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Cármen Lúcia ressalta urgência no enfrentamento da violência de gênero em aula magna
Foto: Robson Alves/MJSP
Brasília, 17/09/2024 - A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Cármen Lúcia conduziu aula magna com o tema Mulheres na Liderança por um Brasil Mais Seguro, nesta terça-feira (17), no Palácio da Justiça, em Brasília. A aula ocorreu durante o seminário e curso sobre liderança para mulheres profissionais do Sistema Único de Segurança Pública (Susp), órgão vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).
O encontro reuniu 42 profissionais femininas de segurança pública de todas as unidades federativas, nas esferas municipal, estadual e federal. Em sua fala, a ministra abordou a persistência das violências enfrentadas pelas mulheres e a desigualdade de oportunidades, que ainda persiste.
No decorrer da aula magna, Cármen Lúcia enfatizou que a sensação de insegurança é uma constante na vida das mulheres. Ela destacou números alarmantes, citando que, no Brasil, uma mulher é assassinada a cada seis horas e, a cada um minuto e meio, é registrado um caso de violência física, sexual ou moral. Esses dados evidenciam a gravidade da situação e a urgência de uma resposta efetiva.
A ministra também ressaltou que o preconceito contra o público feminino tem consequências devastadoras, como o feminicídio, a violência de gênero e a eleitoral. “A nossa sociedade, tão violenta contra as mulheres, precisa de uma grande transformação, começando pela conscientização e mudança de atitudes dos homens”, disse.
Outro ponto crítico abordado por Cármen Lúcia foi a violência velada enfrentada pelas mulheres durante o período eleitoral. Ela mencionou que, apesar dos avanços representados pelas cotas para candidaturas femininas, ainda há muitas fraudes no TSE. “Muitas vezes, o nome das mulheres é usado para atender às cotas, mas elas mesmas não participam ativamente das campanhas, cedendo seus nomes para familiares homens ou outras pessoas”, explicou. Essa prática não apenas compromete a integridade do processo eleitoral, mas também perpetua a desigualdade.
Além disso, a ministra enfatizou que o discurso de ódio é profundamente sexista, desmoralizante e machista, e que ele não afeta apenas as mulheres diretamente, mas também desmoraliza suas famílias e suas filhas. “É uma forma de violência psicológica que amplia o impacto das agressões físicas e morais”, afirmou.
Por fim, a ministra concluiu que “não podemos construir uma sociedade livre, justa e solidária mantendo um quadro de violência contra a maior parte da sociedade, que são as mulheres”.
Para garantir um Brasil seguro e eficaz na segurança pública, segundo a ministra do STF, é essencial que as mulheres possam contar com seus direitos, que sejam respeitadas em sua dignidade e que tenham segurança além do aspecto físico.
Seminário Mulheres na Liderança
A aula magna de Cármen Lúcia fez parte do Seminário Mulheres na Liderança por um Brasil mais Seguro, que ocorreu nesta terça-feira (17), no Palácio da Justiça. Além das 42 alunas do curso Mulheres na Liderança por um Brasil mais Seguro e da ministra do STF, o encontro reuniu o ministro do MJSP, Ricardo Lewandowski; a ministra de Gestão e Inovação, Esther Dweck; a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco; e o secretário Nacional de Segurança Pública, Mario Sarrubbo.