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Material sobre o movimento de jovens estudantes e operários está disponível no CEDEM
O Grupo de Osasco e a greve de julho de 1968
22/08/2023, 07:00 por: Assessoria de Comunicação do CEDEM, da Unesp
A dissertação intitulada O Grupo (de esquerda) de Osasco movimento estudantil, sindicato e guerrilha (1966 – 1971) , de autoria de Sérgio Luiz Santos de Oliveira, discute a trajetória do movimento formado por estudantes, operários, e estudantes-operários, a maioria na faixa dos vinte anos de idade, organizado no município cujo nome vem expresso na indicação do grupo. “Os militantes articulados no Grupo de Osasco (GO) se fizeram presentes no meio político de sua cidade de forma abrangente entre 1966 e 1968,” destaca o autor.
Apresentado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, sob orientação do professor Ulysses Telles Guariba Netto, o trabalho foi produzido a partir de fontes documentais provenientes de inquéritos policiais e material produzido pelas organizações de esquerda. “Esses documentos são encontrados em arquivos como o do Estado de São Paulo e do Centro de Documentação e Memória (CEDEM), da Unesp,” explica Oliveira.
Em sua breve trajetória, o grupo em análise se pautou por ideias de cunho revolucionário, de matriz marxista-leninista. Segundo o autor, o que unia esses ativistas era uma oposição radical a ditadura civil-militar brasileira, o desejo em interferir nos rumos políticos de sua realidade, e um interesse difuso pela teoria marxista. “Outro ponto que vale salientar é o fato de a maioria dos membros do grupo terem adentrado o universo da esquerda nacional distantes das teses do PCB. Os rancores da esquerda mais jovem diante do imobilismo dos comunistas perante o assalto ao poder esteve presente nesse agrupamento desde seus primórdios,” destaca.
As atividades do GO não se restringiram ao município. O Grupo esteve presente nas movimentações estudantis do efervescente ano de 1968, em ações conjuntas junto a entidades estaduais e federais, como a União Estadual dos Estudantes de São Paulo e a União Nacional dos Estudantes; nos debates em torno da oposição sindical ao regime militar, com destaque para a atuação nos trabalhos de construção (e dissolução) do MIA (Movimento Intersindical Anti-arrocho).
O GO se tornou conhecido após a greve de julho de 1968, evento que se notabilizou mais pela repressão feroz com que foi contido, do que por seus efeitos imediatos. Essa greve fez parte da oposição ao regime que tomou conta do país, somou-se as manifestações de massa empreendidas pelo movimento estudantil nas principais capitais brasileiras, e a efervescência cultural galvanizada pela onda de contestação jovem observada em nível internacional.
O GO controlava o movimento estudantil local, o Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região, boa parte das comissões de fábrica espalhadas pelas empresas da localidade; contava com três vereadores aliados, e trânsito junto ao prefeito da cidade. Organizados pelo Grupo, cursos de iniciação ao marxismo eram ministrados para trabalhadores e estudantes, além de atividades culturais. Contudo, após a Greve de Osasco, o crescente processo de politização orientado pelo Grupo foi bloqueado.
Segundo Oliveira, o GO não teve tempo para se estruturar enquanto partido ou movimento político coeso, com diretrizes e programa definido, visto que seu período de atuação foi curto. Em sua cidade, tornou-se uma das principais forças políticas na segunda metade dos anos 1960. “A repressão após a greve de julho, jogou praticamente todos os militantes do GO na clandestinidade e eles acabaram por ingressar na Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), partindo para a luta armada,” conclui.
Onde pesquisar:
CEDEM
On-line
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Presencial: Sede do Centro de Documentação e Memória (CEDEM), da Unesp
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Tel.: 11-3116-1701
Fonte: CEDEM UNESP, 22/08/2023
Disponível: https://www.cedem.unesp.br/#!/noticia/626/o-grupo-de-osasco-e-a-greve-de-julho-de-1968/