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Hoje, 25 de julho, comemoramos o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha
- Informativo Nzinga
Capa do Informativo Nzinga, editado pelo coletivo Nzinga de Mulheres Negras
Arquivo Nacional, Serviço Nacional de Informações, BF DFANBSB V MIC GNC CCC 88016535
Embora o primeiro Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas tenha ocorrido apenas em 1992 em Santo Domingo, na República Dominicana, e os esforços para a institucionalização dessa comemorativa remontem a este período, os movimentos de organização das mulheres negras no Brasil são muito anteriores.
Assim, a documentação do Serviço Nacional de Informações, órgão central de vigilância da ditadura que, malgrado o movimento de redemocratização iniciado em 1986, sobreviveu até 1990, mostra não apenas o ativismo de mulheres negras brasileiras, mas também o olhar da vigilância estatal sobre elas.
Em dossiê de 1988 do SNI, por exemplo, vemos instruções para que espiões acompanhassem de perto a realização do I Encontro da Mulher Negra, organizado pelo Movimento Negro Unificado - MNU, em Valença - RJ, em dezembro daquele ano. As ordens eram para "Acompanhar enviar sinopse do evento em pauta", "Identificar lideranças e organismos participantes, bem como vinculações ideológicas", além de "Outros conhecimentos julgados úteis".
Relatou-se que “O encontro teve por objetivo de denunciar as desigual dadas sociais, raciais e sexuais, bem como analisar as perspectivas que as mulheres negras brasileiras possuem com relação ao futuro” e que dele participaram mais de 300 pessoas e organizações, entre elas mulheres representantes do movimento negro de vários estados, além da antropóloga Lélia González.
O relatório registrava, ainda, que várias faixas foram afixadas no local, sendo algumas das “mais significativas” as que diziam: “Farsa centenária igualdade, liberdade da raça negra” e “Negros conscientizados de Valença saúdam as suas irmãos de luta e sofrimento”.
Arquivo Nacional, Serviço Nacional de Informações, BF DFANBSB V MIC GNC CCC 88017028