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Liderança feminina na segurança pública é tema de seminário no MJSP
Foto: Robson Alves/MJSP
Brasília, 17/09/2024 - O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) promoveu, nesta terça-feira (17), o Seminário Mulheres na Liderança por um Brasil mais Seguro, no Palácio da Justiça, em Brasília. Coordenado pela Diretoria de Ensino e Pesquisa (DEP), da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), o objetivo foi aplicar princípios de liderança feminina, fomentar a cultura de igualdade de gênero e fortalecer competências inclusivas e eficazes nas organizações de segurança pública.
O evento contou com a presença de 42 mulheres que representam o Sistema Único de Segurança Pública (Susp) de todas as unidades da federação, dos níveis municipal, estadual e federal. Elas são alunas do curso Mulheres na Liderança por um Brasil mais Seguro, do qual o seminário fez parte. Entre as participantes, estavam integrantes das Polícias Militares, Polícias Civis, Polícias Científicas, Corpos de Bombeiros Militares, Polícias Penais e Guardas Municipais de todas as unidades federativas, além da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal.
O encontro reuniu o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski; a ministra do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia; a ministra de Gestão e Inovação, Esther Dweck; a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco; e o secretário Nacional de Segurança Pública, Mario Sarrubbo. Durante o evento, Cármen Lúcia também ministrou uma aula magna com o tema O Papel da Mulher na Construção de um Brasil Mais Seguro.
Em sua fala, o ministro Ricardo Lewandowski citou uma pesquisa conduzida pelo Fórum Econômico Mundial de 2023, que revelou que apenas 32,2% dos cargos de liderança no mundo são ocupados por mulheres, mesmo que elas representem 42% da força de trabalho.
Lewandowski também destacou que o governo Lula tem feito todos os esforços para garantir uma realidade mais justa para as mulheres e que, no MJSP, a metade das secretarias é comandada por mulheres. “A luta pela igualdade de gênero é de todas e de todos, e nós, no Brasil, estamos dando passos importantes nessa direção. Quero ressaltar que acreditamos que a presença de mais mulheres em postos de liderança pode contribuir para reduzir a letalidade policial e trazer uma perspectiva mais humanizada para a segurança pública”, complementou o ministro.
O secretário Nacional de Segurança Pública, Mario Sarrubbo, por sua vez, disse que há um longo caminho a ser percorrido para alcançar a verdadeira igualdade de gênero nas instituições, tanto formal quanto material. “Tenho 61 anos de idade e, ao longo da minha vida, vi apenas duas mulheres prefeitas em São Paulo, minha cidade natal. Em meus 34 anos no Ministério Público, nunca vi uma mulher como procuradora-geral de Justiça, com apenas uma exceção”, disse.
Para ele, isso evidencia a importância de eventos como o seminário desta terça-feira. “Temos muito a fazer para garantir que as mulheres ocupem os espaços de liderança que merecem. Este é o caminho que devemos seguir: o compromisso com a igualdade e a presença, cada vez maior, de mulheres em posições de liderança, contribuindo para um Brasil mais seguro”, afirmou.
De acordo com a titular da DEP, Michele dos Ramos, os desafios das mulheres não são poucos e a construção de um país mais seguro não acontece de forma linear. “Já aprendemos que sobressaltos e retrocessos estão sempre à espreita. No entanto, gostaria de reforçar a importância do papel de cada uma de nós nesse processo diário, assim como das inúmeras mulheres que nos antecederam e contribuíram para que hoje possamos ocupar espaços que não foram inicialmente pensados para nós. Nossas vozes, apesar de todos os desafios e intermediações, integram o coro nas tomadas de decisões”, disse.
Protagonismo
A secretária Nacional de Enfrentamento à Violência contra Mulheres, Denise Motta Dau, do Ministério das Mulheres, falou sobre o protagonismo das mulheres do Sistema Único de Segurança Pública na tomada de decisões sobre políticas públicas. “Esse contato direto permite entender as demandas mais urgentes e colaborar de forma estratégica”, pontuou.
Ela também se referiu a serviços integrados, como a Casa da Mulher Brasileira, as delegacias especializadas, as promotorias, as varas de violência doméstica e as defensorias públicas, que muitas vezes operam em parceria com as Guardas Municipais, a Polícia Militar e a Polícia Civil. “O envolvimento dessas mulheres é crucial para o sucesso das iniciativas de prevenção ao feminicídio, especialmente com a participação de estados e municípios”, concluiu.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, destacou o papel das mulheres na construção de um país mais justo: “Muitos dos desafios que enfrentamos só começaram a mudar porque ocupamos esses espaços de liderança, mesmo diante de dificuldades e violências cotidianas. Estamos transformando os espaços de poder e, consequentemente, o nosso país”.
Anielle ressaltou ainda que a diversidade em posições de liderança, seja de gênero ou de raça, não é apenas uma questão de justiça ou de representatividade. “É uma questão de eficiência. Equipes diversas elaboram melhores diagnósticos e soluções, tomando decisões mais equilibradas e abrangentes. Eu destaquei a importância de mulheres em espaços de poder, e quero abraçar cada uma de vocês que, além de servidoras e profissionais, também enfrenta jornadas duplas, como esposas, filhas e mães. Juntas, estamos construindo um futuro com mais paz e dignidade. Lembrem-se de que, apesar das dificuldades, nunca estamos sozinhas”, completou.
A ministra de Gestão e Inovação, Esther Dweck, disse ser fundamental olhar para as questões de gênero e raça de forma interseccional. “No Brasil, sabemos que as mulheres negras enfrentam ainda mais barreiras devido a combinação de discriminação de gênero e raça. É uma satisfação ver que estamos formando mais mulheres negras em posições de liderança, mas ainda temos muito a avançar”, disse.
Apesar das inúmeras barreiras, a ministra afirmou que o Brasil está caminhando na direção certa. “Sabemos que a segurança pública precisa ser mais humanizada, e as mulheres trazem uma perspectiva que naturalmente enriquece esse processo. Este curso, promovido pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, é um passo fundamental para capacitar mais mulheres e oferecer a elas oportunidades de crescimento e liderança”, completou Esther.