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Interpol celebra aniversário de 100 anos em cerimônia no Ministério da Justiça e Segurança Pública
Foto: Jamile Ferraris/MJSP
Brasília, 08/11/2023 – O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) sediou, nesta quarta-feira (8), um evento de enorme relevância e que mostra o compromisso do Brasil em apoiar as forças que combatem o crime organizado: a comemoração dos 100 anos da Interpol, polícia internacional fundada em 1923, com sede em Lyon (França) e que tem escritórios em 195 países. O evento trouxe ao Palácio da Justiça, sede do MJSP, ministros do Paraguai, Honduras e Equador, além de delegados e policiais de vários outros países, sob a liderança do ministro Flávio Dino e do secretário-geral da Interpol, o policial dos Emirados Árabes Unidos Ahmed Naser Al-Raisi.
O ministro Flávio Dino, em seu discurso, reforçou a importância da Interpol no combate ao crime e ressaltou o trabalho da instituição e a parceria que ela tem com a Polícia Federal no Brasil. “Imaginemos o que era o mundo em 1923. Vivíamos uma esquina desafiadora da história. Era uma data intermediária, entre a Primeira Guerra Mundial e a sua continuidade, a chamada Segunda Guerra Mundial. Vivíamos tempos difíceis, atribulados, desafiadores”, afirmou.
“Voltemos nosso olhar para hoje, 100 anos depois. Encontramos, novamente, o nosso planeta atravessado por múltiplos desafios, nessa singular esquina da história, que nos cabe vivenciar e gerir. Nós vivemos os efeitos das mudanças climáticas. E, do mesmo modo, infelizmente, vivemos tempos de guerras. Todas as grandes cartas de direitos, desde a Carta da Liga das Nações, desde a Declaração Universal que se seguiu à Segunda Grande Guerra, procuram, sem exceção, a solução pacífica das controvérsias. Lamentavelmente, vemos que a força normativa dos fatos, a força normativa da realidade, neste momento, não impõe o reconhecimento de que esse sistema, lamentavelmente, ainda não alcançou a plena efetividade, a plena eficácia que nós todos merecemos, que nossos filhos merecem”, definiu o ministro.
De acordo com ele, o crime transnacional sempre existiu e as sociedades, são marcadas por diferenças e divergências. “Por vezes, essas diferenças se transformam ou se regeneram na ausência de compreensão recíproca, e isso faz com que tenhamos fenômenos de ilicitudes na área internacional, e, claro, nas nossas fronteiras”, afirmou.
Segundo Flávio Dino, o crime transnacional atravessa o século. “As piratarias eram crimes transnacionais. A brutal escravização do povo africano era um crime transnacional, operado por financiadores que se encontravam na Europa, operados por proprietários de navios, muitas vezes do Brasil. Se o crime transnacional é uma realidade da humanidade, isso nunca ocorreu na intensidade que temos agora. Os criminosos não viajam mais. Às vezes, nem usam papel. A lavagem do dinheiro não se dá por papéis que passam por bancos”, ressaltou.
Além da intensidade e dos meios tecnológicos, lembrou o ministro, não há dúvida de que em 2023, cem anos após a fundação da Interpol, o mundo do crime nunca esteja tão bonito, tão interligado. “Qualquer engenho humano, é Deus e Diabo ao mesmo tempo, é bem e é mal ao mesmo tempo. Como consequência, é uma imposição que consigamos fortalecer os mecanismos de cooperação sobre as naturais diferenças que temos entre nossas culturas”, salientou o ministro Flávio Dino.
Apreço à paz
“Temos em comum o apreço à paz, aos direitos humanos, à ideia de lei e, portanto, à busca do bem comum das sociedades. Portanto, a bandeira da Interpol honra o Brasil, porque ela é uma bandeira real. Hoje mesmo, numa operação da Polícia Federal no Brasil tivemos o suporte da Interpol, e isso ocorre todos os dias. Esse tipo de situação nos dá esperança e fé em dias melhores, dias mais claros, mais luminosos, mais solares, é isso que faz com que o Brasil se sinta especialmente honrado em receber o corpo dirigente da Interpol no Palácio da Justiça”, definiu o titular do MJSP.
O secretário-geral da Interpol, Ahmed Naser Al-Raisi, agradeceu a recepção do ministro Flávio Dino e a parceria do país, por meio da Polícia Federal, no combate ao crime organizado. Ele disse, ainda, que estava sendo uma honra celebrar os 100 anos da Interpol em Brasília.
“Aproveito o momento para olhar para o futuro e efetivar a manutenção do compromisso em proteger o mundo dos criminosos. Os criminosos estão ficando mais sofisticados. Nossos desafios estão aumentando. Precisamos usar ainda mais a tecnologia e a cooperação internacional. Esperamos continuar trabalhando juntos com o Brasil para fazer desse um mundo melhor”, disse Ahmed Naser Al-Raisi.
Interpol
A Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) é a maior organização internacional policial criminal do mundo. Ela é sediada em Lyon, na França, e foi fundada em 1923. A Interpol fornece suporte de investigação, conhecimento e treinamento para a aplicação da lei em todo o mundo na luta contra três áreas principais de crime transnacional: terrorismo, crime cibernético e crime organizado.
Ela abrange praticamente todo tipo de crime, incluindo crimes contra a humanidade, pornografia infantil, tráfico e produção de drogas, corrupção política, violação de direitos autorais e crime do colarinho branco. A agência também ajuda a coordenar a cooperação entre as instituições policiais do mundo por meio de bancos de dados criminais e redes de comunicação.
Ameripol
O Tratado de Constituição da Ameripol, conhecido como “Tratado de Brasília”, será assinado nesta quinta-feira (9), no Ministério da Justiça e Segurança Pública. A cerimônia celebrará o reconhecimento da Comunidade de Polícias das Américas (Ameripol) como organismo internacional. O evento contará com a participação dos ministros de Interior e Justiça de 12 países.
A Ameripol é uma organização dedicada ao intercâmbio de informações policiais, a operações conjuntas e à capacitação de seus membros. Ela atua desde 2007 como organismo de cooperação policial internacional. Atualmente sediada em Bogotá, Colômbia, tem 36 forças policiais de 30 países do continente americano, além de 31 membros observadores, representando organismos internacionais e outras forças policiais de diferentes continentes.