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Seminário internacional discute os 60 anos do golpe de 1964 em perspectiva histórica e comparada
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O seminário está dividido em sete eixos temáticos. O primeiro tem como tema Ditaduras e a Guerra Fria latino-americana, e vai reunir trabalhos que dialoguem com a literatura da chamada Guerra Fria latino-americana e a Guerra Fria global, refletindo sobre o papel de atores locais e internacionais para a supressão de liberdades democráticas no continente, as diferenças e semelhanças entre as experiências autoritárias da região, as conexões internacionais e transnacionais de instituições e atores latino-americanos, além de recortes de longo prazo que coloquem o período da Guerra Fria latino-americana em larga perspectiva histórica, a partir de diversos olhares e objetos – da economia à cultura, ao papel das Forças Armadas na sociedade ao ativismo trabalhista, indígena, estudantil, religioso, racial e de gênero.
O segundo eixo, Autoritarismo e repressão de Estado, vai discutir, em perspectiva comparada, transnacional ou mesmo a partir de olhares nacionais, regionais e locais, a forma e o conteúdo do autoritarismo institucionalizado pela ditadura brasileira, enfatizando de que forma ações, organizações e ferramentas autoritárias impactaram em diversos aspectos da vida social brasileira. Esse eixo também buscará refletir sobre a maneira pela qual se construiu a ascensão e queda do aparato autoritário brasileiro, com suas contradições e limites, incluindo resistências e pressões de grupos da extrema direita militar e civil no sentido de um aprofundamento ditatorial.
Ditadura e a vida cultural é o assunto do terceiro eixo, que vai refletir sobre o papel das artes, nas suas mais variadas expressões, não apenas como forma de resistência contra a ditadura brasileira em si, mas também como expressão de grupos e atores sociais que sofreram violações de direitos humanos no contexto autoritário. Também vai abordar pesquisas que analisem em profundidade a maneira pela qual a ditadura brasileira impactou o mundo artístico, indo de censura a promoção de agendas e atores no universo cultural, valorizando aspectos que deem vozes a minorias historicamente silenciadas.
![](https://i0.wp.com/jornal.usp.br/wp-content/uploads/2018/08/20180828_00_jornada_cultural_carestia.jpg?resize=800%2C420&ssl=1)
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O quarto eixo, Sociedade civil, participação e resistência, vai refletir sobre diferentes formas de participação de atores da sociedade civil, inclusive as de natureza colaborativa e/ou de associação a instituições estatais e lideranças militares, no contexto da ditadura brasileira. Esse eixo também privilegiará análises sobre conteúdos e formas de resistência, armada e não armada, por parte de atores da sociedade civil contra a ditadura, com exceção daquelas de cunho artístico-cultural (contempladas pelo eixo 3). Conexões internacionais e transnacionais de grupos da sociedade civil brasileira, sejam daqueles que apoiavam ou contestavam o regime, serão particularmente valorizadas, assim como perspectivas que lancem luz sobre a participação e/ou resistência de diferentes grupos sociais ao regime, como, por exemplo, camponeses, trabalhadores urbanos, estudantes, empresários, lideranças religiosas, mulheres, indígenas, pretos e membros da comunidade LGBTQIA+.
O último eixo vai discutir A ditadura no pós-ditadura e a justiça transicional, refletindo sobre como a ditadura sobreviveu ao processo de redemocratização brasileiro do final da década de 1980, seja do ponto de vista político-institucional, em particular devido à manutenção de entulhos autoritários, seja por meio de representações, narrativas e percepções que buscaram tornar presentes atores e agendas do período ditatorial. Da mesma maneira, esse eixo privilegiará o tema da justiça transicional no Brasil, seus limites, insuficiências e contradições, envolvendo desde as atividades de instituições como a Comissão de Anistia, Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos e a Comissão Nacional da Verdade até, em particular, a questão das graves violações de direitos humanos ainda silenciadas e/ou ausentes do processo transicional, sobretudo aquelas envolvendo minorias sociais, como indígenas e LGBTQIA+.
Além disso, será exibido o documentário A portas fechadas (2023), de João Pedro Bim, com debate após a projeção com presença do diretor e dos professores da USP Eduardo Morettin, da Escola de Comunicações e Artes (ECA), e Marcos Napolitano, do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), que também integram a comissão organizadora do evento. O filme retrata a reunião do Conselho de Segurança Nacional para promulgar o AI-5, que ocorreu em 13 de dezembro de 1968, e que, apesar de ter sido gravada, ficou secreta por décadas. Além disso, mostra como, no cinema e na televisão, a ditadura elabora sobre si mesma imagens de redenção nacional. Haverá também lançamentos de livros.
