manuais de treinamento e capacitação, manuais para promotoras legais populares, guia para brasileiras no exterior, caderno de textos e outras obras relacionadas à cooperação e coordenação policial;
b. Fortalecimento das capacidades das instituições públicas e privadas, operadores do direito e funcionários das organizações envolvidas na prevenção, informação e aplicação da lei relacionada ao tráfico de pessoas. Entre as ações implementadas estão: capacitação dos operadores do direito e fortalecimento da participação juvenil; e
c. Ampliação da conscientização do público em geral sobre a questão do tráfico de pessoas, fundamentalmente dos formadores de opinião.
Por meio de dois projetos de Cooperação Técnica, a OIT colaborou ativamente com a Secretaria Nacional de Justiça (SNJ), do Ministério da Justiça na elaboração da Política e do Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (PNETP). A OIT incluiu o tema nas agendas federais e locais, apoiou a execução de novas metodologias de trabalho e a implementação do Plano Nacional.
A OIT apoiou tecnicamente a SNJ no processo participativo lançado para avaliar o primeiro PNETP e gerar propostas para o 2º PNETP. Além disso, com o objetivo de contribuir para reforçar o conhecimento sobre tema e as ações de advocacy, a OIT produziu documentos para orientar a participação da sociedade civil.