A imprensa foi alvo da censura durante a ditadura instaurada pelo golpe civil-militar de 1964, que assumiu múltiplas formas: a lei da imprensa de 1967, a censura prévia, em 1970, a autocensura.
Destaques
Entre a ditadura, que não foi um monolito mudando segundo as circunstâncias, e a cultura, extraordinariamente diversa no caso do Brasil e também mutante, as relações foram muito complexas.
A intolerância do regime instaurado pelo golpe civil-militar de 1964 promoveu o exílio de inúmeros brasileiros nas décadas de 1960 e 1970, afastando e eliminando as diferentes gerações que lutavam por diversos projetos: reformas de base, revolução social, redemocratização. Embora distintos, a ditadura trataria a todos com intolerância, retratada pelo conhecido lema: Brasil, ame-o ou deixe-o.
Quando se instaurou, em 1964, a ditadura contou com amplo apoio social, manifestado através das Marchas da Família, com Deus e pela Liberdade e pela adesão de importantes lideranças e instituições nacionais. No entanto, teve que se haver, e reprimir, importantes segmentos, partidários do Governo Constitucional João Goulart e do Programa das reformas de base.
Em dezembro de 1968, a ditadura decretou o Ato Institucional nº 5, o AI-5, concentrando nas mãos do governo poderes quase absolutos por tempo indeterminado.
Jeanne Marie Gagnebin, apoiada em Jean-Pierre Vernant, lembra como o canto poético em Homero tinha a função de manter viva a memória dos heróis e suas façanhas, assim como a estela funerária a memória dos mortos. Não por acaso, em grego, a mesma palavra sèma designa túmulo e signo. Nesse sentido, um e outro têm lugar na luta contra o esquecimento dos que passaram, dos que não serão conhecidos pelos que ainda não nasceram. Ambos,o túmulo e a palavra, desempenhariam importante papel no trabalho de luto. Através dele, é possível lidar com a morte, superar a perda, sem que o passado tiranize o presente e impeça que os vivos vivam suas vidas, aprisionados na lembrança dos mortos.