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Durante a ação, aclamada pelo povão rubro-negro, que aderiu de forma voluntária à manifestação, chegou ao nosso conhecimento a detenção de dois torcedores, por supostamente estarem segurando a faixa.
Flamenguistas são punidos por segurarem faixa protestando contra os torturadores de 1964
Publicado em
18/04/2023 13h33
Torcedores do Flamengo estão sofrendo punições arbitrárias por uma ação realizada durante o primeiro jogo da final do Campeonato Carioca, no dia 1º abril. Antes de a bola rolar, uma faixa com a frase “MORTE AOS TORTURADORES DE 64” foi exibida na arquibancada, em referência aos torturadores e assassinos que atuaram em nome da ditadura político-empresarial brasileira, levada a cabo pelas Forças Armadas no 1º de abril de 1964.
A faixa viralizou nas redes sociais a partir de uma foto do jornalista Léo Pinheiro, repercutindo na mídia nos dias seguintes.
Durante a ação, aclamada pelo povão rubro-negro, que aderiu de forma voluntária à manifestação, chegou ao nosso conhecimento a detenção de dois torcedores, por supostamente estarem segurando a faixa. Eles foram detidos e encaminhados ao JECRIM, onde foi oferecida, de forma totalmente unilateral, as seguintes medidas para um acordo:
- Banimento da presença em jogos do Flamengo (em território nacional) até 31 de dezembro de 2023;
- Dias de jogo do Flamengo (em qualquer lugar) os denunciados devem permanecer em suas residências, a contar de 30 minutos antes da partida até o final do segundo tempo;
- Uso de tornozeleira eletrônica (até 31 de dezembro de 2023);
- Multa de 300 reais.
Punições que atingem o bolso (multa), a integridade moral (uso de tornozeleira eletrônica por aproximadamente 08 meses) e o coração (a impossibilidade de acompanhar o Flamengo no estádio).
Ao não aceitar a proposta unilateral do MP, foi imposto o uso de tornozeleira eletrônica de monitoramento e afastamento das praças esportivas até dezembro de 2023, como medida cautelar. Além disso, ambos os torcedores respondem um processo criminal aguardando possível condenação.
A percepção é de que o Brasil foge à sua própria história. Esse apagamento e revisionismo habitual do nosso sangrento passado nos impede de avançar. É como diz a frase exposta no Estádio Nacional chileno: “Um povo sem memória é um povo sem futuro”. Compreendemos que ela cabe perfeitamente ao nosso contexto.
A ação realizada reivindica a nossa própria história! E é amparada pela liberdade de expressão. Nos sentimos contemplados com a mensagem, que leva luz a todos os t0rturad0res que já morreram sem a mínima punição. Pelos presos políticos, por todos os mortos e desaparecidos, por todos os sobreviventes e por todos os que resistiram. E a história se repete.
Não cortamos nossas raízes ditatoriais e, por isso, elas estão por aí por toda a parte – estão em cada jovem negro assassinado, estão nas torturas cotidianas dos presídios Brasil afora, estão nas repressões às nossas manifestações.
Pedimos todo apoio aos torcedores neste período do pré-julgamento para que não caia no esquecimento esse capítulo triste da história do Brasil, quando as FFAA se viraram da forma mais cruel contra o próprio povo brasileiro – tendo, em seu histórico, matado mais nacionais que estrangeiros.
Todo apoio é bem-vindo! Principalmente de movimentos sociais, jornalistas e personalidades que se voltam contra a barbárie dos anos de chumbo
Publicado originalmente no Facebook do
Flamengo Antifascista
Fonte: DCM, 17/04/2023