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25 de novembro
Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres
Publicado em
03/12/2024 12h57
No Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, o Memórias Reveladas relembra a trajetória de Inês Etienne Romeu e seu corajoso depoimento à Comissão Nacional da Verdade, em 2014, no Auditório do Arquivo Nacional. Inês Etienne foi uma das muitas vítimas da repressão política durante a ditadura militar que, contra as mulheres, empregou a violência sexual e de gênero como prática rotineira.
Nascida em 1944, Inês foi presa aos 25 anos, acusada de envolvimento com organizações armadas de resistência ao regime. Na prisão, Inês sofreu abusos físicos e psicológicos brutais e foi uma das primeiras mulheres a denunciar a violência sexual como método sistemático de tortura. Única sobrevivente da Casa da Morte de Petrópolis, um dos centros clandestinos de tortura, morte e desaparecimento de pessoas, Inês reconheceu seis dos seus torturadores, entre eles o coronel Paulo Malhães.
Última presa política a ser libertada em 1979, Inês se formou em História na Universidade Federal do Ceará em 1981, trabalhou no Arquivo Público do Estado de São Paulo (APESP), onde chegou à direção em 1988. Em 2002, participou da luta pela criação do atual Memorial da Resistência, em São Paulo. Porém em 2003, aos 61 anos, foi vítima de nova violência e encontrada em seu apartamento com grave traumatismo após ser golpeada repetidas vezes na cabeça.
No capítulo I, do volume I, do Relatório final da CNV, Inês falava ao jurista Fábio Konder Comparato sobre os crimes cometidos pelos militares e sua luta por justiça (trecho em destaque). Inês morreu em 2015, no ano seguinte ao depoimento, enquanto seus abusadores continuavam em liberdade. Porém em 2023, em decisão inédita, a Justiça abriu processo contra um de seus estupradores, o Camarão, após concluir que a violência sofrida por Inês Etienne Romeu na ditadura não teria amparo na Lei da Anistia.