Notícias
Profissionais de segurança recebem treinamento para aprimorar investigação e repressão a crimes cibernéticos
Foto: Everton Ubal/MJSP
Brasília, 14/05/2024 - O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) realiza nesta terça (14) e quarta-feira (15) um treinamento para investigação envolvendo criptoativos, em parceria com a Binance, plataforma de compra e venda de criptomoedas, e a Embaixada dos Estados Unidos.
A capacitação é liderada pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp/MJSP), por meio do Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab) e do Núcleo de Operações com Criptoativos (NOC), vinculados à Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência (Diopi).
O objetivo é aprimorar as capacidades das polícias judiciárias brasileiras e dos membros do Ministério Público envolvidos na repressão aos crimes cibernéticos financeiros, exploração sexual infantil e outros delitos correlatos com aspecto financeiro e alinhar a atuação destes ao avanço das tecnologias nas relações financeiras, em que os criptoativos têm assumido crescente protagonismo, com consequente proveito dos criminosos.
A secretária nacional de Segurança Pública substituta, Camila Pintarelli, destacou que o treinamento visa promover modernização para a atuação de investigação: "Esse treinamento promove modernização para a atuação das investigações da segurança pública, que se torna mais complexa tal qual a complexidade social aumenta. A importância desse evento consiste em compartilhar conhecimento, competências e diálogo em torno dessa questão, que demanda estratégias novas de enfrentamento por parte do poder público", afirma Camila Pintarelli, secretária nacional de Segurança Pública substituta., disse.
A capacitação conta com atividades práticas, estudos de caso e amostra de colaboração por parte de agências norte-americanas. Ao total, participam 75 profissionais. Entre eles, expositores representantes do Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
Conforme o diretor de Operações Integradas e de Inteligência Rodney da Silva, a Senasp tem uma proposta de trabalho pautada na criação e fortalecimento de redes das forças de segurança. “É importante que nós, enquanto agentes da lei, trabalhemos não somente com a ideia de repressão, prisão e busca e apreensão, dentro daqueles moldes que fazemos há tantos anos. Atuamos com a recuperação de ativos, investigação patrimonial e ampliação da rede ciber, e estamos investindo nos estados e órgãos de aplicação da lei em estruturação de hardwares e softwares de última geração”, pontuou.
Investigações
Também presente no evento, o coordenador do Ciberlab, Alesandro Barreto, citou um estudo da Receita Federal que revelou que, apenas em julho de 2023, 4,1 milhões de pessoas físicas relataram ter feito operações com ativos digitais, valor três vezes maior do que o registrado no mesmo período de 2022.
“Consequentemente, temos mais vítimas de fraudes, de invasão de dispositivos e sistemas. Isso gera diversos danos patrimoniais”, explicou.
Ainda de acordo com Alesandro Barreto, também existem as chamadas demandas reprimidas, geralmente ligadas à dark web (termo usado para referir-se a sites cessíveis somente por meio de ferramentas, configurações ou autorizações específicas que dão elevado nível de anonimato tanto a quem publica os conteúdos como a quem os consulta), que revelam crimes como venda de drogas, pornografia infantil ou tráfico de armas:
“As investigações na dark web têm mostrado que os pagamentos feitos em criptoativos têm garantido uma camada extra de segurança ao anonimato desses maus atores. A Senasp tem prestado apoio técnico para combater esses crimes, por meio de ação controlada e infiltração de agentes para interagir com suspeitos e avançar nas investigações. Se nós não nos atualizarmos às novas tecnologias, nossas investigações vão ficar obsoletas”, afirmou.