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22 de julho, aniversário de Florestan Fernandes
Publicado em
22/07/2024 12h57
Foto: Arquivo de família
Professor e sociólogo, Florestan Fernandes nasceu em 22 de julho de 1920 na cidade de São Paulo. Perseguido pela ditadura exilado em 1969, Florestan foi alvo do Serviço Nacional de Informações, que acompanhava de perto seus passos, conforme registrado em seu prontuário, encontrado nos arquivos do SNI, documento disponível no Banco de Dados Memórias Reveladas:
Professor de Sociologia da Faculdade de Filosofia da Universidade de SÃ0 PAULO.
Casado, residente à Rua Newbraska 392 - SP, Carteira de Identidade n. 506438 da SSP/SP.
Em 1945 participou do partido político denominado "Coligação Democrática Radical", tomando parte no Diretório Provisório. Em 1958 esteve envolvido em uma crise ocorrida na U.S.P. Em 1960 participou da Comissão Organizadora dos preparativos da Conferência Pró-anistia de presos políticos espanhóis e portugueses.
Ainda em 1960, foi assessor das comissões constituídas por ocasião do II Congresso Sindical dos Trabalhadores no Estado de SÃO PAULO.
Neste ano ainda fazia parte do Conselho Consultivo da União Cultural Brasil-URSS.
Esteve presente a concentração popular contra a Sonegação de Gêneros Alimentícios e pela aprovação da Lei Orgânica da Previdência Social, e Regulamentação do Direito de Greve.
Em 1961, esteve presente à reunião "Intersindical de Delegados de Empresas e Dirigentes Sindicais”, realizada no Sindicato dos Metalúrgicos de SP. Em setembro do mesmo ano aparece como um dos signatários de um manifesto lançado em SP, visando a volta do PC à legalidade, e era um dos membros da Comissão Paulista patrocinadora da coleta de assinaturas para o registro do P.C.B..
Em maio de 1962, compareceu ao ato público realizado em SP, em solidariedade aos presos políticos de PORTUGAL e ESPANHA.
Em 1964, por ocasião da Investigação Sumária levada a efeito na Faculdade. de Filosofia da USP foi acusado de exercer atividades que o caracterizavam como homem de esquerda, bem como de defender ideias contrarias ao regime democrático.
Nesta IS, o professor em causa afirmou que se considerava um homem de esquerda, que, como socialista, adota alguns pressupostos da doutrina marxista leninista, que é favorável as greves políticas como instrumento de democratização do poder e que pensa da mesma maneira em relação às greves estudantis.
Em março de 1965 o marginado era apontado como marxista violentíssimo tendo sido preso por autoridades militares, por suspeita de atividades subversivas.
Em abril de 1965 durante uma festa de formatura na Faculdade de Filosofia da USP, o marginado pronunciou discurso sob o tema "Revolução Burguesa", tecendo críticas à Revolução de março de 64.
Neste mesmo mês o marginado assinou o chamado "Manifesto dos Intelectuais".
Em junho assinou manifesto pela liberdade de Enio Silveira.
Em setembro de 1965 teve prisão preventiva decretada pela 2ª Auditoria da 2ª RM, como indiciado em IPM que apurava atividades subversivas. Deixou de ser preso por ter embarcado para a Europa no mesmo dia em que foi decretada sua prisão.
Em outubro de 1965, foi revogada a ordem de prisão preventiva do marginado, tendo sido concedida liberdade vigiada.
Em novembro de mesmo ano foi indiciado em IPM ao RGS. Delegação de Poderes n. 327.
Em dezembro foi indiciado em novo IPM, realizado na Faculdade de Filosofia da USP. Do relatório deste IPM consta o seguinte:
- desde o ano de 1945 participa de atividades que o identificam como um elemento de esquerda.
Como conclusão o marginado foi enquadrado nos art. 20 parágrafo III, art. 4G parágrafo l da Lei 1802/53.
Em junho de 1966, o marginado, através da imprensa (CM), critica o Gov. Federal.
Em Julho de 1966 o referido professor teve negada pela 24 Auditoria da 28 R141 permissão para viajar pelo Brasil.
Em agosto/66, foi-lhe concedido habeas corpus pelo STM.
Em outubro de 1966, lançou o Livro "A Sociologia numa era de Revolução Social.
Em dezembro de 19669 o STM concedeu habeas corpus para trancar a ação penal instaurada contraí o marginado na 24 Auditoria da 2A RM.
Em fevereiro de 1967 o marginado assinou manifesto em que os intelectuais brasileiros denunciam o caráter antidemocrático da Nova Constituição e conclamam o povo para unidos lutarem contra o governo que está coagindo o Congresso Nacional.
Arquivo Nacional, Serviço Nacional de Informações, BR DFANBSB V8.MIC, GNC.GGG.85011122