Notícias
Flávio Dino pede, durante encontro na Amazônia, mais integração das forças policiais na região
Foto: Jamile Ferraris/MJSP
Belém (PA), 07/08/2023 – O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou, nesta segunda-feira (7), durante a Reunião de Altos Dirigentes de Polícia Sobre Crimes na Amazônia, que a criminalidade está cada vez mais integrada na região e que, por simetria, é preciso que os governos atuem assim. No caso brasileiro, citou que a ocupação do gigantesco território da Amazônia é feita por uma criminalidade que não existia desse modo há 20 ou 30 anos. “Tivemos um crescimento de organizações criminosas na parte brasileira da Amazônia. E elas efetuam atividades como garimpo ilegal e desmatamento, além de exploração ilegal de madeira, de terras e de recursos naturais”, ressaltou o ministro. “É preciso aumentar o combate aos crimes na região.”
O evento, em Belém, organizado pela Polícia Federal, teve como objetivo discutir a temática da criminalidade organizada transnacional no contexto amazônico, além de estratégias de cooperação internacional para o enfrentamento desses crimes. O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, também participou da reunião. “Estamos aqui justamente buscando essa integração”, disse Flávio Dino, a autoridades do Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, França (Guiana Francesa), Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, além de representantes da Interpol e da Ameripol.
O ministro participou, também, de encontro com representantes do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e com outros bancos, para, segundo ele, garantir R$ 2 bilhões com o objetivo de implantar dois centros de comando no coração da Amazônia, em Manaus. A ideia é integrar aos espaços 34 novas bases de atuação no território, sendo 28 terrestres e seis fluviais, para criar uma malha que fortaleça a presença das forças policiais no lado brasileiro na Amazônia.
Segundo Flávio Dino, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva transmitirá, nesta terça-feira (8), aos dirigentes dos países que formam a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) convite para o trabalho de implantação do centro de cooperação policial internacional, liderado pela Polícia Federal, que será sediado em Manaus (AM). “Estou vindo, por exemplo, do Amapá, nossa fronteira com a Guiana Francesa, com a França, por conseguinte. Estamos percorrendo esses cinco milhões de quilômetros quadrados da Amazônia Legal brasileira, para apoiar nossos policiais e as forças de segurança.”
“Não haverá elevação do grau de desenvolvimento dos países sem investimentos públicos e privados. E tais investimentos só poderão ser feitos se houver apoio dos governos e condições institucionais”, falou o ministro. De acordo com Flávio Dino, é exatamente nesse ponto que entra a participação do Brasil, ao combater a criminalidade na Amazônia.
Passo importante
O ministro explicou que, o convite de Lula, ao ser aceito pelos outros governantes, significará um passo importante para que o grupo possa dar conta dos desafios e, também, da proteção de todas as fronteiras. “Temos uma longa trajetória de atuação no âmbito da Interpol. São organismos decisivos para que a gente possa dar conta da múltipla criminalidade na Amazônia”, salientou o titular do MJSP, que garantiu não excluir cooperações bilaterais ou trilaterais.
É preciso, disse, pelo contrário, alcançar patamares mais altos de cooperação. “Queremos preencher vazios. Se os aparatos legais não atuam nesses espaços vazios, outros atuarão. A sociedade precisa de normas. Ou as normas são oriundas dos governos ou a noção de normas virá de outras fontes, ilícitas, ilegais, que acabam estabelecendo poderes paralelos. Estamos todos os dias nos defrontando com essa realidade, não só na Amazônia”, lamentou.
Flávio Dino explicou, ainda, durante o encontro, que há uma ideia da Amazônia como algo homogêneo, uniforme, o que não corresponderia à realidade. Ele explicou que o país observa as “múltiplas Amazônias” e, portanto, os múltiplos desafios. “Quando chegamos a Belém, de avião, olhamos floresta e rios, mas olhamos, também, centenas de prédios. Nossas Amazônias são rurais e urbanas. Temos grandes cidades no coração da Amazonia, que têm problemas de violência urbana e crimes patrimoniais”, explicou.
Por fim, o ministro afirmou ter certeza de que nos países da região, todos os dias, o noticiário, a televisão e a internet, está repleta de notícias de cometimentos de crimes. “Isso é cobrado das forças policiais, como se fosse um problema apenas das forças policiais. Mas sabemos que segurança pública não é, definitivamente, um problema apenas policial”, definiu.