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Boletim foi editado em nove países; CEDEM dispõe de exemplares em cinco idiomas
Frente Brasileira de Informação denunciou a ditadura militar
Nos anos duros da ditadura civil-militar, os brasileiros exilados criaram uma rede de comunicação para denunciar crimes praticados pelo Estado, como tortura e censura. Eles também discutiam temas como a desigualdade social, a questão indígena, o desmatamento na Amazônia, denúncias de obras públicas superfaturadas e outros problemas que o país enfrentava naquele momento.
O boletim Frente Brasileira de Informações (FBI) foi um dos informativos que circulou entre os exilados, enquanto uma ferramenta de combate e resistência à ditadura civil-militar. Por meio dele é possível constatar que a resistência à ditadura não se deu apenas internamente no Brasil. Ocorreu também no exílio e é parte importante desse período histórico.
O FBI foi fundado, dirigido e editado pelo ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes, em 1969, durante o período em que viveu exilado na Argélia. Com a visibilidade, o boletim passou a ser produzido também na Alemanha, Bélgica, Holanda, Inglaterra, Itália, Suécia, Suíça e Chile, por brasileiros de diferentes tendências políticas. O Centro de Documentação e Memória (CEDEM) possui exemplares do boletim em cinco idiomas: português, inglês, espanhol, francês e italiano. Alguns estão digitalizados e disponíveis para pesquisa virtual.
Cada núcleo internacional possuía um grupo de exilados que organizava a produção, traduzindo os textos para o idioma correspondente e incorporando novos escritos de acordo com a realidade local. Além disso, exemplares eram enviados para militantes que viviam no Brasil, o que fazia sentido, pois o boletim publicava no exterior as notícias censuras no país. Também era enviado para Cuba e União Soviética.
Na edição do março de 1971, o comitê de denúncia da repressão no Brasil, sediado no Chile escreveu a seguinte: “Este Boletim representa uma iniciativa de romper com o bloqueio imposto pela ditadura brasileira à divulgação dos fatos que ocorrem no país. Fazer circular estas notícias, reproduzi-las ou qualquer outra forma de solidariedade significa uma efetiva contribuição à luta do povo brasileiro contra o regime militar que o oprime, desconsiderando cotidianamente os mais elementares direitos humanos”.
Anônimo, o impresso tinha como público-alvo jornalistas, acadêmicos, sindicalistas, religiosos, estudantes e membros de partidos políticos que solicitavam os exemplares. As atividades foram encerradas em 1973 por divergências políticas entre os participantes.
Onde pesquisar:
CEDEM
On-line: www.cedem.unesp.br
Presencial: Sede do Centro de Documentação e Memória (CEDEM), da Unesp
Praça da Sé, 108, 1 andar – São Paulo (SP)
E-mail: pesquisa.cedem@unesp.br
Tel.: 11-3116-1706
11-3116-1712
11-3116-1713
Fonte: CEDEM-UNESP, 21/05/2024
Disponível: https://www.cedem.unesp.br/#!/noticia/665/frente-brasileira-de-informacao-denunciou-a-ditadura-militar