A Comissão organizadora reúne, além de Eduardo Morettin e Marcos Napolitano, os professores Angélica Müller (Universidade Federal Fluminense -UFF, pós-doc IRI-USP); Alessandra Castilho (Faculdades Metropolitanas Unidas-FMU, doutora, IRI-USP/King’s College); Dária Jaremtchuk (Instituto de Estudos Avançados-IEA-USP); Felipe Loureiro (IRI-USP, coordenador da comissão) e Gianfranco Caterina (pós-doc IRI-USP). E a Comissão Organizadora Internacional: Daniel McDonald (Oxford); Eleonora Natale (King’s College); Thamyris Almeida (Dartmouth) e Rafael Ioris (Denver).
Programação
Não haverá tradução simultânea mas a maioria dos palestrantes do exterior fala português
Dia 20/3 – quarta
9h00-10h00 – Credenciamento
10h00-12h00 – Mesa 1 – Ditaduras e a Guerra Fria latino-americana
- Eleonora Natale (King’s College)
Fonte: Jornal da USP, 04/03/2024
Disponível: https://jornal.usp.br/universidade/seminario-internacional-discute-os-60-anos-anos-do-golpe-de-1964-em-perspectiva-historica-e-comparada/
- Julieta Rostica (Universidad de Buenos Aires)
- Valeria Manzano (Universidad San Andrés)
- Rafael Ioris (University of Denver), mod.
12h00-14h00 – Almoço
14h00-16h00 – Mesa 2 – Autoritarismo e repressão de Estado
- João Roberto Martins (Universidade Federal de São Carlos)
- Maud Chirio (Gustav Eiffel)
- Tatyana Maia (Universidade Federal de Juiz de Fora-UFJF)
- Antônio Montenegro (Universidade Federal de Pernambuco-UFPE), mod.
16h00-16h30 – Café
16h30-17h00 – Abertura oficial
17h00-18h30 – Conferência 1
- James Green (Brown University)
- Felipe Loureiro (IRI-USP), mod.
18h30-19h00 – Lançamento de livros
Dia 21/3 – quinta
9h30-12h00 – Exibição do filme A portas fechadas (2023), de João Pedro Bim, com debate após a projeção com presença do diretor e de Eduardo Morettin e Marcos Napolitano; no Cinusp
12h00-13:h0 – Almoço
13h00-14h30 – Painéis de trabalho – Eixos 1 a 5
14h30-15h00 – Café
15h00-17h30 – Mesa 3 – Ditadura e a vida cultural
- Janaílson Macedo (Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará-Unifesspa)
- Marcelo Ridenti (Unicamp)
- Miliandre Garcia (Universidade Estadual do Paraná)
- Thamyres Almeida (Swarthmore College)
- Dária Jaremtchuk (IEA-USP), mod.
17h30-18h00 – Café
18:h0-19h30 – Conferência 2
- Marieta Ferreira (Fundação Getúlio Vargas e Universidade Federal do Rio de Janeiro)
- Marcos Napolitano (mod.)
Dia 22/3 – sexta
9h00-11h00 – Mesa 4 – Sociedade civil, participação e resistência
- Daniel McDonald (Oxford University)
- Regina Guimarães Neto (UFPE)
- Rodrigo Patto Motta (Universidade Federal de Minas Gerais)
- Samantha Quadrat (Universidade Federal Fluminense), mod.
11:h0-11h30 – Café
11h30-13:h0 – Painéis de trabalho – Eixos 1 a 5
13h00-14h00 – Almoço
14h00-16h30 – Mesa 5 – A ditadura no pós-ditadura
- Ana Catarina Zema (University of Laval)
- Camille Goirand (Sorbonne-Paris III)
- Carla Osmo (Unifesp)
- Luis Ocampo Moreno (Catedrático USP)
- João Roriz (Universidade Federal de Goiás), mod.
16h30-17h00 – Café
17h00-18h30 – Conferência 3
- Marina Franco (Universidad San Martin)
- Angélica Müller (Universidade Federal Fluminense), mod.
Seminário internacional 1964-2024: A Ditadura Brasileira em Perspectiva Histórica e Comparada
Datas: 20 a 22 de março, a partir das 9h
Local: IRI (Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, s/nº, travessas 4 e 5 – Cidade Universitária, Butantã, São Paulo, SP)
Inscrições gratuitas, preferencialmente para professores da rede pública de ensino, via formulário
Fonte: Jornal da USP, 04/03/2024